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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Indecisões na vida




Indecisões na vida

Nada pior do que a indecisão. Corremos o risco de decidirem nossa vida por nós, que sabemos o que queremos. Muitas vezes não podemos nem discutir o que queremos.

A indecisão é como a esquina de duas ruas para quem atravessa uma encruzilhada e se dirige para a esquina. Não volta para trás, não vai para a direita nem para a esquerda. Pára em frente à esquina e ali fica. Preciosos momentos em que reflete em círculos, sem decidir nada de sua vida. Não sabe o que fazer, ou se sabe, não sabe que lado ou rumo escolher. Há quem não tenha nada para decidir na vida! Pode empacar numa praia, num bar, num cinema, num shopping, mas jamais numa esquina, num deserto, no meio da selva ou no mar. Isso ser-lhe-ia fatal.

Pôr uma banana numa gaiola e esperar que ela cante, vai nos levar um par de dias sem chegarmos a nenhum resultado. Depois ela apodrece sem dar nem um pio.

E assim se divide a humanidade em dois grupos: Os que podem empacar e os que não podem, porque para os primeiros, isso não tem importância. Para os últimos, sim. Disso depende o futuro de sua vida.

De todas as indecisões comuns a todos nós, algumas sobressaem pela sua importância: Namorar esta (e) ou aquela (e), casar ou não, fazer ou não um curso, trocar um emprego por outro, gastar numa compra ou economizar, abrir um negócio ou aplicar em outra coisa, seguir este ou aquele partido político, ter (fazer) ou não um filho.

Nossa vida rege-se passo a passo desde que começamos a andar. Somos produto de todas as nossas ações. É um longo caminho em que vamos traçando o nosso caráter, tomando erros como acertos ou acertos como erros se nos equivocamos na apreciação, ou, de forma consciente e com bom índice de análise e crítica próprias, corrigindo o nosso perfil, a nossa identidade como ser humano. O que não vemos, a sociedade enxerga, e assim teremos amigos mais ou menos fiéis, mais ou menos amigos, mais ou menos inimigos.

Costumamos varrer os nossos erros para debaixo de um enorme tapete. Outra forma, talvez mais adequada, é reciclar o lixo que produzimos através de correção. O saber pedir desculpas pode ser um bom começo. Isso lhe trará mais benefícios? Depende do que se quer na vida. Amigos não se compram, e num sistema social corrupto até se pode comprar muita coisa com dinheiro, mas o tempo costuma corrigir as coisas, e aqueles que se compram podem no futuro vir a denunciar-nos. É um risco como outro qualquer em negócios. Podemos passar toda uma vida mergulhada em erros e até morrer de forma tranqüila numa cama sem sentir dor alguma, remorso, arrependimento. Deus aparentemente não se intromete nessas coisas pueris da vida. Muitos nem acreditam que Deus exista.

Mas falar de justiça após a morte é como perguntar a um morto quem o matou. Não sabemos nada do que acontece para lá dela. Como a morte é comum a toda a vida na terra, sem jamais ter havido exceção, poderíamos até presumir que houvesse justiça para quem atira com arma de fogo num animal selvagem apenas pelo prazer de matar, a que chamam despreocupadamente de “caçar”.

Vem tudo isto a propósito de uma situação mundial que não tem paralelo na história. Vivemos a era da corrupção. Em todo o mundo o povo está indo para as ruas porque há uma crise econômica que só encontra paralelo na de 1929 que culminou na segunda guerra mundial em 1939.

Helmuth Koln saiu do governo e descobriu-se que era corrupto posteriormente. Sarkosy da França, ex-presidente que perdeu as últimas eleições, está sob investigação pelo mesmo motivo. Um ex-presidente de Israel assediava e abusou de uma moça que trabalhava num departamento de estado e está preso. Uma ministra francesa fez uma compra de aviões para a União Européia e foi corrompida ou corrompeu. Na Grécia caíram vários governos e em Portugal, Itália, Espanha e por toda a Europa. O dono de um jornal famoso com sede em Londres utilizava escutas telefônicas para pressionar indesejáveis ou colunáveis e políticos. No norte de África o povo muçulmano não suportou anos e anos de despotismo e abriu a caça a ditadores que se escondiam nas páginas e nas suras do Corão para abusar de seus cidadãos.

Descrentes das constituições que permitiam o aparecimento e o enriquecimento de políticos astutos, Islândia, Suécia, Noruega, Finlândia e Suíça usaram as redes sociais da Internet para aprovar, item a item, uma nova constituição que não permitisse que interesses escusos fossem beneficiados em detrimento dos interesses dos cidadãos. Saíram da crise.

Os índices de corrupção em todo mundo são alarmantes. No Brasil, várias comissões parlamentares de Inquérito decorrem num senado que não faz retornar aos cofres públicos as enormes verbas desviadas e que tanta falta fazem para o desenvolvimento nacional. Um dia, o ministro Mantega terá que se explicar pela exorbitância dos juros cobrados a título de “conter a inflação”, e seu enriquecimento vasculhado em contas internacionais.

Como estamos não estamos bem. Temos que mudar. Uma das opções parece ser a Democracia participativa, através de um primeiro passo: Exigir dos governantes uma nova constituição semelhante às dos países que já as adotaram. Nelas nada pode ser alterado sem que se proceda a nova votação.

Não fique indeciso: Se deseja saber o que é a Democracia Participativa, Real, Verdadeira consulte


Se deseja conhecer um modelo de nova constituição para o Brasil



Rui Rodrigues





quarta-feira, 4 de julho de 2012

O desejo, a sedução, o amor, o sexo e a frustração.




O desejo, a sedução, o amor, o sexo e a frustração.

Foi exatamente nesta ordem que os primeiros Adões conheceram suas Evas.

Conheceram-nas bem. Reuniram-se os Adões e escreveram livros. Elas deveriam ser caladas para todo o sempre porque  confundiam a todos. Ninguém sabia quem era o pai de qual filho. Quando não queriam ser copuladas, gritavam. O chefe da tribo acudia e espantava os intrusos. Quanto o chefe da tribo ficava velho e fraco, outro lhe sucedia. As mulheres eram guardadas e protegidas para copular e abusar. As que não gritavam eram tomadas por todos. As que gritavam, ganhavam o direito de terem um protetor. Isso não as impedia de continuarem copulando com invasores do lar. Ainda é assim entre os colobos. Sempre ativos, e sem problemas com TPM, os machos de então estavam sempre dispostos para o sexo. As fêmeas somente quando estavam fora do ciclo da TPM. Esta alternância de disponibilidade e defeso liberaria o homem para cada instante em toda a vida, e a mulher para quem quisesse quando estivesse fértil.

Os homens de então não tinham a mínima idéia de quando as mulheres ficariam férteis, mas elas sabiam. Assim, as mulheres passaram a escolher, os homens a serem escolhidos, até se escreverem as leis, em livros, que mudariam toda a natureza dos seres humanos: quem não obedecesse às leis iria viver com os seus primos, os primatas. Ninguém queria isso. A maioria aderiu às Leis, ou seja, à religião, num tempo em que os reis eram religiosos, e depois, mais tarde, quando os reis eram ungidos por religiosos. Uma outra parte continua atéia como nos dias de hoje.

