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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Paris é uma saudade

Paris é uma saudade 



Arlette ainda é uma “buraliste” na França, nestes idos do começo dos anos 10’s. Mais precisamente em Bout-du-Pont, uma pequena vila na estrada E-30 que liga Toulouse a Bayonne, um pouco antes de chegar a “Pau” [i], quase em frente à estrada que chega de Lurdes, o santuário cristão.

Os franceses- e principalmente as francesas – sempre tiveram bom gosto. Bom gosto deve ser o nome de um gene fantástico que ainda não descobrimos no genoma humano. Eles são bons de nariz e preparam pratos fantásticos, fazem excelentes perfumes, pintaram quadros fabulosos, ditam moda, as mulheres são doces e sensuais. No tempo da corrida do Ouro para o Oeste dos EUA, muitas fizeram as delícias de cowboys broncos dançando o can-can, eles sempre armados, e muitas delas, as dos “saloons” [ii], se fizeram passar por francesas. Fizeram a Revolução francesa, mas falharam. Tentaram conquistar toda a Europa incluindo a Rússia e falharam. Na primeira e na segunda grande guerras foram invadidos facilmente, mas preservaram as suas obras de arte. Em termos bélicos deixam a desejar, o que é perfeitamente compreensível. Quem ama a arte e a beleza não pode ser a favor de guerra nem que seja para se defender. Narciso passou por lá e se estabeleceu. Criou raízes, espalhou genes sobre os celtas e criaram o povo Franco.  




Buraliste é o dono ou a dona de uma tabacaria, um quiosque onde se vendem cigarros, cigarrilhas, charutos, isqueiros, artigos correlatos. Meu tio ainda não fuma e meu pai nunca fumou e já nem poderia se quisesse. Faleceu de câncer com o pulmão limpo. Eu morrerei de “não sei de quê”, a doença que mais promete matar neste planeta. As dificuldades para a manutenção de tabacarias foi tão grande em todo mundo, com impostos altos sobre o tabaco, que a maioria fechou. Arlette,  a moça da ultima tabacaria de Bout-du-Pont já sofreu pressão por gente à mão armada para fechar a tabacaria, já lhe jogaram spray de pimenta nos olhos. Se os impostos sobre as drogas fossem tão altos, não haveria tantas drogas à disposição no mercado. Se dissessem que existe uma guerra entre o tráfico de drogas e os fumantes para que estes passem a tomar drogas em vez de fumar, eu acreditaria. E teria que acreditar que as leis de aumento de impostos sobre o tabaco foram votadas por simpatizantes de quem promove o uso de drogas e para isso precisa restringir o uso do tabaco.


Já pedi em tabacarias muitos maços de 3-20’s em Lisboa, português suave, CT, LG, em Paris, os Gauloises – tabaco mata-rato sem filtro – Camel e Marlboro nos USA, Chesterfield, Flying Dutchman quando fumava cachimbo, Lucky Strike, Pall Mall, Raleigh e “Craven A” que Titá, ou Maria de Lurdes, a mãe de um amigo me disponibilizava de vez em quando, sempre que os meus acabavam, lá em Lisboa. Continental, Minister, LM  e outros no Brasil. Hoje vejo crack pelas ruas, cheiram-se fileiras de cocaína em escritórios, repartições públicas, festas. Encontram-se seringas descartáveis jogadas em canteiros de flores. A “luta” contra as drogas não é uma luta. Parece mais uma conivência.

