REARRANJO
NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL?
(Política
é como a ciência e a ficção: Na ciência, quando nos chega um novo produto
eletrônico, é por que nos “bastidores”, já anos se passaram de pesquisa e
estudos; na ficção, os ovos são chocados e só mais tarde se sabe que são de
dragão e já é tarde porque dragões crescem muito depressa; na política só
sabemos que o mal está instalado quando tudo o que não presta se instalou a
pouco e pouco, e a força das armas se impõe sobre as multidões, ou uma base
como a de Pearl Harbor é atacada de forma inesperada e aparentemente sem motivo).
O silêncio era total, e ficamos sabendo de repente, no decorrer de janeiro de 2014. O Brasil financiara a construção de um porto em Cuba, o porto de Mariel, e a presidente foi à sua inauguração. Parece incrível que nos dias de hoje, com tanta abertura política os cidadãos do Brasil não soubessem desse investimento do BNDES. A primeira impressão que é também a última, é que se o negócio fosse bom para a nação brasileira, uma aplicação financeira, teria havido divulgação desde o início. Como tudo decorreu em silêncio, não pode ter sido bom negócio, até porque há projetos importantíssimos no Brasil parados por falta de financiamento, de capital, de dinheiro.
Por estes dias, talvez em 21 de fevereiro, fiquei sabendo de um novo porto agora em construção na Venezuela, em Puerto La Cruz na província de Anzoátegui, financiado pela Rússia. Em 22 deste mesmo mês, o Congresso da Ucrânia demitiu o presidente, a pedido da população, porque teimava em afastar a nação da União Europeia e aproximá-la novamente da Rússia, como nos tempos da URSS. Sabemos que Putín já foi o chefe da antiga polícia secreta russa KGB, que nas ultimas eleições foi denunciado por ter sido eleito através de fraudes na votação ou na apuração de votos, e que distribuiu verbas publicas com amigos que fundaram as maiores empresas hoje ativas em seu território. A Rússia tem um porto na Síria, em conflito interno, entre duas forças: As do Rei Bashar Al Assad e os rebeldes, estes uma miscelânea de grupos não simpáticos a Israel e ao Ocidente. A Ucrânia deixou claro que não quer mais nada nem com a Rússia nem com o comunismo ao derrubar, também, a última estátua de Stálin.
Sabemos também
que, nas duas últimas décadas, na América do Sul, o poder caiu em mãos de
antigos guerrilheiros, como no caso do Uruguai e do Brasil, que na Bolívia o
presidente é um antigo cocaleiro, na Argentina a viúva de Kirchner que era
socialista, e que na Venezuela está no poder um motorista de caminhão indicado
por um militar populista. Em particular, Cuba, que nunca se preparou para um
sistema produtivo, vive da “compreensão” de países “amigos” que aplicam verbas
em seu território. Exporta principalmente açúcar porque o consumo de charutos
no mundo está diminuindo consideravelmente e há cerca de um ano atrás, tentava
enviar para a Coréia do Sul, o único país no mundo que tem um regime realmente comunista,
velhas cápsulas de mísseis. Não se sabe se para serem recarregados e voltarem a
Cuba, se como sucata para o ditador Kim II que fuzilou a esposa, o tio e a
família do tio por traição à pátria. Recentemente Chile, Peru, México e Colômbia
formaram o Bloco Comercial do Pacífico, praticamente esquecendo o Mercosul que
se transformou num bloco político [i].
No Brasil,
a presidente doou milhões de dólares para presidentes reconhecidamente ditadores
em África. Há um acordo de cooperação militar entre Brasil e China que ela também
promoveu. O povo do Brasil não está gostando disso porque é um país em
desenvolvimento (emergente) cuja economia vai muito mal, pleno de carências
internas. O que levaria uma presidente a “velar” as distribuições de verbas até
serem descobertas, providenciar este tipo de ajuda acima das necessidades de
seus cidadãos? Só se for por um motivo muito maior.
Os serviços
americanos de inteligência costumam estar sempre atentos, ainda mais a partir
do 11 de setembro[ii]
quando as torres gêmeas foram destruídas por ataques terroristas. Portanto, não
seria de estranhar que em 2013 o mundo tivesse amanhecido com a maior história
de espionagem – uma tática tradicional da humanidade desde que levantou dois
membros do chão e os usou para produzir artefatos : Os EUA vinham espionando as
redes sociais e até presidentes como Ângela Merkel da Alemanha. Os EUA
espionaram amigos, inimigos e indiferentes. Coisa antiga do tempo do avião U-2 abatido
quando em missão sobre a URSS na época da guerra fria. De lá para cá, o mundo
tem toda a razão para desconfiar da nova Rússia. Um ex-comunista poderoso está
no poder e está atento ao redor do globo terrestre. Quando os EUA invadiram o
Iraque, acabaram com um promissor acordo entre a Rússia e Sadam Hussein para
fornecimento e exploração de petróleo, infringindo um acordo internacional
segundo o qual o petróleo produzido no Iraque serviria para fins comunitários.
O que está
acontecendo no mundo? Como se dividem as forças? O que estão aprontando os “chefes
de governo” sem que saibamos?
A voo de
águia, sem muitas considerações, e face à conjuntura política mundial,
parece-me o seguinte:
1 – A Rússia
e a China têm interesses comerciais – puramente comerciais – ao redor do globo.
