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domingo, 9 de fevereiro de 2014

BBB - As novidades e o ceticismo no futuro.

BBB - As novidades e o ceticismo no futuro.

Novidade é uma notícia sobre algo que se desconhecia como por exemplo um invento, uma moda, uma nova história, uma nova mulher, om novo homem. Conhecer uma cidade diferente, um costume. Coisas do gênero. E para isso é necessário um inventor ou um contador de histórias, e quase sempre um público a quem se apresenta a novidade. Depois as notícias das novidades correm de boca em boca, forma-se uma, duas, três, muitas opiniões, aparecem grupos de debate, gera-se polêmica, e isto é audiência. Se você quer vender uma ideia, um produto, e consegue vencer todas estas etapas até gerar polêmica e audiência, então venderá sua ideia, seu produto, sua peça de teatro, seu partido, poderá ser um presidente ou uma presidente de uma república. Brasil é um bom lugar para isto. Mas parece haver limites quando se pensa em moral e ética.  



O povo de Israel andava perdido no meio do deserto do Sinai depois de terem vivido milênios no seio do povo egípcio. Fugiram ou foram expulsos, isso não importa no momento, mas sabe-se que vagaram no deserto e tinham um grave problema de identidade: Deveriam perder seus laços afetivos com o povo egípcio, ter seu próprio Deus, único, diferente de todos os demais e o monoteísmo não era novidade. Moisés então subiu ao monte Sinai e de lá trouxe duas tábuas com cinco mandamentos em cada uma. Era a primeira constituição do povo de Israel. Uma novidade em meio a muitas outras, como a novidade do Maná [i]. O maná é o nome de uma seiva produzida pelo tamarisco [ii]de maná, existente no deserto do Sinai, e que um tipo de inseto costuma chupar. Esta seiva cai no chão em forma de esferas pequenas e doces. Uma novidade que alimentou o povo de Israel por cerca de quarenta anos no deserto. 

O povo de Israel não conhecia este tipo de alimento e em sua língua, ao vê-lo disseram: “Man hu’ ” que significa “ o que é isto”. Cristãos, interpretaram este fato milênios depois como se o Maná tivesse caído do céu em flocos. Um milagre. Para o povo judeu foi apenas uma novidade. O fato é que durante mais dois mil anos, para os fiéis cristãos isto foi um milagre. Podemos assim medir o alcance, o poder de uma novidade ao longo dos séculos. O Maná ainda existe, o povo judeu já atravessou o deserto, e talvez 99 por cento do povo cristão ainda crê que o maná apenas caiu no deserto do Sinai durante quarenta anos do Êxodo. 
Esta longevidade do milagre do Maná só foi possível pela invenção de Gutenberg ao inventar a impressão por tipos móveis por volta de 1439. Imprimir em páginas de papel tornou-se fácil e relativamente barato. Estava inventado o livro impresso e a Bíblia, o primeiro deles, correu mundo, tornou-se popular, gerou audiência, gerou cismas, porque muita gente agora podia ler a Bíblia, questioná-la. A informação sobre Deus saíra da arca da aliança para a interpretação do mundo.

Histórias, novas religiões, canções de bardos, peças de teatro grego, eram novidades durante algum tempo. Depois caíam no esquecimento geral quando se tornavam tão conhecidas que “ninguém mais falava a respeito”. Novidades servem também para serem faladas, transmitidas, de forma a estabelecer uma paridade entre humanos: “Eu já assisti, tu ainda não, logo eu sou algo mais que tu porque tenho uma vantagem sobre ti” Já não se fala de muitas lendas e talvez em casa nenhuma se conte a história do “bicho papão” para que as crianças façam o que os pais mais querem no momento: Que elas comam a sua pequena refeição. E provavelmente pais extremados ainda fazem “aviãozinho” com a colher para que a criança coma mais uma colherada. Este gesto era impossível antes dos irmãos Whrigt e de Santos Dumont, mas em muitas casas já se usa o “foguetinho” e o “transbordador espacial” para incentivar as crianças a comerem mais uma colherada.



Na televisão, o segundo instrumento mais interessante da inventiva humana nos últimos cem anos – o primeiro é o computador e a net – há sempre novidades. Sem novidades ninguém liga esse instrumento, ninguém senta no sofá e usa o comando sem fio para mudar de canal, sempre em busca de novidades, coisas diferentes, notícias diferentes. É para os canais de televisão que o dinheiro ainda corre, porque entre uma novidade e outra, apresentam um comercial para faturar. Sem faturamento, as empresas morrem, liquidam-se, falem. Isso não seria nada bom, porque ficaríamos sem essa diversão, esse entretenimento agora quase indispensável. Empresas devem ter lucro. O problema é "como"... 