Festas... O que Ernest Hemingway estaria querendo dizer quando lançou o livro “Paris é uma festa”?  Certo... Ele suicidou-se, mas não foi pelas festas de Paris, nem pelos dias passados em Everglades e não tinha nada a haver com o hábito de fumar. Fumar hoje é um ato inibido e tímido, secreto, não compartilhado, segregado, um ato solitário praticado em casa. Há muita gente que nem sai para as festas: Não usam crack nem outras drogas. Simplesmente parece “feio” fumar a céu aberto na frente de tanta gente drogada.
Mas naqueles tempos em que o futuro presidente da república dos EUA, Ronald Reagan, ainda fazia saudáveis e descontraídas propagandas de cigarros, apanhei um comboio na Estação de Santa Apolônia, em Lisboa, uma santa de quem sempre ouvi falar por causa da Estação de trens, mas que nunca soube por que foi santa. Ainda há cerca de dez milhões de portugueses por lá, dentro das fronteiras, mas acredito que se houver uns vinte que saibam quem foi a Santa Apolônia (deve ter sido uma mártir no tempo do Império romano que morreu sem nunca ter fumado), sou capaz de ganhar a aposta. Aos Estados nunca importa de que se morre realmente. Importa que se morra depois da idade de pagar todos os impostos e ter que vender parte do patrimônio para poder pagar os impostos do que lhe restou. 
Por isso, morrer de tabaco ou de cocaína ou crack dá no mesmo, mas as drogas rendem muito mais do que o tabaco. O custo das doenças decorrentes é o mesmo. Creio até que os estados gastam mais com doenças provenientes de drogas do que com doenças provenientes do tabaco.  Alcoolismo mata muito mais... Gases dos escapamentos de motores de aviões, automóveis, barcos barcaças e embarcações muito mais ainda...
Mas naqueles tempos apanhei o trem, ainda a vapor, dos últimos, e lá fui para Paris.
Depois, com uma fumante americana inveterada, que conheci nas minhas andanças pela cidade, talvez tenha sido no Jardim das Tulherias, no Louvre, ou em Montmartre, fiz uma viagem até Bayonne só para acompanhá-la. Foi a primeira vez que vi uma vagina fumar por conta de sua habilidade no pompoarismo. 
Com um programa daqueles nem me passou pela cabeça passar em Lurdes para ver como era o santuário. Só não casei com ela porque naquela oportunidade eu ainda pensava que se ela fazia isso comigo era porque tinha muita experiência e quanto mais virgem fosse uma mulher, mais fiel ela seria. Já conheci muita gente que quebrou a cara por causa desse lamentável pensamento. Homem (e mulher) sempre pegamos quem estamos afim, tudo dependendo de engenho e arte. O resto arranja-se. Então, na volta paramos em Pau [iii]. Paramos numa tabacaria. Compramos alguns pacotes de cigarros e colhemos informações sobre a cidade, lugares, restaurantes. Havia uma moça linda e simpática na tabacaria. Seria Arlette? Não sei dizer, mas é bem possível que fosse. Nessa época, 1961, os franceses eram muito atenciosos, simpáticos e sorriam muito para turistas, principalmente se fossem americanos. Depois se socializaram sem entenderem muito bem o que isso significa. Talvez achem que seja uma recaída da queda da Bastilha, mas com tanta gente que leva uma vida de Maria Antonieta e seu rei também guilhotinado, é bem possível que estejam dando uma interpretação diferente para o que possa ser “socialismo”, mas algo bem diferente do “semculotismo” [iv]. Depois de informados, fomos até um barzinho. Tomamos vinho acompanhado de tira-gostos [v] e fomos para a cama do hotel com duas garrafas mais de vinho. Dormimos o resto do dia a caminho de Paris, de óculos escuros. Imaginei se um dia aguentaria sete noites por semana quando casado passando a noite toda transando. E se a mulher gostasse assim? Ou ela me trocava por outros ou teria que dar no couro todos os dias a 100 por cento de eficiência. Eu não casaria.


Não sei se a americana algum dia se casou, e muito menos se contou para o marido sua aventura em Paris. Quando a conheci me disse que estava passando férias, mas que tinha que ir a Bayonne para receber um envelope que tinham deixado para ela num escritório. Não fiz mais perguntas por que nosso caso era só “um caso” e não saber da vida um do outro. Agradeci a satisfação de me dizer por que ia a Bayonne e que não achava justo me pagar as passagens. Declinei de receber. Seria um prazer ir com ela. Em Bayonne me largou por uma meia hora numa praça. Voltou com o envelope e meu cérebro computou isso. Assunto fechado, ela falava a verdade. Quando chegamos a Paris, na volta, nosso romance de quatro dias terminava ali, no aeroporto. Disse-me que teria de viajar para Londres. Levei-a até o aeroporto de Orly porque eu ainda ficaria por lá um par de dias. Demos os últimos beijos. Pensamos em transar ali mesmo, mas nenhum de nós estava preparado para o vexame de sermos descobertos e levados às autoridades francesas. Eles eram muito chatos, cricris, não pediam propina e eram tremendamente inquisitivos. Depois nos passavam uma multa que éramos obrigados a mostrar na fase de apresentação de documentos na fiscalização ao sair do país. Ela embarcou.
  
Na saída, ao passar por uma banca de livros e jornais, comprei um livro: “O espião que saiu do Frio”, do John Le Carré. Foi então que associei a ida a Bayonne, o envelope e minha linda americana morena. Seria ela uma espiã que me tinha usado para disfarçar sua estadia em Paris? Se for, estou louco para voltar a conhecer uma espiã americana ou russa, que passe aqui pelo Rio de Janeiro e que tenha um envelope para receber em Cabo Frio. Se isso algum dia acontecer, será em sonho, porque minha idade só permite sexo de alguns minutos. Depois toca a dormir. E só no dia seguinte se engatilha a arma para disparar outra vez. Com muita sorte dispara-se duas vezes no mesmo dia, mas antes temos que ir à praia, almoçar e tirar uma sesta...

Paris é uma saudade e só resta uma tabacaria em Cabo frio. Há bairros recheados de drogas, possivelmente sem crackaria ou sem “drogaliste” onde possa haver uma linda e simpática moça para nos atender. Quase todos os restaurantes têm vinho que poucos pedem. Moças bonitas, isso até há... Todas de carne e osso pensando um dia poder ir a Paris. Quando a moda era consumir cigarros, fumava-se. Agora a moda é outra.  



® Rui Rodrigues




[i] Pronuncia-se “Pô”
[ii] Já naquela época se fazia o “ménage a trois” e até a “quatre”. Havia cowboy bimba usando colt 48 e cowgirl que calçava 45, e atirava como ninguém, como Calamity Jane, que usava botas, vestia calças, coçava o saco e cuspia tabaco mascado.  
[iii] Como já disse antes se lê Pô...
[iv] A Revolução francesa que pregava “liberdade, igualdade, fraternidade” foi iniciada pelos “sem culotes”, ou seja, sem uma peça de vestuário que se usava por cima das calças e que era coisa de gente rica. Os sem culotes eram gentes pobres, como nos dias de hoje, gente caipira, da roça, que reclamavam pão. A rainha teria dito para comerem brioches, bem mais caros.  É claro que logo no dia seguinte á revolução, retirado o rei do trono, o poder ficou vago e não foi o povo que tomou o poder. Eles continuaram séculos “sem culotes”. Agora que já têm culotes vai ser difícil a liberdade, igualdade e fraternidade para todos. Pararam de reclamar isso. Agora uns são ricos e outros fingem alegres que são. Bom exemplo para toda a humanidade.
[v] Tira-gosto – nome ridículo de coisas gostosas cujo gosto sempre queremos preservar por ser muito saboroso, gostoso. Melhor seria chamar de “guarda-gosto”. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Encontros vagos em duas cidades frias.

