BBB - As
novidades e o ceticismo no futuro.
Novidade é
uma notícia sobre algo que se desconhecia como por exemplo um invento, uma
moda, uma nova história, uma nova mulher, om novo homem. Conhecer uma cidade
diferente, um costume. Coisas do gênero. E para isso é necessário um inventor
ou um contador de histórias, e quase sempre um público a quem se apresenta a
novidade. Depois as notícias das novidades correm de boca em boca, forma-se
uma, duas, três, muitas opiniões, aparecem grupos de debate, gera-se polêmica,
e isto é audiência. Se você quer vender uma ideia, um produto, e consegue
vencer todas estas etapas até gerar polêmica e audiência, então venderá sua
ideia, seu produto, sua peça de teatro, seu partido, poderá ser um presidente
ou uma presidente de uma república. Brasil é um bom lugar para isto. Mas parece
haver limites quando se pensa em moral e ética.
O povo de
Israel andava perdido no meio do deserto do Sinai depois de terem vivido
milênios no seio do povo egípcio. Fugiram ou foram expulsos, isso não importa
no momento, mas sabe-se que vagaram no deserto e tinham um grave problema de
identidade: Deveriam perder seus laços afetivos com o povo egípcio, ter seu
próprio Deus, único, diferente de todos os demais e o monoteísmo não era
novidade. Moisés então subiu ao monte Sinai e de lá trouxe duas tábuas com
cinco mandamentos em cada uma. Era a primeira constituição do povo de Israel.
Uma novidade em meio a muitas outras, como a novidade do Maná [i]. O maná é o nome de uma
seiva produzida pelo tamarisco [ii]de maná, existente no
deserto do Sinai, e que um tipo de inseto costuma chupar. Esta seiva cai no
chão em forma de esferas pequenas e doces. Uma novidade que alimentou o povo de
Israel por cerca de quarenta anos no deserto.
O povo de Israel não conhecia
este tipo de alimento e em sua língua, ao vê-lo disseram: “Man hu’ ” que
significa “ o que é isto”. Cristãos, interpretaram este fato milênios depois como
se o Maná tivesse caído do céu em flocos. Um milagre. Para o povo judeu foi
apenas uma novidade. O fato é que durante mais dois mil anos, para os fiéis
cristãos isto foi um milagre. Podemos assim medir o alcance, o poder de uma
novidade ao longo dos séculos. O Maná ainda existe, o povo judeu já atravessou
o deserto, e talvez 99 por cento do povo cristão ainda crê que o maná apenas
caiu no deserto do Sinai durante quarenta anos do Êxodo.
Esta
longevidade do milagre do Maná só foi possível pela invenção de Gutenberg ao
inventar a impressão por tipos móveis por volta de 1439. Imprimir em páginas de
papel tornou-se fácil e relativamente barato. Estava inventado o livro impresso
e a Bíblia, o primeiro deles, correu mundo, tornou-se popular, gerou audiência,
gerou cismas, porque muita gente agora podia ler a Bíblia, questioná-la. A
informação sobre Deus saíra da arca da aliança para a interpretação do mundo.
Histórias,
novas religiões, canções de bardos, peças de teatro grego, eram novidades
durante algum tempo. Depois caíam no esquecimento geral quando se tornavam tão
conhecidas que “ninguém mais falava a respeito”. Novidades servem também para
serem faladas, transmitidas, de forma a estabelecer uma paridade entre humanos:
“Eu já assisti, tu ainda não, logo eu sou algo mais que tu porque tenho uma
vantagem sobre ti” Já não se fala de muitas lendas e talvez em casa nenhuma se
conte a história do “bicho papão” para que as crianças façam o que os pais mais
querem no momento: Que elas comam a sua pequena refeição. E provavelmente pais
extremados ainda fazem “aviãozinho” com a colher para que a criança coma mais
uma colherada. Este gesto era impossível antes dos irmãos Whrigt e de Santos
Dumont, mas em muitas casas já se usa o “foguetinho” e o “transbordador
espacial” para incentivar as crianças a comerem mais uma colherada.
Na
televisão, o segundo instrumento mais interessante da inventiva humana nos últimos
cem anos – o primeiro é o computador e a net – há sempre novidades. Sem novidades
ninguém liga esse instrumento, ninguém senta no sofá e usa o comando sem fio
para mudar de canal, sempre em busca de novidades, coisas diferentes, notícias
diferentes. É para os canais de televisão que o dinheiro ainda corre, porque
entre uma novidade e outra, apresentam um comercial para faturar. Sem
faturamento, as empresas morrem, liquidam-se, falem. Isso não seria nada bom,
porque ficaríamos sem essa diversão, esse entretenimento agora quase indispensável. Empresas devem ter lucro. O problema é "como"...
Mas antes
de seguir adiante neste devaneio sobre as novidades e seus efeitos no
compartimento lúdico, no religioso, comercial, moral, ético ou em qualquer
outro lugar de nosso cérebro, há que tentar verificar se não há limites para
nada, ou se há só para algumas coisas, ou se sim, há limites...