As mulheres escolhiam os homens com os quais deveriam copular, porque lhes dariam filhos fortes, saudáveis, espertos, inteligentes, bonitos, saudáveis... Quem assim escolhesse, garantiria seus genes para todo o sempre. Não era uma opção consciente, e ainda não é, mas o amante é sempre a dose de esperteza de que a descendência necessita para atravessar os ventos da história. Mesmo usando ou não camisinha protetora de nascimento de inocentes, essa é a função do amante. O amante é tudo o que o marido, que dá conforto e segurança, não dá à mulher. Se o marido fosse diferente, seria um amante. Por isso muitos maridos se transformam em amantes de outras mulheres. Alguns fundaram haréns.

Afonso Andrade esperava Fátima Fontes para um jantar íntimo. Muitos milênios se haviam passado desde a época em que Adões e Evas palmilhavam o paraíso, uma área tão vasta, que qualquer família antiga ou recém formada, caminhando em qualquer direção, encontrava outro paraíso onde se colhia mel, leite, maná, frutas, tâmaras, sem ter que pagar tributo a ninguém. Quando se começou a pagar tributos, o paraíso acabou! Afonso mostraria o paraíso a Fátima. Era a sua parte do processo da sedução. A contribuição dela nesse parto da sedução para o amor tinha sido o olhar. Aquele fixar de olhos nos olhos, as sobrancelhas levantadas, as íris dos olhos dilatadas, a mão dela nos cabelos afastando-os. Mãos nervosas, lábios em assimetria quando falavam, a pele do pescoço eriçada, os peitos projetados. A contribuição dele era apenas o interesse nela. Ela o escolheria ou o rejeitaria. Afonso conhecia esta faceta da sedução desde garoto. Fátima não sabia disto. Ela achava que Afonso a queria e sabia também que “o” queria. Mas ainda teria que decidir para “que” o queria.

Enquanto Afonso esperava apenas um “sim” definitivo dela, Fátima queria sentir que era a “única” para ele, porque o que ela desejava era a segurança de um longo tempo de convivência: A Eternidade se possível. Afonso, por sua vez, conhecia a Lei dos Homens: E se ela o traísse? A Lei o favorecia no passado. Quando inventaram a lei da livre imposição dos cintos de castidade, todos bateram palmas íntimas. Seria impossível a traição feminina. Quando descobriram que se podiam fazer chaves duplas, perder línguas e pênis cortados por lâminas atrozes plantadas nesses castiços cintos, mudaram os métodos, mas nada conseguiu pôr fim a uma decisão puramente humana: a quem dar, entregar, seu corpo, seu amor, seu desejo. O que fazer, não depende de aspecto moral, mas de coragem para que se faça o que se deseja, se se quer, se se anseia. Hoje, Afonso não tinha ilusões. Tudo seria como viesse a ser e não como desejava que fosse.  O problema era porque razão desejava uma mulher só para si... Fato que era compartimentado por Fátima, que não via na fidelidade prática nada mais do que um cumprimento das escrituras transformadas em leis, mas leis que não tinham o ADN da natureza. Se tivessem, não existiriam. A natureza é pela diversidade, pela mistura, pelas pluriparticularidades.

Esperando Fátima, preparou-lhe um jantar divino, pôs mesa farta, vinho, pão, guardanapos, talheres de aço inox. Flores em taças altas, guardanapos de linho, Copos de cristal. No equipamento de som, Dvorak, sinfonia numero 9. No ramo de flores do campo que ornavam a mesa, gotas de água. Não era um toque feminino de Afonso. Era apenas a consciência de Afonso sobre tudo o que sabia que Fátima gostava. Fazia o que ela gostava. E como ela amava uma boa picanha, preparou uma assada no forno apenas com sal e fez uma boa farofa com arroz e batatas fritas. Uma garrafa de carmenére a 19 graus sobre a mesa, envolta ainda em gelo, do qual tirava a garrafa de vez em quando esperando Fátima e mantendo a temperatura. O acompanhamento, além da salada farta de ingredientes muito bem decorados, seria escolhido por ela. Havia profitelores na geladeira e chocolate pronto para ser aquecido e derramado sobre eles. Café quente recém coado. Sobre a mesa, flores do campo. Licor  Amaretto.

Olhou o apartamento ao redor e viu que sua obra era perfeita. E era a sétima hora. Na oitava descansaria nos braços de sua amada. A cama estava pronta como sempre estivera. Ela gostara.

O tempo passou e as velas em copos cilíndricos baixos, de cristal, foram se apagando... Depois telefonou para Fátima. O telefone não atendeu.

Quando as velas se apagaram, Fátima ligou. Estava bem, mas tivera uma indisposição. Estava em casa. Sua mãe mandava beijos para Afonso. Não fora isso o que a mãe de Fátima lhe dissera quando ligou perguntando por ela.

A partir desse dia, Fátima seria a outra se o quisesse. Procuraria uma nova Fátima, de preferência com nome, corpo, rosto e pensamentos diferentes. Por vezes, quem sabe, muitas vezes, encontramos o que queremos mas não sabemos identificar o que queremos. Perdemo-nos nas imensas oportunidades da vida que esta nos oferece. Então fazemos um verso, compormos uma música e nos surgem canções lindas como “garota de Ipanema...” Há muitas garotas de Ipanema em qualquer bairro do mundo.    


Rui Rodrigues.

terça-feira, 3 de julho de 2012

2- Que voz era aquela?



2- Que voz era aquela?

Quando um dia me disse: - Vai. Sai da cidade e encontra-me à noite na praia aonde não cheguem luzes das cidades -e eu fui - não se tratava de uma voz propriamente dita, que ouvi. Era uma vontade muito forte de ir à praia esperando ver alguma coisa, ouvir, sentir. Tal como num dia semelhante dois anos atrás, cheguei na praia bem cedo, impulsionado por uma vontade muito forte e vi algo se debatendo na areia. Era um peixe, uma tainha de mais ou menos dois quilos, viva, fresca. Provavelmente chegara-se demasiado á praia e ficara para trás quando a onda retrocedeu mais rápido do que deve ter imaginado. Dois pescadores de tarrafa que eu conhecia estavam na praia e viram.

Tenho facilidade em encontrar facilmente respostas para muitos fatos, respostas essas que me parecem plausíveis, mas não posso atribuí-las a mérito próprio. Não estudei profundamente quaisquer assuntos ou temas que não fossem os relacionados com a minha formação em engenharia. A que devo essa facilidade? Tenho minha teoria, mas para que tenha crédito, devemos avançar no que pretendo contar.

Certo dia, pela manhã, chovia bastante e não vi conveniência em sair de casa. Tomei meu café e voltei para a cama porque me tinha deitado tarde e ainda estava com sono. A baixa temperatura de inverno e o barulho das ondas do mar ajudaram nessa volta ao descanso. Então me perguntei sobre a criação do Universo e ouvi a resposta.