Encontros vagos em duas cidades frias.



Mal ouviu tocar o despertador já estava fazendo a barba, entrando no Box, tomando um banho de chuveiro, muito sabão e muita espuma do xampu, a água escorrendo em vapores e se perguntou por que tinha tanto cabelo se ontem já lhe rareava quando se olhou no espelho. Ouviu o despertador tocar novamente mas estava certo de que o tinha desligado com um tapa certeiro na parte superior mesmo sem ter feito pontaria. Era um daqueles despertadores mecânicos, velho, que parecia um enorme rosto gozador, cheio de horas, duas orelhas de campainha, uma voz irritante e contínua de carro de bombeiros. Já vestia as calças quando foi despertado por mais um toque que não suportou. Abriu os olhos. Olhou a mesa de cabeceira e pulou da cama de um salto. Estava atrasado. Tinha que fazer a barba, tomar banho, arrumar-se e sair de casa. Tinha um encontro às nove. 

Demorou a ter consciência plena de quem iria encontrar e por que. O que estava preparado para ouvir, o que tinha a dizer. Já ia entrando no elevador quando a consciência chegou tão atrasada quanto ele: Esquecera o documento que analisara na noite anterior sobre a mesa da sala de jantar. Colocou a pasta no chão, abriu-a, tirou as chaves do quarto, e largou-a junto ao batente da porta do elevador para que não perdesse a viagem. Entrou, pegou o papel, olhou com nojo a garrafa de vinho com dois dedos de um líquido grená escuro e  apanhou a pasta, abriu a porta do elevador e desceu. Pensou se não esquecera mais nada, e chegou à conclusão que nada de importante tinha esquecido. Galgou a rua fazendo sinal para o primeiro táxi que passava. Estava cheio. Santiago do Chile era uma cidade como outra qualquer em dias como aquele: Cheia de prédios, cheia de ruas, cheia de táxis cheios, fria, a cordilheira ao fundo da paisagem dizendo que o Chile acabava ali mesmo, no horizonte do olhar. A humanidade ativa é um relógio cheio de segundos.

Já no táxi veio-lhe à lembrança que havia em seu apartamento uma mulher. Não sabe exatamente o que aconteceu com ela, porque não a viu quando acordou. Nem se lembrava do nome. Tentou resgatar a sua imagem, que roupa vestia, se era loura ou morena, e finalmente, após pensamentos misturados entre imagens de mulheres e os temas do encontro das nove, finalmente recordou. Quando o taxi parou em frente à porta do escritório na Avenida Apoquindo, viu-a passar loura, pela portaria, cabelos louros saltando-lhe sobre os ombros a cada passada firme, pernas esguias, curvas bem desenhadas. Embora longe sentiu-lhe o perfume. Ela chegaria ao elevador antes dele. E daria a notícia: A empresa perdera a concorrência. Aparentemente o teor da proposta que tinham apresentado era o da empresa concorrente, maquiado ligeiramente, com preço ligeiramente menor. Quem teria passado a informação para a concorrência? Todos questionariam, todos na empresa ficariam indignados, mas o chefe do escritório jamais levaria adiante as investigações. Depois tudo seria esquecido e ninguém seria demitido. Lá longe, os donos da empresa também se indignariam... E daí? Eles concordariam que era melhor não levantar a lebre no mercado. Se houvessem “evidências” apontariam certamente para alguém inocente. A reunião transcorreu normalmente. Ninguém se impressionou. Nem com o pequeno terremoto que fez o prédio balançar como se fosse cair enquanto a neve realmente caía silenciosa e devagar do lado de fora das vidraças das enormes janelas do prédio de escritórios. 