Mas antes de seguir adiante neste devaneio sobre as novidades e seus efeitos no compartimento lúdico, no religioso, comercial, moral, ético ou em qualquer outro lugar de nosso cérebro, há que tentar verificar se não há limites para nada, ou se há só para algumas coisas, ou se sim, há limites...

Imaginemos então uma taça enorme de vidro cheia de bombons. Tira-se um, depois outro, e al fim de algum tempo mais ou menos previsível em função da família que temos ele ficará vazio... Não se poderá tirar mais nenhum daqueles bombons. Se em vez de uma taça de bombons fosse uma garrafa de vinho, seria impossível tomar todo o vinho, completamente, porque sempre ficaria uma meia dúzia de gotas que não conseguiríamos extrair, mas meia dúzia de gotas não dá nem um gole. Só cheiro. Estes dois exemplos são apenas físicos, sem muita imaginação: Taça com bombons, taças de vinho que esgotam a garrafa. Depois de esgotadas, não há novidades. Só se voltarmos a encher.



Mas que tal quanto ao sexo?  Sexo é também algo físico, mas que tem um poder fantástico com a imaginação. A imaginação potencializa o sexo, dá-lhe novas propriedades, é uma fonte de novidades. Minha preocupação é se sexo terá limites. Limites tem principalmente por causa da idade, mas é puramente físico. Em termos de imaginação, em termos de imaginação, o filme “Barbarella” [iii] lá dos idos dos sessenta (1968) já nos dava uma ideia de até onde a nossa imaginação poderia ir: Bastava esfregar a nossa mão na mão da mulher amada e um milhão de orgasmos fantásticos, tântricos, paradisíacos brotariam em nosso corpo envolto já em fumaça perfumada de deusas e pitonisas. Isso todos os dias não deixaria ninguém disposto a ir trabalhar, doido para voltar para casa e encontrar a Jane Fonda ou a Paula Fernandes [iv].

Não há muitas novidades atualmente em termos de sexo. As maiores barreiras já foram ultrapassadas, demolidas, e em algum lugar que tenho bem delineado no canal do bom senso, as novidades sexuais deveriam ter limites para exposição ao público, já que as barreiras que impedem o acesso a crianças não são nem podem ser controladas. Crianças devem ser protegidas de mal entendidos para os quais não estão preparadas e ninguém as pode preparar de um dia para o outro porque estão em formação. Enquanto os pais dormem elas podem ligar a TV, o computador, e podem achar normal para uma criança de quatro a cinco anos, a normalidade a que assistem na TV ou no computador. Ver os pais dando beijos quentes, ou os dois se abraçando deitados no sofá, pode não ser coisa do quotidiano, mas acontecendo, há o apoio moral dos pais que podem explicar muita coisa. Assistido a sós, cenas podem não chocar crianças, e certamente não chocarão, mas despertarão o desejo de agir de igual forma porque são muito “interessantes”...

Sexo, adultos e criancinhas não combinam... Existe a sexualidade infantil, sim, sabemos disso, mas adultos e crianças na mesma cena de sexo é crime. Dirão: Ah... Mas nas cenas do BBB não há crianças... Claro.. Mas é que não querem ver a cena real de uma criança de quatro anos frente a uma TV ou a um computador enquanto os pais dormem, assistindo a cenas normais de sexo implícito com gente quase nua, posturas sexuais normais, sexo “aplícito” debaixo de cobertores.



Qual o limite para disputas de audiência, faturar mais uns bons trocados? Qual será a próxima novidade? Mostrar sexo infantil? Mostrar cenas de pedofilia dirigidas por diretor crack de comunicação?

Sejamos então progressistas e admitamos as novidades sem controle. Que tal a abertura de todas as contas de todas as empresas, de forma pública, para sabermos de onde lhes vem o dinheiro, para onde lhes vão os lucros, como se fazem artistas se é por mérito ou por serem filhos de artistas, quais as políticas e diretrizes que regem as emissoras de televisão, ainda mais quando recorrem a verbas públicas, dinheiro cidadão, repassado sem as autorizações necessárias dos verdadeiros donos: A nação brasileira...Perguntemo-nos: O que é realmente "liberdade sexual" ? È necessário que se atente para o fato que quando uma criança vê cenas sexuais em livros que lhe são "proibidos" ou escondidos, ela tem noção pelo menos de que "ainda é cedo" ou não está acessível para ela, mas quando as cenas lhe invadem o quotidiano, passa a ser normal e a proibição dos pais uma idiotice "deles"... Fruto de uma "credibilidade" que a emissora tenta passar.  



Qual será a novidade das emissoras de televisão e dos programas apensos a páginas da net no futuro? Nem todos os modernismos podem ser novidades convenientes.

Plim.. Plim..

©Rui Rodrigues






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