A
Psicologia do galinheiro e Mahmud Ahmadinejad
Existe
uma antipatia generalizada contra Mahmud Ahmadinejad, 6º presidente do Irã,
em terras a ocidente e a oriente do Oriente Médio.
Essa
antipatia mais recente e popular no mundo ocidental vem de algumas atitudes que
lhe foram atribuídas pela mídia: negando o holocausto, beneficiando urânio que
eventualmente poderá ser usado em armas nucleares, desejo de varrer Israel da
face da Terra, Mahmud tornou-se antipático por seu espírito “violento”. Como
não acredito que um presidente possa ser tão louco, ou desvairado, ou incongruente
como algumas fontes dizem, resolvi pesquisar por conta própria, já que a
política internacional é construída de forma tal que seus ecos, verdadeiros ou
falsos, são transportados pela mídia e nos atacam os ouvidos, normalmente para
nos confundir.
Encontrei
coisas interessantes, e aparentemente, Mahmud ou não bate bem da bola, ou está
querendo agradar a alguém, talvez o povo ou o Ayatolá, como discurso político
para chamar a atenção sobre si mesmo e o regime que representa como qualquer
ditador costuma fazer!
Há
dias li sobre Solano Lopez o presidente paraguaio que em 1864 deu inicio às
operações de guerra contra nada menos que a Argentina, o Uruguai e o Brasil.
Claro, evidente, absolutamente previsível, que perderia a guerra, como perdeu.
Só ele e seu estado maior pareciam não saber, e o povo foi na onda ainda não
sabemos bem porque razão, mas mais provavelmente por medo, já que Solano Lopez
era filho de um ditador também vitalício: Carlos António Lopez. Anos seguidos
de ditadura ensinam o povo a obedecer por medo e a ficar calado sem reclamar.
Muito pior, a aclamar as decisões do governo, tal como acontece na Coréia do
Norte e em Cuba. Será Mahmud um tresloucado como Solano Lopez,
Kim Jong ou Fidel, que perdem a noção das metas de governo e embarcam na
cegueira da revolta contra o “status quo” internacional?
Constatei que Mahmud já foi simpático a nada menos que
George W. Bush quando era presidente dos EUA[1], que o apoiou contra as reformas
do presidente Khatami até 2005, quando Mahmud lhe sucedeu. Este apoio americano
pode ter contribuído para a sua eleição e é muito comum a Washington: Já
apoiaram Bin Laden e Fidel Castro, dentre outros, antes de convertê-los em
inimigos (ou provocar sua ira para que se tornassem inimigos). Fabricar
inimigos pode ser uma excelente reserva futura para geração e explicação
de conflitos, a ponto de ser difícil separar os fundamentos políticos dos
morais e comerciais.
Mahmud foi homenageado e entrevistou-se
em 24 de setembro de 2007, em N. York, com o Neturei Karta International,
conhecido grupo de judeus ortodoxos que contestam o sionismo por julgá-lo
contra os princípios da Torá. Na ocasião, os rabinos enfatizaram a paz e a
amizade seculares entre judeus e muçulmanos, reafirmando o seu desejo de paz
entre os dois povos, rejeitando o sionismo.
A
frase atribuída a ele sobre “varrer Israel do mapa” [2], pode ser interpretada como
“varrer o sionismo” que ocupa Jerusalém ou Israel, que ora entra em negociações
de paz, ora invade as terras em conflito. Existem vários movimentos em Israel
que são contra as ocupações dessas terras[3], e um plebiscito em Israel deve
estar fora de cogitação do governo. È a parte sionista da sociedade israelense
que não se opõe á invasão de terras.
Quanto
à não existência do holocausto, parece haver mais uma conotação anti-sionista
sobre as indenizações que foram pagas ás famílias dos perseguidos por Hitler. Mahmud
pergunta-se se não seria o caso de indenizar também os palestinos que foram
expurgados de suas casas. Não parece que negue definitiva e completamente o
holocausto pelo paralelo estabelecido.
Em
sua vida política, o engenheiro Ahmadinejad ocupou vários cargos e já foi mesmo
destituído de um deles, voltando a ser professor numa universidade. Atuou no
exército iraniano contra os curdos, povo este que é perseguido por iraquianos,
iranianos, turcos. Isto porque as fronteiras estabelecidas na região foram
definidas politicamente e não pela geografia humana: os curdos foram esquecidos
como povo independente, embora jamais tenham perdido a sua identidade.