Para ir de Bogotá a Cali, muito longe a norte de Santiago do Chile, os aviões sobem suavemente a cordilheira dos Andes logo na saída do aeroporto. Parece que não desgrudam da paisagem, porque a cordilheira é inclinada, quase com o mesmo ângulo de subida dos aviões, mas quando passam pelo topo da cordilheira pode ver-se lá embaixo, na fronteira com o mar, os prédios as avenidas da cidade de Cali. Então o piloto abre os flaps, e o avião desce em queda quase livre como se fosse um elevador. Nem treme, como se fosse uma pena, algo parecido com a pena que cai no filme do Contador de Histórias, “Forrest Gump”, quando Tom Hanks está sentado no banco de jardim com sua caixa de bombons. Mas só em dias de vento forte na cordilheira. A linda morena de olhos verdes confortavelmente sentada na cadeira junto à janela não entendia porque aquele avião balançava tanto se o céu estava tão azul claro, sem nuvens. Logo chegariam a Boise, Idaho, nos EUA, onde as avenidas parecem mais largas do que a cidade. O rapaz sentado a seu lado viu-a suspirar, Olhavam a paisagem lá embaixo, parecendo que a terra era completamente verde, cheia de rios, sem casas, sem prédios, sem cidades. Depois passaram pela cordilheira das Montanhas Rochosas. Montanhas e neve, neve e montanhas. Como poderiam dizer que não havia mais espaço para plantar, que não havia água no planeta? Os dois olharam mais uma vez para os passageiros que lhes estavam mais próximos. Ninguém conhecido. Era um casal discreto. Ela olhando a paisagem, ele lendo um livro. Nenhum gesto especial de carinho. Não haviam trocado mais do que meia dúzia de palavras durante toda a viagem. Ninguém poderia afirmar se eram casados, namorados, conhecidos, ou simplesmente corteses um com o outro de volta a seu país depois de uma viagem de negócios ao exterior, talvez regressando de umas férias. Passaram pela alfândega do aeroporto. Ela passou diretamente. Ele teve sua maleta vistoriada. Ao abrir havia apenas um par de óculos, um palmtop, um contrato de trabalho com uma empresa conhecida com sede na cidade, uma máscara de olhos para dormir no avião, uma máquina de barbear, um livro, um par de meias e uma cueca, uma reserva de hotel e um despertador daqueles antigos, mecânicos, de orelhas de campainha. Na manhã seguinte, mal ouviu tocar o despertador já estava fazendo a barba, entrando no Box, tomando um banho de chuveiro, muito sabão e muita espuma do xampu, a água escorrendo em vapores e se perguntou porque tinha tanto cabelo se ontem já lhe rareava quando se olhou no espelho. Ouviu o despertador tocar novamente mas estava certo de que o tinha desligado com um tapa certeiro na parte superior mesmo sem ter feito pontaria. Era um daqueles despertadores mecânicos, velho, que parecia um enorme rosto gozador, cheio de horas, duas orelhas de campainha, uma voz irritante e contínua de carro de bombeiros. Já vestia as calças quando foi despertado por mais um toque que não suportou. Abriu os olhos. Olhou a mesa de cabeceira e pulou da cama de um salto. Estava atrasado. Tinha que fazer a barba, tomar banho, arrumar-se e sair de casa. Tinha um encontro às nove. De passagem pela pequena sala do hotel olhou para uma garrafa de vinho sobre a mesa. Teve ânsias de vômito. Demorou a ter consciência plena de quem iria encontrar e por que. O que estava preparado para ouvir, o que tinha a dizer. Saiu para o elevador carregando a maleta. Pegou um táxi. Quando chegou à porta de entrada da empresa, ela já estava lá. Via-a agora com seus cabelos morenos saltando-lhe sobre os ombros a cada passada firme, pernas esguias, curvas bem desenhadas passando pela portaria com sua maleta.
Na sala do presidente da companhia eram esperados por um pequeno comitê de advogados e pelo dono. Nada mais do que quatro deles. 



As duas maletas, a dele e a da morena, foram colocadas sobre a grande mesa de reuniões. Duas facas apareceram nas mãos de dois dos advogados, sem esperarem apresentações, ou frases de boas vindas. Só o dono os agraciou com um sorriso, portando na mão duas caixas de bombons das grandes. As facas rasgaram cuidadosamente as maletas ocas em pontos estratégicos. Diamantes mergulhados em pó de ouro derramaram-se sobre a mesa. Os dois outros advogados se encarregavam de recolher o pó de ouro, pesá-lo e dividi-lo em pacotes. Os diamantes eram separados por tamanhos em quilates. O total das duas maletas era uma fortuna. Uma fortuna trocada por três volumes de uma proposta perdedora. Na caixa não havia bombons. Havia duas pequenas fortunas em notas do tesouro nacional embrulhadas agora em papel de presente. O dinheiro dos envelopes seria gasto em separado de modo vago.  

® Rui Rodrigues  



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Santiago Andrade,Crônica de uma morte anunciada

Crônica de uma morte anunciada por sininho




Toca o sino e não é de Belém, nem é Natal, nem em Natal.. Sininho dá alerta, é safa, arranja advogados, e não é amiga do Peter Pan... Pelo contrário, já esteve na Disney, viu toda a gente com dinheiro por lá, e não gosta muito de quem tem dinheiro. Prefere conseguir o poder aliando-se a poderosos. 

Então avisa como vão as coisas como uma Rosa de Tóquio embora a guerra não seja mundial. É uma guerra particular pelo poder de distribuir verbas quando se chega ao poder, ou receber verbas quando se aliam ao poder. 

Quem atrapalha tudo isto são os jornalistas, porque nada nem ninguém sabe de nada. Só quando acontece. Polícia não sabe, políticos não sabem, a presidência está alheia... Sua preocupação é a reeleição para poder distribuir verbas pelos amigos. 

Então avisa não um, mas dois... O que sabe lançar não tem rojão, o que tem rojão é meio idiota, raciocínio lento, medroso e não pode lançar. Encontram-se os dois e acendem juntos o rojão. Ali perto, alvo escolhido, um jornalista, nada mais que um jornalista, faz o seu trabalho... E não é nem a favor nem contra o PSOL, o PT, ou seja que partido for... Ele não foi à Disney... Talvez não soubesse quem era Peter Pan nem Sininho, e nem esperava presente de Natal porque não era.