- A lua gira à volta da Terra porque existem leis matemáticas e físicas que a fazem permanecer de forma estável nessa órbita. Ouve uma época em que a Lua estava mais perto da Terra, e quanto mais perto, mais rápida a sua velocidade tangencial. Nessa oportunidade, as fazes lunares se sucediam a cada dez dias em vez de 28 dias como atualmente. Da mesma forma, todos os astros do universo visível – e por suposto também da parte que não vemos – que está em perfeito equilíbrio. Porém, sem perder a validade, essas leis permitem, por exemplo, que a galáxia de Andrômeda se aproxime da nossa Via Láctea, sendo inevitável que um dia se choquem. Nessa oportunidade alguns hão de dizer que Deus os desamparou, tal como na antiguidade disseram que Deus tinha desamparado os exércitos de reis e imperadores, ou que não zelara pela vida de pessoas, muitas delas crianças, que haviam falecido inesperadamente. Deus existiria? E se existisse como seria? Como se comportaria perante sua obra?

Imaginei então que tudo o que vemos no Universo, na natureza, nesta vida, fosse obra do acaso. Tinha estudado a teoria das probabilidades e lidei com a matemática do cálculo envolvendo arranjos, combinações, permutações, desvio padrão, valor esperado de “x”. Por acaso este universo poderia perfeitamente ser dotado da lei da gravidade que mantém os astros em equilíbrio... Mas o que dizer do DNA, a molécula do código da vida? Claro que já temos dois “acasos”... Mas com quantos “acasos” nos deparamos na existência do Universo e de sua natureza? Facilmente verifiquei que entre os “acasos” que conhecemos aqueles de que desconfiamos existir, e dos que desconhecemos, beiram uma quantidade infinita... Não há probabilidade que resista a esta infinita quantidade de acasos. O próprio Big-Bang, para a densidade crítica se estabelecer entre 0,999999 e 1,000002, era uma impossibilidade esperada, tal como tentar colocar um lápis em pé apoiado na ponta de grafite. Então senti a voz que dizia:

- A existência do que vês foi calculada, premeditada, é complexa, autossustentável e perfeita. Uma vez criado o Universo, nada pode alterar a sua existência, nem a forma como se desenvolve e evolui, sendo cada parte não uma singularidade, mas uma parte do todo. No caso particular da existência da vida, para que os planetas não fiquem superlotados rapidamente, tudo o que nasce morre, e para retardar ainda mais a superlotação, cada espécie se alimenta de espécies diferentes, constituindo uma cadeia alimentar. Quando há um grande desequilíbrio no crescimento, provocado por alguma espécie que se reproduziu demasiadamente, as consequências são importantes apenas para essa espécie,  que pode extinguir-se, não para a vida no planeta que se reconstituirá, provavelmente com novas espécies que evoluirão das que sobrarem. Já aconteceu por duas vezes na história da Terra, a extinção de 98% das espécies, e na atualidade é fantástica a reconstituição da quantidade de espécies que nunca tinha sido tão grande anteriormente. Não me surpreendeu, mas gostei de ver a recuperação. Em outros planetas, acabou mesmo...

E continuou:

- Não me podem cobrar moralidade na existência da morte como fim do ciclo da vida, nem a responsabilidade pela perda de entes queridos ou batalhas travadas por exércitos, porque tudo acontece no Universo baseado em duas atitudes: A atitude das leis com as quais o Universo foi criado, e as atitudes da vida como um todo num planeta ou em particular, as de uma determinada espécie. Também não me podem cobrar o fato de me pedirem que interceda em algo, porque não intercedo. Se intercedesse, estaria dizendo a mim mesmo que as minhas leis não são perfeitas. Assim, não livro nada nem ninguém da morte. Cada ser de cada espécie deve cuidar da sua própria sobrevivência. Quanto mais se cuidar, mais tempo sobreviverá. Pode haver exceções e posso até intervir, mas são muito raras essas oportunidades, porque para atender algum pedido, teria que prejudicar outros aspectos de um todo.

E deu-me um exemplo:

- Quando os exércitos alemães invadiram a URSS, na segunda guerra mundial, o povo alemão me pediu pela vida de seus seres. O povo russo também. Como poderia haver coerência nas minhas Leis se ajudasse um povo e não o outro? Quando chove, os seres humanos que desejam ir á praia, pedem-me para parar a chuva... Mas como parar a chuva, se os agricultores me pedem que chova? Se a vida vegetal precisa dela? Além de que seria um motivo muito mesquinho e insensato atender um pedido para que a chuva parasse. Enxurradas? Porque constroem em lugares que de antemão já sabem que são precários quando chove? Mas um dia não haverá exércitos que ataquem, nem será necessário parar a chuva ou fazer chover. A humanidade descobrirá como fazê-lo, ou se extinguirá. Também não interferirei nisso, que a interferir, teria salvado os dinossauros. Eles me pediram também.

Quando adormeci, tinha passado o segundo dia e era a segunda vez que me acontecia.

Rui Rodriguix

1- E eis o que me disse dia após dia...




1- E eis o que me disse dia após dia...


- Vai. Sai da cidade e encontra-me à noite na praia aonde não cheguem luzes das cidades...

E eu fui.

Olhei o céu. Vi as estrelas, umas amareladas, outras vermelhas, azuis e brancas, algumas alaranjadas. Eram de todos os tamanhos, todas pequenas, mas consegui imaginar que na medida em que me pudesse aproximar, ficariam cada vez maiores até parecerem infinitas. Umas mais longe, outras mais perto umas das outras. Quando olhei as profundezas escuras do mar, pareceu-me muito pequeno em comparação com o espaço acima da minha cabeça. Olhei a Terra girando no espaço. Como era linda, a atmosfera azulada, uma parte escura e por detrás dela ia aparecendo o Sol, ambos tão pequenos comparados com a imensidão do espaço... Mesmo assim, num lugar tão pequeno, ínfimo como a Terra, havia vida ainda menor, como as bactérias e os vírus. Todos com o direito á vida. Pensei na extinção dos dinossauros que já tinham herdado a Terra, e na possibilidade de homens e mulheres saírem a povoar os planetas do espaço que estava á minha frente, por todos os lados. Quando as caravelas portuguesas descobriram novos mundos, a Terra pareceu ter ficado muito maior. Os astronautas do futuro verão que suas naves espaciais descobrirão mundos que parecerão uma infinidade.  Vivo num mundo cheio de surpresas, mas elas demoram muito a revelar-se.

Junto a mim, sentado numa duna, havia uma daquelas flores da areia, roxa. Imaginei o nascer do dia, flores se abrindo. Flores que eu, de forma egocêntrica e egoísta sempre imaginara como dádiva da natureza para seu próprio embelezamento ou deleite da humanidade. Bastava pensar um pouco para constatar que a beleza das flores não era para mim que as cultivava e arrancava da própria natureza para oferecer como prova de amor- que nada provava – a uma bela mulher. Basta ver quem anda rondando sempre as flores: São uns seres pequenos, geralmente cascudos, voadores, que as usam para comer-lhe o néctar, geralmente perfumado. As flores atraem insetos que transportam, de uma a outra, o pólen necessário para a sua fecundação, para que deem semente, que a terra fará germinar para dar origem a novas plantas que originarão novas flores que serão polinizadas por novos insetos. Flores destinam-se aos insetos e servem para manter a natureza. Não são para mim nem para minha amada.