Foi
dito e posteriormente desmentido, que era descendente de judeu, talvez baseado
no fato de seu pai ter trocado de nome – chamava-se Ahmad
Sabourjian – para evitar descriminação contra famílias rurais, na oportunidade
em que se mudaram de sua terra natal Aradan, perto de Garmsar , para Teerã.
Em
face de uma postura dúbia, com expressões e movimentos inconsistentes,
provocativos ou de assustado que por isso mesmo fala grosso, Ahmadinejad está
transformando-se no inimigo público número um do mundo ao redor do Irã. Temo
que venha a ser um novo Solano Lopez, certamente derrotado, mas com um lugar garantido
num céu virtual cheio de virgens moças e virgens experientes, com muitas
flores, mel, tâmaras e leite de cabra.
No grande
galinheiro da política internacional, que jamais reflete a vontade popular,
quando alguém lança um grão de milho, a correria é geral. Quando o galo assedia
uma galinha faz-se silencio, tudo quieto. Pensou-se um dia que o galo da
política internacional viria a ser a Organização das Nações Unidas, mas esta une-se
apenas contra países pequenos ou médios, e existe o poder de veto... Ninguém
tem dúvidas de que num conflito internacional entre grandes potências, as
Nações Unidas acabem os seus dias, assim como acabou a Liga das Nações antes da
Segunda Guerra Mundial.
Em
política internacional ganha a esperteza, não o confronto direto. Mahmud está com os dias contados, num Irã á beira da invasão internacional. Lutará sozinho no seu galinheiro.
Rui Rodrigues
[1] The new republic, 24 de abril de 2006.A child of the
Revolution takes over. Ahmadinejad's
Demons, por
Matthias Küntzel]
[2] Extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahmoud_Ahmadinejad “”””Em 26 de outubro de 2005, a
IRIB News, uma agência de notícias estatal do governo iraniano que transmite em
inglês, controlada pela Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB),
arquivou uma discurso de Ahmadinejad para a conferência "World
Without Zionism" na Ásia, intitulado: Ahmadinejad:
Israel must be wiped off the map.[14] A história foi divulgada pelos meio
ocidentais e rapidamente se tornou um assunto muito comentando em todo mundo.
Muito meios
de comunicação repetirão a afirmação da IRIB de Ahmadinejad como "Israel
deve ser varrida do mapa",[15][16] em português isso significa "causar o
fim de um lugar",[17] ou "apagar completamente",[18] ou"destruir completamente".[19]
A frase de
Ahmadinejad foi "بايد از صفحه روزگار محو شود" de acordo com o texto
publicado na página do escritório presidencial.[20]
A tradução
apresentada como oficial pela IRNA foi
contestada por Arash Norouzi, o qual disse que a afirmação "varrida do
mapa" nunca foi feita e que Ahmadinejad não se referiu a nenhuma nação
ou região de Israel, mas ao "regime ocupando Jerusalém".
Norouzi traduziu o original persa para inglês, com o resultado, "o Imam
disse que o regime que ocupa Jerusalém deve ser desaparecer (ou dissipar-se) da
página do tempo."[21] Juan Cole, um professor de história do
Oriente Médio moderno e sul da Ásia da Universidade de Michigan, concordou com
a tradução para a frase como, "o Imam disse que o regime ocupando
Jerusalém (een rezhim-e eshghalgar-e qods) deve [desaparece da] página do tempo
(bayad az safheh-ye ruzgar mahv shavad).[22] De acordo com Cole, "Ahmadinejad não
disse que ele iria 'varrer Israel do mapa' porque não existe esse tipo de
expresão em persa." Alternativamente, "ele disse que esperava que
seu regime, i.e., um estado judeu-sionista ocuapando Jerusalém, poderia entrar
em colpaso."[23] O Middle East Media Research Institute (MEMRI)
traduziu a frase similarmente, como "esse regime" deve ser
"eliminado das páginas da história."[24]””””
[3] Ver Machsomwatch,(http://www.machsomwatch.org/en (tem versão em inglês)