O rojão é aceso pelos dois, e lançado. O jornalista morre ! Deixa mulher e filhos. O que tinha o rojão mas não podia lançá-lo apresentou-se à polícia certo de ser solto, ter bons advogados, garoto espéerrrto, a condenação seria do tipo "sai na urina"... 

E agora, como ficamos, se temos no Congresso votando leis, mais de duzentos congressistas com pendencia na justiça? 

E agora, como ficamos ???? Fica assim, por isso mesmo, com a omissão da Ministra dos Direitos Desumanos, com seus olhos azul de brilhantes, um gordo salário e a obrigação de atender à confiança para a qual foi indicada? 

O povo responderá... Não só nas ruas como nas urnas... Podem ter certeza!

O povo espera que se faça JUSTIÇA, e que os congressistas com pendencias no senado saiam até que provem a inocência.. 



₢ Rui Rodrigues

domingo, 9 de fevereiro de 2014

BBB - As novidades e o ceticismo no futuro.

BBB - As novidades e o ceticismo no futuro.

Novidade é uma notícia sobre algo que se desconhecia como por exemplo um invento, uma moda, uma nova história, uma nova mulher, om novo homem. Conhecer uma cidade diferente, um costume. Coisas do gênero. E para isso é necessário um inventor ou um contador de histórias, e quase sempre um público a quem se apresenta a novidade. Depois as notícias das novidades correm de boca em boca, forma-se uma, duas, três, muitas opiniões, aparecem grupos de debate, gera-se polêmica, e isto é audiência. Se você quer vender uma ideia, um produto, e consegue vencer todas estas etapas até gerar polêmica e audiência, então venderá sua ideia, seu produto, sua peça de teatro, seu partido, poderá ser um presidente ou uma presidente de uma república. Brasil é um bom lugar para isto. Mas parece haver limites quando se pensa em moral e ética.  



O povo de Israel andava perdido no meio do deserto do Sinai depois de terem vivido milênios no seio do povo egípcio. Fugiram ou foram expulsos, isso não importa no momento, mas sabe-se que vagaram no deserto e tinham um grave problema de identidade: Deveriam perder seus laços afetivos com o povo egípcio, ter seu próprio Deus, único, diferente de todos os demais e o monoteísmo não era novidade. Moisés então subiu ao monte Sinai e de lá trouxe duas tábuas com cinco mandamentos em cada uma. Era a primeira constituição do povo de Israel. Uma novidade em meio a muitas outras, como a novidade do Maná [i]. O maná é o nome de uma seiva produzida pelo tamarisco [ii]de maná, existente no deserto do Sinai, e que um tipo de inseto costuma chupar. Esta seiva cai no chão em forma de esferas pequenas e doces. Uma novidade que alimentou o povo de Israel por cerca de quarenta anos no deserto. 

O povo de Israel não conhecia este tipo de alimento e em sua língua, ao vê-lo disseram: “Man hu’ ” que significa “ o que é isto”. Cristãos, interpretaram este fato milênios depois como se o Maná tivesse caído do céu em flocos. Um milagre. Para o povo judeu foi apenas uma novidade. O fato é que durante mais dois mil anos, para os fiéis cristãos isto foi um milagre. Podemos assim medir o alcance, o poder de uma novidade ao longo dos séculos. O Maná ainda existe, o povo judeu já atravessou o deserto, e talvez 99 por cento do povo cristão ainda crê que o maná apenas caiu no deserto do Sinai durante quarenta anos do Êxodo. 
Esta longevidade do milagre do Maná só foi possível pela invenção de Gutenberg ao inventar a impressão por tipos móveis por volta de 1439. Imprimir em páginas de papel tornou-se fácil e relativamente barato. Estava inventado o livro impresso e a Bíblia, o primeiro deles, correu mundo, tornou-se popular, gerou audiência, gerou cismas, porque muita gente agora podia ler a Bíblia, questioná-la. A informação sobre Deus saíra da arca da aliança para a interpretação do mundo.

Histórias, novas religiões, canções de bardos, peças de teatro grego, eram novidades durante algum tempo. Depois caíam no esquecimento geral quando se tornavam tão conhecidas que “ninguém mais falava a respeito”. Novidades servem também para serem faladas, transmitidas, de forma a estabelecer uma paridade entre humanos: “Eu já assisti, tu ainda não, logo eu sou algo mais que tu porque tenho uma vantagem sobre ti” Já não se fala de muitas lendas e talvez em casa nenhuma se conte a história do “bicho papão” para que as crianças façam o que os pais mais querem no momento: Que elas comam a sua pequena refeição. E provavelmente pais extremados ainda fazem “aviãozinho” com a colher para que a criança coma mais uma colherada. Este gesto era impossível antes dos irmãos Whrigt e de Santos Dumont, mas em muitas casas já se usa o “foguetinho” e o “transbordador espacial” para incentivar as crianças a comerem mais uma colherada.



Na televisão, o segundo instrumento mais interessante da inventiva humana nos últimos cem anos – o primeiro é o computador e a net – há sempre novidades. Sem novidades ninguém liga esse instrumento, ninguém senta no sofá e usa o comando sem fio para mudar de canal, sempre em busca de novidades, coisas diferentes, notícias diferentes. É para os canais de televisão que o dinheiro ainda corre, porque entre uma novidade e outra, apresentam um comercial para faturar. Sem faturamento, as empresas morrem, liquidam-se, falem. Isso não seria nada bom, porque ficaríamos sem essa diversão, esse entretenimento agora quase indispensável. Empresas devem ter lucro. O problema é "como"... 