Para quem será realmente este mundo? Ou não tem dono, ou preferência de vida dominante?

Que mundo pequeno este, que Universo tão grande que parece infinito. Dizem que é infinito, mas não pode ser. Sei que é muito grande, mas se digo que é infinito este Universo, então o que pensar da infiniticidade do que existe para lá do espaço onde ele cresce a cada dia, a cada segundo?... Cresce para ocupar algum lugar. Esse lugar é muito mais infinito do que o Universo que o contém. E devem existir muitos mais universos. Têm que existir muitos mais universos.

Como estava ficando tarde e não havia vivalma àquela hora, voltei para casa ao som do vento que soprava na praia. E foi assim no primeiro dia, sendo esta a primeira vez. 

Rui Rodriguix

Os distraídos




 Os distraídos

Todos nós temos os nossos momentos de desarranjo mental. Não precisamos ser idosos, na flor da juventude, ou pequenas crianças que são apanhadas com a mão dentro do pequeno pote de mel, a mão que fica presa dentro dele para dificultar a situação. Acontece com todos. Como pintor e fumante, quando usava óculos, já enfiei o pincel dentro do copo de café, passei o cigarro aceso no quadro e levei os óculos à boca. É absolutamente normal. Já dizia um grande amigo meu que não podemos nos apavorar quando pela primeira vez não damos a segunda. Temos que nos preocupar quando pela segunda vez não dermos a primeira.

Carlos era um safado de marca maior. Traía a esposa sempre que tinha oportunidade. Tinha uma amante loura como a esposa dele. Um dia estava na porta do Motel, na fila, quando viu pelo espelho retrovisor uma grande amiga e o marido no carro detrás. Imaginando que ela iria contar para a mulher, disse para a amante:

- Luíza, puxa vida! Fiquei tão louco pra ver você que me esqueci de uns documentos para uma reunião que não posso perder amanhã. Desculpa-me mas vamos ter que voltar. Fica para outro dia. Vou direto para o escritório.

Luíza, já habituada ás trapalhadas de Carlos, reclamou sem incomodar. Carlos deixou-a em casa. Imediatamente ligou para a esposa e disse-lhe:

- Carminha... Estou com um tempo livre! Vamos num Motel? A Esposa  ficou agradavelmente surpresa. Carlos apanhou-a em casa e foram exatamente para o mesmo Motel de onde tinha saído com a amante. Passaram uma noite muito agradável.

No dia seguinte a amiga que vira Carlos com a loura no carro, na fila do Motel, ligou para a esposa dele:

- Carminha! Não ia te contar, mas não agüentei! Vou te dizer a verdade: Ontem eu estava com meu marido na fila de um Motel e vi teu marido com uma loura, no carro dele, na fila, bem na minha frente.

A esposa respondeu-lhe: Que nada!... Agradeço muito o teu empenho, mas era eu, boba!

Um dia, Carlos saiu de casa com a família. A esposa na frente, as crianças atrás com a sogra. Carlos andava sempre com mulheres no carro, onde elas costumavam de vez em quando esquecer algum objeto. Numa conversão à direita, Carlos reparou num par de sapatos no piso do carro, lá atrás. Discretamente, apanhou-os e um por um, jogou-os pela janela. Ele não queria confusões. Quando parou o carro, ouviu uns resmungos lá atrás. Era a sogra!

- Gozado!... Eu tinha tirado os meus sapatos porque estava com os pés inchados e agora não os vejo!... Onde será que foram parar? Alguém os viu?

Sem falar de um amigo, sempre preocupado com as coisas do escritório, que num domingo foi ao shopping com os três filhos e a esposa. Ele ficou no carro com os filhos enquanto a esposa fazia as suas compras. Passado um tempo, a filha abriu a porta do carro e voltou a fechar. Vira a mãe saindo do shopping e abrira a porta para que ela entrasse. Como a mãe deu uma parada, a uns cinco metros do carro, para conversar com uma amiga, a filha voltou a fechar a porta. O amigo arrancou de imediato e começou a conversar sobre as compras que a esposa teria feito, enquanto a mulher dele, desesperada, ficava gritando e acenando lá atrás na calçada!

Zeca, um amigo meu que bebia muito, um dia chegou em casa e custou a achar a chave da porta. Quando a abriu, foi repetindo para si mesmo:

- Esta a minha casa...
- Esta é a minha escada para o meu quarto.
- Este é o meu quarto.
- Aquela ali é a minha cama...
- .. E aquela é a minha mulher...
- .. OOpss.. E aquele ali ao lado dela na cama, sou eu !!!!

Minha prima Angélica é muito distraída e acha que sempre a estão roubando. Um dia entrou num ônibus com um vestido rodado e uma camisa de mangas largas, com um elástico no pulso. Sentiu um cara se encostando nela e pensou que ele estava abusando. Talvez fosse um ladrão. Olhou para o braço que estava segurando aquele tubo onde as pessoas se seguram para se equilibrarem, e não viu o seu relógio. Rapidamente tirou a escova de cabelo da bolsa, e encostando-a na barriga do fulano, disse-lhe:

- Bota o relógio aí na minha bolsa, seu safado!

Quando ela sentiu o peso do relógio caindo na bolsa, saltou logo no próximo ponto. O sujeito não saiu.

Ao pisar na calçada, a manga da camisa que estivera levantada enquanto se segurava no suporte, caiu. O relógio dela estava lá...

Olhou a bolsa: dentro, um relógio masculino.


Rui Rodrigues
  

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mutilação genital feminina - Humanidade condescendente - até onde?





Mutilação genital feminina - Humanidade condescendente - até onde?

Falar do passado pode ser válido apenas como referência. As leis e os costumes estão mudando rapidamente, e até a moral, a ética, e os direitos humanos decorrentes parecem ter sempre duas faces dependendo em que extremos se incluem os que analisam os fatos que neles se podem enquadrar.

Por exemplo, para ocidentais – imaginando que seja inquestionável o que é ser ocidental – o corte do clitóris feminino enquadra-se como um atentado aos direitos humanos, em particular aos da mulher, e fere os seus costumes, a sua moral e a sua ética. Já para os adeptos deste procedimento, de forte tradição em quase toda a África central e em alguns países da Ásia, é um ato normal que faz parte dos costumes. Cerca de três milhões de mulheres são mutiladas anualmente por este processo. Em 2006, cerca de 140 milhões de mulheres em todo o mundo tinham recebido esta bárbara intervenção em seus corpos. Não bastassem as deficiências físicas a que todos estamos sujeitos, criaram esta para as mulheres nas regiões indicadas a título de que nasçam mais filhos homens, e de que não se vejam tentadas ao prazer com estranhos ao harém ou ao marido, dentre outros fatores. Com o corte do clitóris, grande parte ou a totalidade do prazer dessa zona erógena se perde nas mulheres. Fazem sexo porque têm que fazer, porque é assim. O ponto é: o que se pode e deve fazer para ir diminuindo esta prática até que cesse definitivamente?

