Tese Social - A armadilha do Destino
A teoria do Caos abriu o
mundo para os fractais, pequenas peças triangulares idênticas e isósceles, que,
combinadas, dão forma a áreas e volumes dentro de determinados padrões, sempre
que existe um “atrator”. Pode existir mais de um atrator no caos, gerando
padrões que podem formar tanto plantas tal como as conhecemos, quanto cristais
de gelo, costas marítimas como enseadas, baías. O desenvolvimento da teoria
ainda dá os primeiros passos, está engatinhando, mas creio que em breve
poderemos ver a teoria do Caos produzir seres tal como os conhecemos, partindo
de equações mais complicadas do que as que conhecemos como “equações de Júlia”.
Poderemos até num futuro tão próximo quanto, prever o tempo em função de
atratores que determinem a formação de furacões, nuvens, ondas no mar. Este
mundo em que vivemos, este universo, tem uma base matemática, física transcrita
através da matemática, genética através da química, da matemática. Em nada
exageraríamos se disséssemos que Deus, a existir, seria eminentemente um
matemático com todos os conhecimentos da química e da física.
Mas o que isto tem a haver
com a humanidade e em particular com uma armadilha hipotética na qual estejamos
encurralados, como que com um destino traçado?
É apenas uma questão de
padrões e de princípios. O princípio é o da teoria do Caos, ininteligível para
uma esmagadora parcela da humanidade porque, infelizmente se fez da
oportunidade de estudar um misto de plano econômico para faturar dinheiro e
obter votos políticos pela ignorância Os padrões vêem-se por toda a parte nos
órgãos constituintes das diferentes espécies de vida, como olhos, fígado,
pulmões, rins, sangue, matéria cinzenta dos cérebros, folhas dos vegetais,
comportamento dos fluidos como os da atmosfera e da água do mar. Há exemplos de
padrões que poderão vir a ser observados pela teoria do Caos até sua forma mais
simples de constituição: Os triângulos fractais, a exemplo da menor das
partículas constituintes da matéria, a partícula de Higgs, também conhecida
como a partícula de “Deus”. Pode parecer que a natureza não se repete quando
analisamos simplesmente a forma do que nos cerca, a aparência, mas sim, se
repete, na sua forma de constituir os elementos.
Assim, e da mesma forma, padrões
se repetem em termos de comportamento de sociedades de animais, de cujas
características o próprio homem, a unidade mais simples da humanidade, brotou. Também
os padrões de comportamento são comuns a muitos grupos animais. Um deles,
talvez o mais comum, é que todos os animais se alimentam. A busca por comida e
quem no grupo tem força e poder para comer mais, são muitas vezes, ou quase
sempre, decididas em guerras por territórios, lutas corporais para assumir a
liderança. Quem tem a liderança, ganha também mais fêmeas com quem divide o
leito sexual. Outro comportamento comum, é que o sexo dá tanto prazer ou
obsessão como a comida, estando, portanto, os dois comportamentos normalmente
associados. Luta-se por sexo e comida. Os que disputam no grupo as primazias da
comida e do sexo, e perdem, o fazem através de lutas muitas vezes até a morte.
O simples comportamento social dos símios de se catarem uns aos outros como
sinal de cooperação social e de que não pretendem usar a violência com quem
catam ou por quem se deixam catar. Este ritual da catação se vê hoje nos
cabeleireiros, e de forma geral, como ato de cooperação e de amizade, em todos
os atos dentro de um escritório de uma empresa, na própria democracia que nos
engana como pode para nos manter convictos de que seus representantes maiores o
fazem em nome de uma sociedade que na verdade estão longe de representar. Bem
longe. Representam-se mais a si mesmos pelas “equações” caóticas da luta pelo
alimento, pelo sexo, pelo prazer, pela ambição de estar no topo da cadeia social
para retirar dela o que podem.