Imaginemos
então uma taça enorme de vidro cheia de bombons. Tira-se um, depois outro, e al
fim de algum tempo mais ou menos previsível em função da família que temos ele
ficará vazio... Não se poderá tirar mais nenhum daqueles bombons. Se em vez de
uma taça de bombons fosse uma garrafa de vinho, seria impossível tomar todo o
vinho, completamente, porque sempre ficaria uma meia dúzia de gotas que não
conseguiríamos extrair, mas meia dúzia de gotas não dá nem um gole. Só cheiro.
Estes dois exemplos são apenas físicos, sem muita imaginação: Taça com bombons,
taças de vinho que esgotam a garrafa. Depois de esgotadas, não há novidades. Só
se voltarmos a encher.
Mas que
tal quanto ao sexo? Sexo é também algo
físico, mas que tem um poder fantástico com a imaginação. A imaginação
potencializa o sexo, dá-lhe novas propriedades, é uma fonte de novidades. Minha
preocupação é se sexo terá limites. Limites tem principalmente por causa da idade,
mas é puramente físico. Em termos de imaginação, em termos de imaginação, o
filme “Barbarella” [iii]
lá dos idos dos sessenta (1968) já nos dava uma ideia de até onde a nossa
imaginação poderia ir: Bastava esfregar a nossa mão na mão da mulher amada e um
milhão de orgasmos fantásticos, tântricos, paradisíacos brotariam em nosso
corpo envolto já em fumaça perfumada de deusas e pitonisas. Isso todos os dias
não deixaria ninguém disposto a ir trabalhar, doido para voltar para casa e
encontrar a Jane Fonda ou a Paula Fernandes [iv].
Não há
muitas novidades atualmente em termos de sexo. As maiores barreiras já foram
ultrapassadas, demolidas, e em algum lugar que tenho bem delineado no canal do bom senso, as
novidades sexuais deveriam ter limites para exposição ao público, já que as
barreiras que impedem o acesso a crianças não são nem podem ser controladas.
Crianças devem ser protegidas de mal entendidos para os quais não estão
preparadas e ninguém as pode preparar de um dia para o outro porque estão em
formação. Enquanto os pais dormem elas podem ligar a TV, o computador, e podem
achar normal para uma criança de quatro a cinco anos, a normalidade a que
assistem na TV ou no computador. Ver os pais dando beijos quentes, ou os dois
se abraçando deitados no sofá, pode não ser coisa do quotidiano, mas
acontecendo, há o apoio moral dos pais que podem explicar muita coisa.
Assistido a sós, cenas podem não chocar crianças, e certamente não chocarão,
mas despertarão o desejo de agir de igual forma porque são muito “interessantes”...
Sexo,
adultos e criancinhas não combinam... Existe a sexualidade infantil, sim, sabemos
disso, mas adultos e crianças na mesma cena de sexo é crime. Dirão: Ah... Mas
nas cenas do BBB não há crianças... Claro.. Mas é que não querem ver a cena
real de uma criança de quatro anos frente a uma TV ou a um computador enquanto
os pais dormem, assistindo a cenas normais de sexo implícito com gente quase
nua, posturas sexuais normais, sexo “aplícito” debaixo de cobertores.
Qual o
limite para disputas de audiência, faturar mais uns bons trocados? Qual será a
próxima novidade? Mostrar sexo infantil? Mostrar cenas de pedofilia dirigidas
por diretor crack de comunicação?
Sejamos
então progressistas e admitamos as novidades sem controle. Que tal a abertura
de todas as contas de todas as empresas, de forma pública, para sabermos de
onde lhes vem o dinheiro, para onde lhes vão os lucros, como se fazem artistas
se é por mérito ou por serem filhos de artistas, quais as políticas e
diretrizes que regem as emissoras de televisão, ainda mais quando recorrem a
verbas públicas, dinheiro cidadão, repassado sem as autorizações necessárias
dos verdadeiros donos: A nação brasileira...Perguntemo-nos: O que é realmente "liberdade sexual" ? È necessário que se atente para o fato que quando uma criança vê cenas sexuais em livros que lhe são "proibidos" ou escondidos, ela tem noção pelo menos de que "ainda é cedo" ou não está acessível para ela, mas quando as cenas lhe invadem o quotidiano, passa a ser normal e a proibição dos pais uma idiotice "deles"... Fruto de uma "credibilidade" que a emissora tenta passar.
Qual será
a novidade das emissoras de televisão e dos programas apensos a páginas da net
no futuro? Nem todos os modernismos podem ser novidades convenientes.
Plim..
Plim..
©Rui
Rodrigues
[i]
Sobre o Maná, ver em http://www1.uol.com.br/biblia/shema/mana.htm
[ii] Também
conhecida como Tamargueira ver em http://www.atendanarocha.com/2011/05/licao-da-tamargueira-no-deserto.html
[iii] Trailer
em http://www.youtube.com/watch?v=0Xo6FaypcpY
[iv]
Assista em http://www.youtube.com/watch?v=-DZxdR2FB00
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