Não me parece que uma intervenção armada sob os auspícios da ONU pudesse resolver esta pendência; Seria uma catástrofe, um erro colossal. Mandar agentes infiltrados para derrubarem o governo e instaurar uma nova Constituição, também não, porque o erro seria o mesmo, sob forma diferenciada. Comprar a mídia desses países para que começassem uma conscientização em todos os níveis, seria outro erro igual sob forma também diferente. Manter ONGS que cuidem desse assunto nesses países, é uma solução a muito longo prazo. Acredito mais num intercâmbio cultural. Em contato com a civilização ocidental, as influências seriam mais rápidas e abrangentes, e o movimento para mudar seria de dentro para fora, isto é, as próprias mulheres e muitos dos homens se interessariam por acabar com esta prática. O dinheiro pago às ONGS, e que não é pouco, seria utilizado para cobrir as despesas de intercâmbio. Ou se manteriam os dois processos.

O certo é que algo tem que ser feito urgentemente. Não se pode mutilar o corpo humano de forma tão trágica, a título de manter costumes e idiossincrasias, só porque alguém, lá atrás no tempo, também os tenha mudado para permitir o que vemos hoje. São três milhões de mulheres todos os anos, o numero total passa dos 150 milhões.

Podemos questionar muitos hábitos estranhos como este, lembrando que a Turquia, em contato com a civilização ocidental mantém uma firme liberdade de costumes em relação ao mundo muçulmano, apesar de ser um país muçulmano. Não vi na Turquia nenhuma mulher com o rosto coberto, nas cidades ou nos campos, embora muitas usem véus cobrindo-lhes os cabelos.

Evidentemente não faltará quem ache, por convicção ou para não se incomodar, que este é um assunto inerente às sociedades nas quais esta prática faz parte de suas tradições, mas nossa omissão em adotar uma estratégia eficiente e definitiva nos coloca numa situação tão desumana que é como se estivéssemos de acordo com esta prática.

A humanidade, e cada indivíduo em particular têm que ser livres para fazer com seus corpos o que desejarem, desde que não os usem para impedir, limitar ou fazer cessar a liberdade dos demais.

E somos responsáveis, completamente responsáveis pelo que está acontecendo a essas mulheres.

Rui Rodrigues


domingo, 1 de julho de 2012

A sedução e o amor num tapete voador




A sedução e o amor num tapete voador

Não há tornado ou vendaval que eleve um tapete no ar com duas pessoas a bordo e o deixe navegar sempre paralelo ao solo, levando o casal aos píncaros do vento, assistir ao nascer ou acabar do dia pintados de arrebol. Pensar que isso possa existir é insanidade. Olhar o pôr do Sol ou o nascer do dia, admirando as cores avermelhadas, alaranjadas ou em tons róseos, é um prazer que qualquer casal de namorados pode usufruir sobre um tapete, persa de preferência, á beira mar, sem testemunhas, os horizontes infinitos ao sabor da imaginação e da liberdade de se amarem.

Casais inexperientes vêm o infinito do mar como uma viagem certa, definida, longo tempo para navegar. Casais experientes vêm sempre o horizonte como algo que deve ser percorrido com cautela e precaução, terminar a viagem a qualquer momento se houver indícios de tempestade no mar. Para os primeiros, as tempestades são novidade e devem ser vencidas. Para os experientes, as tempestades são apenas tempestades e já sabem como acabarão. Não vale a pena lutar contra o fim inexorável: o mar vence, e o tapete é débil.

O amor não é nada complicado. Surge sempre de pequenos atos de sedução, como se nosso corpo fosse feito de órgãos independentes que trabalham uns para os outros, assim como o coração mantém o sangue circulando, o cérebro determina os ritmos e as ações para cada coisa e movimento, o estômago digere a comida.  Assim também a pele, os olhos, os ouvidos, a boca pela fala e as mãos e dedos pelo toque, cativam prazerosamente para a realização de um prazer maior; o ato sexual, onde o maior prazer, com o qual nada se compara neste mundo, pode explodir em alegria, realização, e relaxamento. Uma fonte de energia.  A Complicação do entendimento do amor vem exatamente da sedução e do que imaginamos que seja.

A sedução pode ser comparada com um tapete voador, de preferência persa, ricamente trabalhado, decorado, cativante, sobre o qual dois seres humanos realizam o desejo de se atrair mutuamente. Ambos sobem no tapete, e essas primeiras imagens da sedução, através de toques de pele, de olhares, de falas, de ouvidos atentos, são o próprio tapete. Viajam no tempo, juntos por breves instantes ou por anos, décadas, e olham o tapete de vez em quando enquanto atravessam o mar da vida. Quanto mais o olham, mais se convencem de que apesar de desbotado, puído, é apenas um meio de transporte de algo que se tornou maior: o amor.

Mas a sedução é também um jogo no qual se entra com maior ou menor convicção. Por vezes, nesse jogo, um dos passageiros desce do tapete ou puxa-o em sua direção deixando o outro no ar. Serve muitas vezes, esta façanha de risco, para que o outro lhe sinta a falta e retorne com mais vontade de continuar o jogo, mas pode acontecer que aquele tapete perca rapidamente a cor e fique puído em poucas tentativas deste jogo de rato e gato, e, quando se compara a cor e o estado do tapete nos primeiros dias com os últimos dias, nota-se uma diferença tão grande, tão abissal, que se volta para a praia de onde se saiu. Nestes casos, o jogo de sedução terminou, o amor foi tão modificado, que ou acabou também, ou se transformou em algo completamente diferente, como um veneno que mata aos poucos o coração, o estômago que vomita, pára os membros.

Dizem que homens e mulheres praticam o jogo de sedução de forma diferente. Não creio. Inúmeros tapetes voadores saem todos os dias para o mar transportando um casal, muitas vezes já com outros que viajam de carona sem que eles percebam. Reações comportamentais femininas são vistas em homens e vive-versa. A dor e a alegria são iguais no maior prazer na maior das decepções. Mas tudo não passa de uma biografia de viagem num tapete voador.

E não há nunca motivo para uma decepção total.

Na praia, no continente, há sempre novos pares que se formam, gente que quer formar um novo par, o retorno da viagem é garantido, o jogo de sedução pode sempre ser mais ou menos franco.

Há sempre um mar infinito a atravessar, um nascer de manhãs sãs ou insanas coloridas de vermelho, laranja ou cor de rosa. Como num arrebol. Pores do sol também. Cada casal escolhe a hora de iniciar a viagem. Quanto à sanidade, ela é relativa, apenas uma extremidade da sanidade.

Um velho lobo do mar nunca gosta de partir ao meio-dia.

Rui Rodrigues

sábado, 30 de junho de 2012

Amor e sexo – E como em rio de piranhas jacaré nada de costas.




Amor e sexo – E como em rio de piranhas jacaré nada de costas.

Esta é uma história feita de histórias de amor e sexo na zona do agrião. Devemos considerar, antes de ler, que em rio de piranha, jacaré nada de costas. E “zona do agrião” significa que é algo importante onde se decide a vida. É perto dos rios onde cresce o agrião que existem piranhas e jacarés. Portanto, cuidado ao ler. Estas pequenas histórias são fruto de informações recolhidas ao longo da vida e até mesmo de experiências próprias, mas nada é mentira. Uso a descrição na primeira pessoa para dar autenticidade.

