Portugal – Como sair da crise de 2008
Estamos no final de 2012 e a crise ainda rói a economia portuguesa, as instituições, as famílias, e agora o estomago. Precisamos sair dela. Mas como?
Em primeiro lugar precisamos admitir certas coisas, mas a mais importante é que somos corruptos ou indiferentes à corrupção. Sem admitirmos isto nada muda. Quem nunca usou de influência para ser atendido numa clínica médica, para ganhar um posto de trabalho, aprovar um projeto na câmara municipal, passar à frente numa bicha, ser promovido (a) no emprego? Ora, se é isto que queremos ser, na verdade corruptos, então não necessitamos mudar nada, e quem mais puder, mais terá. Porem, se pelo contrário somos contra este estado de coisas, então temos que mudar para um regime político que permita a vigilância popular sem, contudo, perdermos o sentido do que é realmente uma democracia. Muitos regimes políticos já se disseram “democráticos” e até a Alemanha Oriental chegou a intitular-se “República Democrática da Alemanha”, mas quem viveu lá sabe perfeitamente que o que não existia, de todo, era democracia. Stalin dizia que governava o povo e que isso, sim, é que era regime democrático, mas a URSS já não é comunista. O comunismo não funcionou. Dizem os governos capitalistas que são democráticos, e são, completamente, tal como entendemos a democracia, por falta de exemplos de uma verdadeira democracia, aquela em que o povo é ouvido todos os dias e não esporadicamente ou constitucionalmente de quatro em quatro anos ou de cinco em cinco. E o capitalismo está demonstrando que pode devorar mentes e estomago de forma tão eficiente quanto o comunismo de Stalin. Monarquias já demonstraram que ou são absolutistas, ou pouco liberais, ou de conveniência.
Para sair da crise econômica e de tradição do que se entende “governar” e democracia, é necessário que se utilizem largamente os dispositivos e mecanismos modernos colocados à nossa disposição: a Internet e as redes sociais. Só para reclamar? Seria muito pouco. As redes sociais e os celulares podem servir para muito mais do que isso: Para votar!
Podemos votar em tudo o que quisermos sem necessitar que “representantes” em sua maioria corruptos, nos representem fazendo o que querem e muito mal entendem sem que tenhamos – hoje – um dispositivo legal que nos permita tirá-los de onde os pusemos por equivoco, porque nos enganaram. Contar que um dia aparecerá governante que nos atenda, é como jogar na totoloto...Eles existem mas atendem apenas os amigos. Já se dizia no passado que “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”, e contar com a sorte de se eleger um amigo que nos dê emprego, significa perder duas coisas a futuro: o amigo e o emprego.
Mas como mudar?
Sabemos que a Constituição que deveria governar o país e nos governar, é falha, porque permite e tem permitido o que vemos, o que sofremos a tudo que assistimos Precisamos de outra Constituição que atenda a vontade dos cidadãos. Alguém tem que alinhavar uma nova Constituição nesse sentido e fazê-la votar por todos os cidadãos interessados em votar, item por item, tirando dos governantes o poder que têm de decidir sozinhos sem nos consultar. Uma constituição que só possa ser alterada mediante consulta popular e não por decretos, todos urgentes, todos convenientes. Um bom exemplo que pode servir de base é a constituição da Suíça ou da Islândia, Noruega, Suécia... Lembremo-nos que já não somos uma potência mundial, D. Sebastião não voltará nem em manhã de nevoeiro, Cristo ressuscitado talvez daqui a uns milhões de anos, Pai Natal só em cinema ou representado por nossos pais. Duendes também existem, mas em peças de teatro e cinema. Somos portugueses e sempre mudamos o que não gostamos para conseguir o que queremos desde nossa independência em 28 de junho de 1128 após vitória na batalha de S.Mamede. Basta fazer as contas para vermos quantos anos perdemos a reclamar sem conseguirmos honestidade de nossos governantes. Estamos em 2012 em meio a violenta crise.
Sem uma nova constituição não se muda absolutamente nada! E teremos os mesmos perfis de políticos que nos abraçam e nos dão apertos de mão e tapas nas costas apenas em campanhas políticas. Depois fazem o que querem, como querem, quando querem. Nós também queremos e podemos querer e ter.
Sobre Democracia Participativa, existem muitos sites na NET emitidos em várias línguas. Recomendo este: http://conscienciademocrata.no.comunidades.net/
Rui Rodrigues
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