Mas antes de seguir adiante neste devaneio sobre as novidades e seus efeitos no compartimento lúdico, no religioso, comercial, moral, ético ou em qualquer outro lugar de nosso cérebro, há que tentar verificar se não há limites para nada, ou se há só para algumas coisas, ou se sim, há limites...

Imaginemos então uma taça enorme de vidro cheia de bombons. Tira-se um, depois outro, e al fim de algum tempo mais ou menos previsível em função da família que temos ele ficará vazio... Não se poderá tirar mais nenhum daqueles bombons. Se em vez de uma taça de bombons fosse uma garrafa de vinho, seria impossível tomar todo o vinho, completamente, porque sempre ficaria uma meia dúzia de gotas que não conseguiríamos extrair, mas meia dúzia de gotas não dá nem um gole. Só cheiro. Estes dois exemplos são apenas físicos, sem muita imaginação: Taça com bombons, taças de vinho que esgotam a garrafa. Depois de esgotadas, não há novidades. Só se voltarmos a encher.



Mas que tal quanto ao sexo?  Sexo é também algo físico, mas que tem um poder fantástico com a imaginação. A imaginação potencializa o sexo, dá-lhe novas propriedades, é uma fonte de novidades. Minha preocupação é se sexo terá limites. Limites tem principalmente por causa da idade, mas é puramente físico. Em termos de imaginação, em termos de imaginação, o filme “Barbarella” [iii] lá dos idos dos sessenta (1968) já nos dava uma ideia de até onde a nossa imaginação poderia ir: Bastava esfregar a nossa mão na mão da mulher amada e um milhão de orgasmos fantásticos, tântricos, paradisíacos brotariam em nosso corpo envolto já em fumaça perfumada de deusas e pitonisas. Isso todos os dias não deixaria ninguém disposto a ir trabalhar, doido para voltar para casa e encontrar a Jane Fonda ou a Paula Fernandes [iv].

Não há muitas novidades atualmente em termos de sexo. As maiores barreiras já foram ultrapassadas, demolidas, e em algum lugar que tenho bem delineado no canal do bom senso, as novidades sexuais deveriam ter limites para exposição ao público, já que as barreiras que impedem o acesso a crianças não são nem podem ser controladas. Crianças devem ser protegidas de mal entendidos para os quais não estão preparadas e ninguém as pode preparar de um dia para o outro porque estão em formação. Enquanto os pais dormem elas podem ligar a TV, o computador, e podem achar normal para uma criança de quatro a cinco anos, a normalidade a que assistem na TV ou no computador. Ver os pais dando beijos quentes, ou os dois se abraçando deitados no sofá, pode não ser coisa do quotidiano, mas acontecendo, há o apoio moral dos pais que podem explicar muita coisa. Assistido a sós, cenas podem não chocar crianças, e certamente não chocarão, mas despertarão o desejo de agir de igual forma porque são muito “interessantes”...

Sexo, adultos e criancinhas não combinam... Existe a sexualidade infantil, sim, sabemos disso, mas adultos e crianças na mesma cena de sexo é crime. Dirão: Ah... Mas nas cenas do BBB não há crianças... Claro.. Mas é que não querem ver a cena real de uma criança de quatro anos frente a uma TV ou a um computador enquanto os pais dormem, assistindo a cenas normais de sexo implícito com gente quase nua, posturas sexuais normais, sexo “aplícito” debaixo de cobertores.



Qual o limite para disputas de audiência, faturar mais uns bons trocados? Qual será a próxima novidade? Mostrar sexo infantil? Mostrar cenas de pedofilia dirigidas por diretor crack de comunicação?

Sejamos então progressistas e admitamos as novidades sem controle. Que tal a abertura de todas as contas de todas as empresas, de forma pública, para sabermos de onde lhes vem o dinheiro, para onde lhes vão os lucros, como se fazem artistas se é por mérito ou por serem filhos de artistas, quais as políticas e diretrizes que regem as emissoras de televisão, ainda mais quando recorrem a verbas públicas, dinheiro cidadão, repassado sem as autorizações necessárias dos verdadeiros donos: A nação brasileira...Perguntemo-nos: O que é realmente "liberdade sexual" ? È necessário que se atente para o fato que quando uma criança vê cenas sexuais em livros que lhe são "proibidos" ou escondidos, ela tem noção pelo menos de que "ainda é cedo" ou não está acessível para ela, mas quando as cenas lhe invadem o quotidiano, passa a ser normal e a proibição dos pais uma idiotice "deles"... Fruto de uma "credibilidade" que a emissora tenta passar.  



Qual será a novidade das emissoras de televisão e dos programas apensos a páginas da net no futuro? Nem todos os modernismos podem ser novidades convenientes.

Plim.. Plim..

©Rui Rodrigues






sábado, 8 de fevereiro de 2014

Análise do contrato cubano para médicos

Breve análise do contrato de trabalho da médica cubana Ramona Matos Rodríguez


O contrato dos médicos cubanos é assinado pela empresa “Sociedade Mercantil cubana comercializadora de serviços médicos cubanos S.A” (CSMC S.A.). O contrato é subscrito pelo Ministério da Saúde Pública de Cuba com cada um dos médicos enviados ao Brasil.  

