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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PORQUE O PT PERDEU AS ELEIÇÕES -2012






Há gente muito boa no PT. Conheço algumas. Mas...

O PT começou com Lula, um líder de sindicato, no ABC, com um grande sonho, sem instrução, jamais deve ter lido – ou lhe leram – Karl Marx, Lênin, Freud, Mao tse Tung, mais porque não se interessava por isso do que por falta de oportunidade. Nessa época Lula não era nem socialista nem comunista. Não tinha esses ideais, nem era esse o seu discurso. Nunca fez administração pública, era um sindicalista que se relacionava com os empresários e os trabalhadores. Era isto que Lula conhecia. Para fazer um governo, Lula precisava de alguém que soubesse tudo o que ele não sabia, e o que Lula sabia era extremamente restrito às relações sindicais. Lula queria ser alguém na vida como “nunca na história deste país” existira: Um “Zé ninguém” que chegaria à presidência da República. Iludido, o povo pensava que Lula queria mudar o Brasil tornando-o mais justo. Fundou o PT.

Um dia, quando participava em Cubatão da abertura de uma loja para que Lula fizesse uma reunião com o pessoal do PT, comentei com umas assessoras dele porque razão Lula não tomava posições mais agressivas em relação à ditadura. A resposta foi que Lula não queria esse caminho. Ele chegaria, devagar e sempre, sem violência, à presidência do Brasil e acabaria com as diferenças sociais. Fiquei impressionado.

Depois de duas tentativas em que perdeu para Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, Lula chegou à presidência, sim, e nela ficou 8 anos. O que mudou em seu governo? Sensivelmente nada. Saúde pública deficiente, país sem infra-estruturas com esgotos a céu aberto, vilas e cidades sem água potável e sem energia elétrica ou com apagões ou faltas esporádicas de energia, ensino deficiente e limitado, falta de segurança pública, total descontrole da economia com os Bancos cobrando os juros que querem, as empresas de telefonia cobrando tarifas altíssimas e limitando o sinal porque vendem mais do que sua capacidade de sinal, gente morrendo em filas de hospitais, os maiores impostos do mundo e índices de corrupção que colocam o governo do Brasil no 75º lugar em honestidade moral e ética. Um desastre completo também pela mentira: Conseguiram convencer a população que a classe C passou a ser classe media. O resultado foi um consumo exagerado por parte desta classe C que deve a Bancos o que não pode pagar. O programa do Álcool e de produção, distribuição e consumo de combustíveis renováveis não decolou. Continuamos dependentes do caro petróleo. Não houve construção de novas vias de escoamento da produção, como estradas interestaduais, ou alargamento onde necessário, vias férreas e o transporte desses bens é caro. Os portos são ineficientes. As “reformas” que tanto foram usadas em suas campanhas nunca foram efetivadas apesar das alianças com outros partidos.

Na década de 60 o mundo ainda se questionava se o comunismo e o socialismo poderiam ser a solução para sociedades mais justas, com menos diferenças sociais. Lula não era comunista nem socialista nem nunca foi. Tal como Martin Luther King, “tinha um sonho”.  Tinha também plena consciência de sua ignorância e de que era um ‘sapo barbudo” tal como o definiu o falecido Leonel Brizola. Brizola sabia que Lula não era comunista nem socialista. Nessa época, e ainda com os ecos das barricadas de Paris na consciência e na emoção, estudantes contestavam a sociedade, os governos e a educação nos colégios e nos lares. Alguns desses entraram numa simbiose com alguns revoltados e fundaram movimentos contra a ditadura que logo foram vistos com simpatia pela sociedade em geral. Eu também. Vi em Lula alguém que poderia acabar com a ditadura, tornar o Brasil mais socializado, melhorar o que tinha que ser melhorado. Da mesma forma pensou um grupo de terroristas que, com o fim da ditadura se uniram a Lula. Eles tinham na bagagem o que Lula necessitava: Conhecimento e o dom de “fazer acontecer”.  Para desenvolver o PT Lula não podia unir-se a reconhecidos “capitalistas”. Por isso se uniu a elementos-simbolo da luta contra a ditadura, mas se por uma lado Lula os usou, estes usaram Lula para ascender ao poder. O fato comum a todos eles, incluindo Lula, é a sua incapacidade de lidar com o capital: São reféns fáceis de quem o tem e os pode usar. Por isso mesmo, apesar de Lula estar no governo e o Pt ser maioria, quem continuou governando o Brasil foram os mesmos que sempre o governou: Os que pagam as eleições e sabem fazer opinião e marketing. Com eles viajou para o exterior, como figura decorativa para lhes vender os produtos que fabricam no Brasil. Finalmente, necessitando de mais experiência em ações de assalto a fundos para financiamento de projetos, une-se a Paulo Maluf, julgado, condenado, preso e solto que agora faz parte da “base aliada”, da qual fazem parte também Fernando Collor que já sofreu “impeachment”, e José Sarney o rico político maranhense.

O PT ficou assim dividido em três “vertentes”. Lula queria a melhoria do social. A base guerrilheira queria a revanche sobre a sociedade que os rejeitara no passado, e a classe empresarial, agora engrossada pela aplicação de capital estrangeiro, queria a exploração do mercado.  Assim não se faz nada, não se muda nada.

A população sabe que Lula ficou rico. Que seu filho ficou rico. Que os aliados de Lula ficaram ricos. Sabe também do mensalão – a compra de aquiescência de parlamentares em troca de milhões de reais em pagamento - e essa população sofre na própria carne o alto custo de vida e de impostos sem retorno em obras e serviços básicos.

A população brasileira não é burra. A terceira vertente - a dos investidores em governos - os empresários e banqueiros também sabem disso, e resolveram que Lula já tinha dado o que tinha a dar e a tendência seria descer na opinião pública. Lula não fez o que prometeu apesar de tanto capital disponível. Começaram a financiar outros partidos. O PSB desponta agora e pode vir a ser o partido da vez. Provavelmente, e dependendo de sua administração nas prefeituras para as quais se elegeu, poderá ganhar as próximas eleições em 2014, porque a união do PT ao PSDB não agradou aos cidadãos, perdendo votos nas duas facções.  

O PT não morreu, mas está moribundo!

Nestas eleições, 22.000.000 de eleitores anularam o voto ou não votaram, e o PSB demonstra que veio para atingir a preferência nacional.  



Ou querendo se transformar no “partido sombra” que puxa os cordéis de outros partidos fantoches ou laranjas no cenário político. Pratica em desviar verbas públicas tem. 

Rui Rodrigues

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