Leia com moderação!

Eram os idos de 1970. As beatas infestavam as sacristias e os conceitos de moral eram terríveis. Tudo falso, mas tinham o seu poder. Recentemente ainda em 1968 as barricadas de Paris tinham sido levantadas para mudar essa falsa moral. Os alunos das universidades parisienses queriam, e conseguiram, que moças e rapazes pudessem visitar-se em seus alojamentos, que os banheiros fossem compartilhados independentemente de gênero. Alguns anos atrás, um amigo meu tinha sido obrigado a casar com a empregada por tê-la engravidado. Suspeitava-se que o pai da criança fosse o próprio avô dele, por ter sido o mais feroz defensor da moral naquela casa. O garoto tinha 14 anos e tiveram que emancipá-lo. Não havia ainda testes de DNA. Já com 25 anos, eu não queria complicações nem ser responsável por abortos em minhas companheiras de cama. Quando saía com mulheres casadas, ou aquelas “casuais” de oportunidade, que queriam uma aventura fora do casamento, nunca me preocupava com piranhas na zona do agrião e nadava de todos os modos naqueles rios de corpos sedentos, mas quando se tratava de moças tinha meus cuidados. As camisinhas de látex davam-me alergia e deixavam-me a cabeça inferior completamente irritada e vermelha, em fogo... Lurdinha, que entendia das coisas do prazer, ainda virgem, sempre me dizia sorrindo: - Isto aqui, é só para os trouxas!...(e apontava para a sua zona pilosa do agrião)... E isto aqui, gostosa como ela só, é para você... (e me apontava os glúteos fartos, redondos, carnudos).. Na verdade, sempre tive o cuidado, como bom jacaré, de nadar de costas em rios infestados de piranhas. Exceto uma vez!

Gilda era uma moça que há poucos dias tinha feito 19 anos. Tinha um filho e era tarada. Logo nos primeiros movimentos, levou minha mão para seu sexo e foi ajeitando, ela mesma, os meus dedos para que entrassem mais. Relaxava... Meus dedos foram entrando naquele mundo úmido como se fosse meu pênis. Cheguei a sentir um tesão como se já estivesse dentro dela. Aos poucos a minha mão foi entrando, entrando, até que estava toda dentro de sua vagina, e se não tivesse achado que poderia machucá-la, teria subido até o útero. Cheguei a pensar que, depois daquele ensaio, pouco poderia dar-lhe a mais de prazer, visto que meu membro não tinha o comprimento da ponta do dedo até o pulso, nem a grossura da mão. Mas enganei-me. Quando a penetrei, sua vagina contraiu e meu membro entrou por um tubo perfeito, lubrificado, e viajamos ao céu em teco-teco, bem devagar, até descermos de pára-quedas e aterrissarmos no paraíso. Quando se pôs de quatro e baixou um pouco o chassi, adivinhei que me oferecia o outro túnel, aquele que não era dos trouxas. Ainda fiz algumas viagens por essas águas infestadas de piranhas, mas como bom jacaré, fui nadando para outras bandas do rio. Voltar a casar nem pensar...

Quando namorei a Eugênia, em 1966, ela fazia de tudo. Eu também fazia de tudo. Não era raro que ela, com aquelas belas pernas, de frente para o espelho, pintando-se, já vestida, voltasse a despir-se para reiniciar a sessão de prazer como se nem tivesse começado. Um dia, pela primeira vez, lambuzou-se na minha glande. Divertiu-se como se fosse um gostoso sorvete. Lambeu-o de cima para baixo, dos lados, e por qualquer processo descobriu que sentia prazer em engoli-lo até o talo, todo, até tocar a sua glote. Tinha a garganta profunda. Sentia prazer nisso, e em dar-me prazer. Um dia, depois que me separei, voltei a encontrá-la por puro acaso. Resolvemos “voltar” a algo interrompido na juventude. Ficava em casa lendo, e todas as segundas feiras voltava ao Rio para as suas atividades. Isto durou mais ou menos uns três meses. Não cozinhava, não lavava, não fazia nada. Desaprendera toda a arte de agradar e ser agradada. Queria boa vida. Eu também. Por isso um dia partiu deixando até algumas roupas usadas. Não gostou de ouvir algumas verdades. Esta zona do agrião é perigosa, quando se lida com o presente em simultâneo com lembranças do passado. São grandes as decepções, e como bons jacarés, devemos estar sempre atentos às armadilhas que nos aprontam e por vezes começamos a aceitar, na zona do agrião.

Quando parei para abastecer o carro num posto da Shell, atendeu-me uma bela mulher, loura, olhos azuis. O lugar dela não era ali. Saltava aos olhos. Era muito evidente. No momento conversava com meu engenheiro de obra sobre assunto importante, e ela me chamou tanto a atenção, que não pude deixar de lançar-lhes uns olhares interessados. Quando ela acabou e foi olhar o valor marcado na bomba, meu engenheiro chamou-me a atenção:

- Você viu a moça? Estava com o pescoço com a pele toda arrepiada. Essa mulher está interessada em você!

Quando ela voltou com a informação de quanto era o valor a pagar, olhei-a nos olhos e no pescoço. Era verdade. Estava com a pele como o amigo dissera, e perguntei a que horas sairia. Seria às quatro e meia. Perguntei se poderia apanhá-la na saída. Disse que sim.

Levei-a para meu apartamento. Como toda a nudez deve ser devidamente apreciada, fomos tomar um banho quente porque era inverno. Ela primeiro. Esperou-me na cama.  Deitei-me a seu lado e vi sua pele rosada, em vários tons, mais rosados nos peitos, as pontas levantadas, indicando desejo. Era uma mulher perfeita. Seus lábios estavam entreabertos, esperando tudo. Sua aliança no dedo indicava que era casada. Não a tirara. Sinal de que não pretendia uma conquista, mas sim um bom momento. Beijei-lhe os lábios, sua boca com bom hálito. Nunca tinha deitado com nenhuma mulher que me despertasse tanto desejo, nem procurei saber porquê. Talvez devesse.
Quando Leila saiu de meu apartamento, seis horas depois, eu estava exausto. Pela primeira vez na minha vida, tinha penetrado aquela mulher por seis vezes em seis horas. Leila era única. Não quis que a levasse em casa. Entendi. Deixei-a num ponto de táxi. Não quis que lhe pagasse a viagem. Também entendi.Passei a noite pensando que logo pela manhã passaria no posto de gasolina para encontrá-la novamente. Mas nesse dia, a piranha era eu, e ela o jacaré que em zona do agrião toma cuidado e nada de costas. Fui ao posto pelo entardecer.
Já não trabalhava lá. Nunca mais vi a Leila. Se a tivesse encontrado novamente, a borboleta do caos, cujo vôo pode mudar o rumo das coisas no planeta, teria mudado minha vida e não sei o que poderia ter acontecido. Mas o que aconteceu ficou-me gravado na memória. Inesquecível. 


Obrigado, Leila, onde quer que esteja agora.