Entidades envolvidas:

·        Ministério da Saúde Pública de Cuba
·        Ministério da Saúde do Brasil
·        CSMC S.A.
·        Organização Pan-americana / Organização mundial da Saúde para a Ampliação do Acesso da População brasileira à atenção básica de saúde.
·        A Missão Médica Cubana no Brasil
·        Unidade de Colaboração Médica em Cuba
·        Brigada Médica Cubana no Brasil
·        O médico contratado

Documentos, leis, contratos mencionados no Contrato particular entre a CSMC e o contratado.

·        O contrato em si
·        O acordo entre o Ministério da Saúde de Cuba e o do Brasil
·        O acordo entre o Ministério da Saúde de Cuba e a CSMC
·        O acordo entre a Organização Pan-americana e a Organização Mundial de Saúde
·        As leis brasileiras, que pressupõe o conhecimento das Normas da Ordem dos Médicos do Brasil.
·        As leis brasileiras
·        As leis cubanas

Considerações à luz do contrato

(há que ver se os contratos estão devidamente legalizados no território brasileiro e se estão sendo fiscalizados pelos órgãos competentes ou se há omissão, caso contrário, o estabelecido em suas cláusulas é nulo)

1.      Falta no corpo do Contrato uma cláusula de Precedência segundo a qual deve ficar estabelecido que documentos prevalecem sobre os demais. Por exemplo, para trabalhar no Brasil, as leis brasileiras prevalecem sobre as leis cubanas.
2.      Prevalecendo as leis brasileiras, como devem prevalecer, cada médico deve contribuir ao estado com os impostos decorrentes e tem direito, por exemplo, a décimo terceiro salário.
3.      Um erro crasso nota-se na ultima clausula, em 4.1, onde, para dirimir causas não resolvidas de comum acordo entre as partes (A Contratante, a CSMC e o profissional contratado) é aceito pelas partes o foro de La Habana em Cuba, segundo uma lei estabelecida na República de Cuba para profissionais que trabalhem no exterior. Ora o foro tem que ser brasileiro por se submeterem às leis brasileiras e não cubanas. O foro normalmente é aquele onde a empresa contratante, a CSMC tem escritórios em território nacional. Não sabemos se a CSMC abriu filial no Brasil, e para isso deve submeter-se a varias leis nacionais, incluindo pagamento sobre os lucros. Estes parecem ser altíssimos, visto que a empresa apenas deposita uma pequena parte do salário do profissional no Brasil e outra em Cuba. O restante ou é repassado pela CMSC a terceiros ou é lucro bruto em território brasileiro.
4.      As responsabilidades são “tênues” entre as partes, visto que cabe à CMSC pôr o contratado a par das suas obrigações em território brasileiro segundo as leis deste país. A não haver documentos escritos, o profissional pode alegar que não tinha particular entendimento por omissão lapso ou erro de informação, a CMSC afirmar que o contratado foi perfeitamente informado.
5.      Há informações que indicam que cada médico cubano disponibilizado ao abrigo de contrato entre Brasil e Cuba através de seus ministérios da Saúde, recebe mensalmente o valor de Reais $ 10.000. No entanto, destes 10.000 reais sabe-se que cada profissional recebe no Brasil, o “correspondente” a 50 CUC [i], mais um depósito correspondente a 600 dólares americanos.  Em Cuba, é depositado em conta de poupança, o correspondente a 400 dólares. Ambos estão sujeitos à valorização ou desvalorização do dólar. Na verdade, este é um contrato em três moedas, já que ao chegar a Cuba, o profissional tem que trocar CUC por CUP, outra moeda cubana de paridade com o dólar. Não se encontram CUCs em Cuba. Usa-se o CUP.
6.      Pelas cláusulas 1.g e 1.j, pode constatar-se que o profissional tem um tipo de contrato em dólar segundo o qual recebe mensalmente cerca de 2.400 reais em contas controladas pela própria CMSC e esta o restante, ou seja 7.600 reais mensais. É característico de exploração de mão de obra, e se, por qualquer motivo esta empresa não quiser ou não puder pagar o devido a seus “empregados”, estes teriam que recorrer à justiça de Cuba.
7.      Há formas mais simples e legais de contratar. O contrato parece uma teia onde fica difícil aplicar leis quer em Cuba, quer no Brasil. O empregado parece a parte mais frágil, como se fosse um escravo que de fato é. Um escravo da CMSC, ou do governo de Cuba, ou do Brasil, tendo como avalista, a Organização Pan- Americana de Saúde e a organização Mundial de saúde, não se sabendo se a Organização Mundial do Trabalho teve conhecimento prévio deste tipo de contrato.
8.      É mister que se traga a público, pela gravidade da situação, os textos dos acordos entre as entidades nacionais e internacionais mencionadas no corpo do contrato entre a CMSC e cada médico cubano.


Este tipo de contrato parece, em decorrência do exposto nulo e ilegal perante as leis brasileiras porque as fere, e perante as leis internacionais porque prova textualmente trabalho escravo. Deve ser revisto para ter fé pública e dar aos trabalhadores cubanos os seus direitos segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), omitida aparentemente pela própria Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-americana. Além disso não se sabe se, por exemplo, a brigada médica cubana no Brasil está devidamente legalizada, e quais suas funções específicas.  