Sua capacidade negocial de argumentação vai desde o estudo e propostas
financeiras a “aproximações” de filosofia política: Na Síria a pretexto de
defender os interesses do rei Assad; na Venezuela para cooperar como o
Bolivarismo Chavista; no Brasil, Uruguai, Argentina e Bolívia, para acabar com
a miséria, unir estes países num grupo denominado UNASUL com interesses em
outros grupos com outras denominações. Digamos que há núcleos de nações sob influência
destes dois países agindo em separado, de forma não mancomunada.
2- Os
países da UNASUL aos quais Cuba se alia, têm pelo menos dois fatores em comum:
Alto grau de pobreza e analfabetismo político endêmico; incapacidade de lidar
com a economia altamente competitiva internacional, por sua ojeriza histórica ao
capital e às ciências necessárias para lidar com ele. Dilma Rousseff se diz
economista, mas há sérias dúvidas de como conseguiu se formar. Não parece ter
sido por mérito. É assessorada por um ministro, Mantega, que por mais que possa
entender de economia, se vê entre a espada e a parede: Ou atende os devaneios
da presidente e do partido a que pertence - o PT e seus outros aliados - ou
toma conta da economia da nação. Digamos que neste bloco se propaga a igualdade
social para conseguir votos usando mesmo verbas públicas, mas que a situação de
pobreza, de falta de educação, de segurança, de saúde pública, portos e
transportes, só pioraram. O resto da América latina, com exceção do Bloco do
Pacífico, continuará da mesma forma de antes: Sem expressão, com os mesmos
problemas de sempre.
3- A União
Europeia continua dividida: A Inglaterra e a Noruega não adotaram o Euro como
moeda, a Alemanha e a França têm mais interesses comuns do que o resto da
Europa do mercado, a parte latina de nações enfrenta sérios problemas por
corrupção, os países nórdicos e a Alemanha têm o melhor padrão de vida dentre
todos eles.
4 – África
continua sendo África e nada mudou a não ser a África do Sul despontando como país
emergente. Sempre foi o país mais desenvolvido desde os tempos coloniais. A
primavera árabe ainda não viu flores que possam dar frutos
5- O
Oriente Médio, embora aparentemente mais calmo, está sempre em guerra latente. Uma
paz fria, agora assombrada pela possibilidade nuclear do Irã.
6- O
restante da Ásia, dominado por China, Rússia e Japão, tem a Índia como país
emergente com características inusitadas que a tornam sui generis: A divisão
social em castas, as disputas religiosas, o antagonismo com o Paquistão. Ambas
as potências dominam a energia nuclear e possuem mísseis nucleares de longo
alcance.
7- EUA e
Canadá têm um pé na Europa com três aliados tradicionais: O Reino Unido,
Turquia e Portugal. O presidente Obama parece ter dado uma ligeira guinada à
esquerda através do programa social de saúde conhecido como “Obamacare”, e uma
revolução nos costumes ao apoiar a ideia de desarmar a população. Obama não
invadiu a Síria do rei ditador, e se aproximou do Irã sem contudo abandonar seu
aliado Israel.
Apesar do
mundo agora dividido em “Blocos comerciais” há sempre nações em suas fronteiras
que estão desprotegidas de acordos. Nas próprias fronteiras se travam lutas de
influências, como no caso do Paraguai que estava na zona de influencia da
UNASUL e dela saiu, e a Ucrânia que esteve a ponto de voltar para a influência
da neo-URSS. A Turquia ainda não faz parte da União Europeia, pede para entrar
com o apoio e a recomendação dos EUA. A China enfrenta o Japão pela posse de um
pequeno arquipélago no mar da China. Com presidentes populistas e a corrupção nos países da América Latina, principalmente nos da UNASUL, com políticas sociais baseadas numa economia política, tendem a atrasar-se cada vez mais, a convulsões sociais, a desperdícios de energia no sentido de as tornar nações sustentáveis política e economicamente.
Se perguntassem se há risco de uma terceira guerra mundial, diríamos que é tão pequeno que podemos desprezar essa hipótese, mas recomendaria que pequenos grupos de inteligência apartados e secretos, cuidassem desse assunto. Guerras isoladas continuarão mundo afora, quer bélicas quer comerciais.
Se perguntassem se há risco de uma terceira guerra mundial, diríamos que é tão pequeno que podemos desprezar essa hipótese, mas recomendaria que pequenos grupos de inteligência apartados e secretos, cuidassem desse assunto. Guerras isoladas continuarão mundo afora, quer bélicas quer comerciais.
E se perguntassem o que mudou em relação aos tempos em que romanos, gregos, assírios
e egípcios dividiam o mundo entre si, diríamos que temos agora muito mais
conhecimento científico, mas que nada de essencial mudou. Somente somos mais
medrosos pela existência de bombas atômicas e nucleares, de armas químicas que
podem destruir nações inteiras. As diferenças sociais continuarão eternamente.
Se
finalmente perguntassem que sistema político melhor representaria os
cidadãos e poderia garantir a paz no mundo, diminuindo as diferenças sociais,
então teremos que recomendar a Democracia Total, Completa, Verdadeira [iii]
® Rui
Rodrigues
[i] Um
tremendo erro geocomercial, certamente induzido pelo Brasil de Lula, Dilma e
Mantega.
[ii] A
partir daí, em 2002, o mundo começou a virar do avesso e em 2008 veio a crise econômica
mundial e ainda estamos nela. Certamente todos os países do mundo remanejaram o
uso de suas verbas, de seu capital de giro.