Rui Rodrigues

O perfil vencedor de um candidato a senador




O perfil vencedor de um candidato a senador

Entre tantas idas e vindas a Brasília, o velho senador já estava dividindo a esposa com velhos amigos de carreira e principalmente com o motorista e o encanador. Ela já nem se importava. Não faltava nada em casa, viajava muito, a imprensa ficava longe porque traição já não dava IBOPE. Antigamente, um caso de traição familiar era assunto de meses na mídia e até podia derrubar políticos de cargos públicos. Para que isso não acontecesse, a justiça “liberou geral”. Agora qualquer um ou qualquer uma pode trair á vontade sem medo de ser feliz. Moral adaptada às circunstâncias políticas. As próximas eleições estavam chegando e era necessário escolher perfis adequados para a vitória do Partido em todos os estados da nação. Político para ser eleito, não é o que o povo quer ou deseja: São aqueles que os Partidos escolhem e põem à disposição para serem votados. O senador sabia disto e tinha que escolher muito bem! A família que se danasse. Cuidava dela dando-lhe o dinheiro necessário para não o amolarem.

Lendo tudo e recebendo todas as informações sobre as características dos seres que habitavam o seu país, o velho senador sabia o que era mais recomendável para um candidato ao senado. Contribuía com informações e conselhos para o Partido a que pertencia. Viu então que o candidato tinha que ser maleável para poder cumprir com as determinações do Partido. Essa maleabilidade era conseguida de acordo com as características do candidato: Se fosse vaidoso, o Partido dava-lhe prestígio; se fosse ambicioso, dava-lhe dinheiro; se fosse político por convicção, dava-lhe um posto “neutro” daqueles em que o senador apenas contribui com recomendações que nem sempre se aceitam, mas que justificam a posição; se fosse corrupto por natureza, poderia servir tanto para “boi de piranha” no futuro, entregando o indivíduo aos lobos da moral e da ética, ou aproveitar a sua ambição para dividir os roubos com o partido. Qualquer sujeito ou sujeita serviria para ser senador desde que obedecesse aos “requisitos”. Político, mesmo santo, que fosse eleito, perdia a santidade logo nos primeiros dias de mandato: Logo no primeiro dia já era voz corrente que existia um “dossiê” que o incriminava.


Quem prestar atenção às estatísticas verá que os casos de câncer de pulmão e ataques cardíacos não diminuíram no mundo, no que tenham pesado os esforços para diminuir o consumo de fumo. Com tanta poluição, o problema do fumo como fator cancerígeno é mínimo. Ninguém fala na poluição causada por aviões que cruzam os céus consumindo em média 22.000 litros de gasolina por viagem, e todas as viagens, poluidoras. Se houvesse um movimento mundial contra a poluição de aviões, uma boa fonte de renda dos Estados seria perdida. Então taxaram o tabaco que passou a ficar mais caro do que as drogas que essas, sim, matam e aleijam para toda a vida. Porém, sobre o tabaco o Estado tem controle, e sob as drogas nem pensar, porque derrubaria muitos políticos envolvidos. O senador sabia disso. Sabia também que o importante não era salvar vidas, mas que doentes fossem atendidos às custas do Estado. O dinheiro do Estado era muito mais necessário para as campanhas políticas. Os políticos á frente dos ministérios se encarregariam de distribuir o dinheiro.

O movimento “gay” crescia a olhos vistos. Cada vez mais as passeatas cresciam em número e qualidade. Lá nos EUA, Barak Obama já se declarara gay assumido sem que a bela esposa reclamasse. Isso foi um rude golpe no seu adversário político que logo após esta declaração de Obama diminuiu o seus ataques para não ferir os sentimentos da classe gay.  Os candidatos dos Partidos ao senado deveriam todos eles ser gays assumidos mas discretos, não daqueles  que desmunhecavam, exageravam nos gestos, saiam pelas ruas requebrando ou desfilando em escolas de samba completamente aturdidos pela glória de se mostrarem em público.

A Igreja Católica sempre freqüentara os corredores do Congresso e tinham até um público grande. Já havia contribuído com verbas e campanhas disfarçadas no passado para a eleição de políticos, e os casos de pedofilia vindos a público em nada recomendavam candidatos desta religião, e havia que repensar. Novas Igrejas estavam agora ocupando espaços da Igreja Católica que era muito tradicional e se transformava em Ortodoxa. Os santos desta Igreja já não faziam milagres. Mas havia uma que os estava fazendo todos os dias em seus templos. Curavam cânceres, paralisias, expulsavam demônios, cegueiras, mudos voltavam a falar, e tudo em troca de pagamentos de dízimos e compra de artigos milagrosos de artesanato. Este era o melhor perfil religioso para o candidato. Mas sem exagerar. Bastava que dissesse uma vez só na campanha que pertencia à turma do Valdomiro e nunca mais falaria nisso. Além destes, os das outras religiões votariam nele também. E a pesar de não serem tão ricas quanto a Igreja Católica - que só aparecia no Sendo para pedir dinheiro - estas contribuíam com muito mais para as campanhas. Um bispo era até ministro da pesca. Coisa bem bolada!

O senador sabia que o consumo de drogas estava aumentando no país. Senadores seus amigos até defendiam penas menores para viciados, para traficantes, a polícia nunca sabia por onde entravam as drogas nem onde se vendiam. O cigarro, daquele tabaco tradicional das Américas, esse, sim, era pernicioso mas dava uma boa arrecadação e merecia ser vendido a peso de ouro. Drogas eram a distração do povo, que o mantinha feliz. Nem pensar em diminuir o consumo das drogas, ainda mais que serviam bem à causa: muito do dinheiro proveniente das drogas fazia as delícias de muitos políticos, policiais, promotores e juizes. Eram uma força dentro do governo e não era bom brigar com eles. Por isso, o melhor seria um candidato egresso das drogas. Um convertido. Declararia logo no início da campanha que já tinha usado drogas e vendido algumas lá na favela onde vivera com sua pobre mãe diarista. Por isso teria que ser analfabeto. Ou quase!

O senador articulista, que tudo articulava no senado, sabia do mundo que o cercava. Quando não era possível comprar o voto dos cidadãos, infalivelmente votavam nos candidatos com quem se identificassem. Num país de esmagadora maioria analfabeta ou com baixíssima instrução, o ideal seria algum candidato também com o mesmo perfil. Por um processo de identificação e representatividade, candidato saído da mesma classe ou situação social dos eleitores seria sucesso certo. Quando as listas prévias para votação passassem por um candidato desses, nos corredores apressados do senado, bastava que alguém mais próximo lhe dissesse do que se tratava, mesmo mentindo, para que ele apusesse rapidamente e sem titubear o seu jamegão na lista, a assinasse em nome do que era “bom para o Brasil e o Partido”.

Tinha que ser casado. Desde os tempos de Jesus Cristo que religioso ou político não tinham o menor crédito se fossem solteiros, desgarrados, com mulher correndo atrás para arranjar um bom casamento. Ser casado era sinal de ser familiar, apoiar os movimentos em torno da família, ao velho estilo de Pátria e família, ser irresponsavelmente responsável. Se a mulher tivesse um perfil interessante, seria mostrada em fotos na campanha e desfilaria a seu lado. Se fosse uma tremenda ratazana, seria tirada do foco das atenções e substituída por uma bela secretária acompanhante de campanha, que subiria nos palanques. Imagem feminina sempre vende, até nas velhas propagandas de cigarro e cerveja. Se a mulher for promíscua, melhor, porque sempre existe a esperança de o eleitor “comer” a mulher do candidato nem que seja na pura imaginação. Seria casado o candidato.