₢ Rui Rodrigues







[i]  Circulam duas moedas em Cuba: O CUC (Peso convertível cubano, também conhecido como Chavito, é usado em operações comerciais e com turistas). No contrato em referência, a paridade entre o peso cubano e o dólar é de 1 para 1.  Ver também http://www.infoescola.com/economia/moeda-em-cuba/

drogas, calos e satélites, peças de teatro

A VERDADE SOBRE AS DROGAS É COMO REMÉDIO... DÓI MAS CURA !!!!



Você que tem acesso à INTERNET e convive com o problema do tráfico:

Primeiro eles chegam de mansinho vendendo drogas. Você cala, não denuncia e permite !

Depois eles se instalam na calçada e vendem drogas a céu aberto. Você cala, não denuncia e permite !

Mais tarde desfilam em motos com armas de última geração para intimidar e proteger o seu negócio. Você cala, não denuncia e permite !

Finalmente chega a polícia. Troca tiros com bandidos, seu filho está preso por tráfico, ou morreu pelo tráfico e sua filha lhe morre nos braços no tiroteio...

Então você grita e diz que a polícia não sabe agir... E você ? Soube agir ?

RR

Os calos e os satélites...




... Parece não estarem relacionados... Não é? Então vejamos...

Há milênios que se fabricam sapatos e sandálias. Primeiro as sandálias de couro mal curtido, depois os sapatos envernizados de Luís XIV e os mais atuais até que foram destronados pelos sapatênis. Pronto... Acabaram-se os calos, não se vendem mais as velhas pomadas porque a moda de calçar sapatos fora da anatomia pedóloga acabou! Vimo-nos livres daqueles sapatos apertados que produziam doloridos calos.
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Mas esperem... Acaso não acreditam no "inconsciente coletivo" de grupos, sociedades, até mesmo da própria humanidade?

Foi um pouco antes da invenção do sapatênis, quando começaram a lançar satélites artificiais com instrumentos que podem predizer o clima dentro de uma faixa de tempo adequada... Antes deles, consultavam-se os idosos. Se o calo doesse iria chover ou nevar... E de acordo com a intensidade da dor, assim seria a intensidade da chuva ou da neve.
Os satélites substituíram os velhos calos na previsão do tempo. A humanidade se adapta dia a dia, ela é quem faz a moda.

Estou com saudades de um calo que eu tive quando usava sapatos de cromo alemão... Um dia fui para uma reunião no Chile com um sapato azul marinho e outro marrom feito à mão na loja do velho amigo Santos, a sapataria Souza, na Avenida Marechal Floriano, sapataria nobre da nobre classe da turma do Itamarati que a frequentava... Revoluções passam tão depressa...



Agora temos outros tipos de calos, muito mais inteligentes, mais espertos, mais conhecedores do clima que ronda a terra, o país, o Estado, o município...
Nas solas dos sapatos passava-se azeite ou óleo queimado, ou até produtos à base de petróleo para o couro não ficar tão duro... Estou com a impressão que vai faltar azeite e petróleo, mas agora já nem são necessários para isso...  Progredimos muito com os satélites e perdemos os calos. Principalmente aquele pessoal do Itamarati... Foram-se os calos, foram-se as festas do Itamarati na Marechal – ou seria no Marechal? 

Verões muito quentes, invernos muito frios, gritavam os velhos calos... Tempos que vão e voltam...

RR




Dei uma passada na Broadway em N. York... Dentro e fora da Broad... 




Estava procurando peças de teatro... Encontrei a partir de USD $ 50,10 (interessante os irritantes dez centavos comparados com os cinquenta dólares, mas isso dá importância à peça para não ser algo de 1,99). A peça chama-se "Anjos Negros sobre Tuskegee" ... Até USD $ 180,20 (lá estão os centavos a mais, para mostrar que a peça não é de 1,99) Com peças como "Richard III" e "Twelfth Night”, estas duas de Shakespeare... 

Aqui é quase impossível dar-se importância a Teatro e musicais. O pessoal prefere ver filmes cortados aos pedaços e passados diariamente pedaço a pedaço a que chamam de novela. Novelas são filmes a prestação. Nenhuma delas de Shakespeare. Lá eles têm Hollywood que é o lugar onde se fazem filmes sem necessidade de ver aos pedaços, prendendo você a um sofá e a um aparelho de TV todos os dias às mesmas horas, deixando as gentes sem alternativa cultural. 

Com tudo tão caro por aqui, filmes a prestações continuam tendo sucesso como extensão do hábito de pagar tudo no cartão em suaves prestações mesmo quando se compra em lojas de 1,99. Aliás, por aqui, nem se faz questão do centavo que falta para completar, com justiça, a transação comercial. Lá na bilheteria fazem questão das moedas. Dinheiro é sempre dinheiro e não pode ser desperdiçado. 

Nossa melhor peça de teatro atualmente em cartaz - embora de gosto duvidoso - é "The Queen of Hearts is nacked " Traduzindo, " A Rainha de Copas está nua" ... Mas passada como novela. Todos os dias uma novidade para rir e chorar com direção da diretoria do Planalto.

Muitos de nossos artistas, de renome meramente nacional, são feitos a martelo, impostos pela propaganda da mídia e são pagos pelos devaneios planaltinos. 



(Na foto, imagem da peça Mary Stuart na Broadway- no Brasil recebeu o nome de Maria Stuart) 


₢ Rui Rodrigues