Já antes da formação de
governos, e precedendo-os, havia a formação de famílias de indivíduos dentro
das sociedades que se constituam de várias famílias, unidas pelos hábitos
desenvolvidos ao longo de séculos, e aos quais chamamos de tradição, bem como
da herança genética, da fala comum, dos biótipos que os caracterizavam das
espécies e raças diferentes. A vontade de manter unidas estas famílias, estes
hábitos com os quais se identificavam as sociedades, deu origem às nações que
hoje conhecemos bem como às que ficaram para trás extintas, como os dinossauros
ou os “Homo Neandertalis”. Não será, por
termos partidos políticos que se alternam no governo ou no qual se locupletam,
que estaremos seguros de que as guerras e lutas acabarão algum dia. Pelo
contrário, guerras e lutas poderão até ser cada vez mais sutis, mas jamais
acabarão. Estão escritas na herança dos fractais do Caos, na repetição de
padrões da natureza e em suas equações, algumas das quais nem conhecemos ainda,
mas que em breve conheceremos. Grupos específicos dentro de todas as sociedades
rezam pelo fim da violência, disseminam o humanismo, a paz, mas estamos todos
dentro de uma armadilha.
As armadilhas que conhecemos e que até construímos para pegar outros animais, ou mesmo vírus e bactérias, são armadilhas externas aos corpos que armadilhamos, mas esta da natureza, é interna, invisível. Faz parte da natureza e não há como eliminá-la ou dela sairmos, até porque suas “equações”, muitas vezes previsíveis localmente são insuficientes para construir uma vacina, ou um remédio. Psicólogos e analistas sabem reconhecer os tais padrões de comportamento humano através do rito dos lábios, do franzir de sobrancelhas, das mãos suadas, dos tiques nervosos, e já é um grande passo para a obtenção de uma vacina contra o despreparo da humanidade para dissimular. Passamos o tempo todo dissimulando o que nos vai na alma porque precisamos alimentar-nos e reproduzir-nos e precisamos ser aceitáveis pelos outros membros da sociedade, do grupo ou da nação. A ambição desmedida já é outra coisa, que, embora fazendo parte de nossa idiossincrasia, está num dos extremos do comportamento aceitável.
As armadilhas que conhecemos e que até construímos para pegar outros animais, ou mesmo vírus e bactérias, são armadilhas externas aos corpos que armadilhamos, mas esta da natureza, é interna, invisível. Faz parte da natureza e não há como eliminá-la ou dela sairmos, até porque suas “equações”, muitas vezes previsíveis localmente são insuficientes para construir uma vacina, ou um remédio. Psicólogos e analistas sabem reconhecer os tais padrões de comportamento humano através do rito dos lábios, do franzir de sobrancelhas, das mãos suadas, dos tiques nervosos, e já é um grande passo para a obtenção de uma vacina contra o despreparo da humanidade para dissimular. Passamos o tempo todo dissimulando o que nos vai na alma porque precisamos alimentar-nos e reproduzir-nos e precisamos ser aceitáveis pelos outros membros da sociedade, do grupo ou da nação. A ambição desmedida já é outra coisa, que, embora fazendo parte de nossa idiossincrasia, está num dos extremos do comportamento aceitável.
As religiões pensam que sim,
podem mudar os destinos pelas orações, ou agem como se soubessem que sim. Mas
não sabem, não sei, não sabemos. Talvez saibamos. Talvez... Algum dia... Porque
o que nos engana, fazendo-nos acreditar que existe destino e que possa ser
mudado é a evolução, em menos de segundo a segundo, da realidade que “vemos”, e
temos que admitir que não podemos adivinhar aquele carro com um sujeito bêbado,
que nos colhe despreocupados na próxima esquina. Da forma como Deus teria feito
o mundo, um mundo automático, auto-sustentável, que se rege segundo as suas
próprias leis, segundo a segundo, sempre em evolução, não há como interferir
nele de forma a alterar a sua evolução. Talvez num pequeno nicho ecológico, ou
num planeta virgem de vida, mas não esta que conhecemos por aqui.
Até lá, podemos sonhar com a Democracia Participativa, como modo alternativo para minimizar, apenas minimizar, o sofrimento de nos sentirmos numa armadilha a que poderíamos chamar de “armadilha do destino”. Claro que destino não existe. O mundo que vemos a cada segundo é fruto de uma evolução particular de cada item, vivo ou inerte, que o compõe. Mas com a certeza absoluta de que jamais sairemos dela, ainda que possamos povoar o universo com nossa espécie e com outras que escolheremos para nos acompanharem em seu sofrimento de nos alimentarem. A armadilha é eterna.
© by Rui Rodrigues.
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