Faltava definir o perfil psicológico, mas o senador não precisou pensar muito. Bom candidato sob o ponto de vista psicológico é o do “cara safo”, isto é, o do cara que sempre dá um jeitinho nas coisas, que escapa de armadilhas, que tem sempre uma resposta pronta mesmo que não seja adequada. Para isso teria que ter passado por situações na vida das quais tivesse escapado ileso. Encontraria sempre um candidato – ou candidata – da vida pública que já tivesse sido um garoto de programa, ou uma garota de programa, com fotos e vídeos pornográficos de montão pela NET, e que teria certamente de vir a público dizer que naquela época isso não era crime nem reprovável, mas que agora já tinha até vencido o problema psicológico de ter sido abusado ou abusada na infância. A prova seria o sucesso público do candidato, ou candidata. O povo vê na mentira improvável a verdade inquestionável desde que posta a nu publicamente. Ou então que já tenha passado por alguma instituição de recuperação da juventude, ou sido preso e depois libertado.

Umas aulas de postura, umas maquilagens, corte de cabelo adequado, uns ternos e gravatas ou roupas femininas condizentes, um par de óculos da moda, perfume francês e mídia comprada para publicar o que interessa e rebater o que não é desejável...

Para o senador, o candidato está pronto! Que venham as eleições!

Rui Rodrigues




sexta-feira, 29 de junho de 2012

2011 - As dívidas interna e externa de Portugal e Brasil




2011 - As dívidas interna e externa de Portugal e Brasil
(Ou até que ponto chega a insanidade moral e ética de quem dirige os destinos dos cidadãos)


Este estudo não tem a finalidade de comparar as duas economias, mas uma referência para quem tiver a curiosidade de saber como se desenvolvem, o que esperar no futuro, dependendo de quem o ler, se portugueses ou brasileiros. Minha preocupação é analisar em que medida nossos destinos e os de nossas famílias se perdem nos interesses de pequenos grupos que dominam as instituições através de pressão nos corredores onde “nossos” senadores, deputados, governadores, prefeitos, autarcas, presidentes e vice-presidentes fazem as leis e as alteram sem que nos consultem.

Brasil e Portugal são duas republicas de política democrática representativa, mas como não nos perguntam nada, apenas fazem o que lhes interessa, não nos representam: Impõem-nos o que querem. É uma ditadura disfarçada de democracia, um esforço internacional para manter o “status quo” existente onde as grandes empresas e os grandes Bancos imperam.


1- Dados para raciocinar - 2011

Brasil: População: 200.000.000
Dívida Interna – 2.500.000.000.000 dólares
Dívida Externa – 311.000.000.000 dólares
Total – aprox. 3.000.000.000.000 dólares


Portugal: População: 10.000.000 
Dívida Interna – 200.000.000.000 dólares
Dívida Externa - 600.000.000.000 dólares
Total – aprox. 800.000.000.000 dólares

Se dividirmos o total pela população, teremos que, cada cidadão deve, em média no total:

Cada brasileiro - 15.000 dólares ou 30.000 reais
Cada português - 80.000 dólares ou 34.000 euros.


2- Considerações 

O que vemos é que a maioria esmagadora dos cidadãos não contraiu tal dívida em particular. Alguém, ou muitos, uma multidão, que nunca se sabe quem, nem onde, nem quando, nem porque razão foram contraindo dívidas em nome da população. Não vemos que tenha sido para melhorar substancialmente os serviços públicos, as infra-estruturas, ou de qualquer forma para investimentos em centros de pesquisa, melhor educação e serviços de saúde ou transporte públicos... Toda a dívida parece ter sido contraída para atender uma classe muito especial que se encontra nas camadas mais altas da sociedade e evidentemente a classe política, conforme índices de corrupção em governos que se encontram disponíveis na Internet.

Os empréstimos são tomados na Banca, nos Bancos. Este aumentaram os juros nos empréstimos pessoais, e agências internacionais como a Moodys’s se encarregam de subi-los no plano das dívidas externas, rebaixando as classificações de países e Bancos. Isto faz parte da política de extração de dinheiro das populações sem ter muito trabalho ou produzir alguma coisa. Dinheiro fácil através de pressão política de governos que têm a seu lado as forças armadas, as polícias e os fazedores de leis.

Alegando – os Bancos- desde 2008, que poderiam correr grande risco de fechar porque dois ou três bancos demonstraram nos EUA deficiente administração, os presidentes das maiores economias do mundo correram em seu auxilio disponibilizando verbas públicas provenientes de impostos arrecadados, em vez de simplesmente deixar quebrar esses dois ou três Bancos. Eles mesmos, os dirigentes desses Bancos foram às TVs, sem gravatas, confessando as deficiências de suas administrações. Ficaram com o dinheiro público e seguraram-no, restringindo o crédito por medo da própria situação que criaram: o medo de emprestarem e não receberem. O problema é que agora, grande parte do dinheiro que têm em caixa foi dinheiro público doado...

O mundo encolheu sua economia. Cada vez se compra menos, cresce a inadimplência, cada vez se exporta menos. Ninguém quer perder dinheiro. Restringem-se as necessidades.

Ninguém quer admitir mas o mundo está em recessão, tal como em 1929.

Como nos pode passar pela cabeça que, com juros entre 6% e 12% ao ano sobre as dívidas externas acima indicadas, cada brasileiro e cada português possam pagar a dívida interna e externa?

E sabemos muito bem que, no caso da dívida interna, todos os contratos têm cláusula de reajuste. Mesmo as empresas de construção, de aprovisionamento de bens e serviços têm essas cláusulas, aumentando a dívida pública todo o ano, nos valores correspondentes, com o crescer dos juros bancários.

Mas enquanto as dívidas internas e externas sobem, a “renda per capita” e o PIB diminuem em função da retração do mercado internacional agora em recessão... Isto ainda mais inviabiliza  o pagamento das dívidas das nações.

Merkel apoiou sempre os empréstimos quando tudo estava “bem”, e agora que tudo está mal os nega. Teria sido melhor que não tivesse incentivado tanto os empréstimos para crescimento dos países da zona do Euro e agora para ajudar na crise, os liberasse, mas creio que fez parte das armadilhas do crédito, como dar doces envenenados de juros de a crianças deslumbradas em quem votamos para que nos representassem.

Os governos do mundo atuam em conjunto de forma ditatorial, mudando os conceitos de justiça e as leis para que se libertem das obrigações cidadãs do estado e possam fazer seus negócios particulares. Mas que não nos iludamos. A situação está terrivelmente feia para gregos, troianos e arredores. Balançam as contas chinesas, alemãs, francesas, espanholas, americanas, do Barhein e do Katar... De norte a sul, este a oeste.

Avacalharam a democracia e a política agora é uma questão financeira de partidos e políticos. O mundo espera por mudanças.

Em nome da Democracia Participativa,

Rui Rodrigues


Fontes de dados