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terça-feira, 3 de julho de 2012

Os distraídos




 Os distraídos

Todos nós temos os nossos momentos de desarranjo mental. Não precisamos ser idosos, na flor da juventude, ou pequenas crianças que são apanhadas com a mão dentro do pequeno pote de mel, a mão que fica presa dentro dele para dificultar a situação. Acontece com todos. Como pintor e fumante, quando usava óculos, já enfiei o pincel dentro do copo de café, passei o cigarro aceso no quadro e levei os óculos à boca. É absolutamente normal. Já dizia um grande amigo meu que não podemos nos apavorar quando pela primeira vez não damos a segunda. Temos que nos preocupar quando pela segunda vez não dermos a primeira.

Carlos era um safado de marca maior. Traía a esposa sempre que tinha oportunidade. Tinha uma amante loura como a esposa dele. Um dia estava na porta do Motel, na fila, quando viu pelo espelho retrovisor uma grande amiga e o marido no carro detrás. Imaginando que ela iria contar para a mulher, disse para a amante:

- Luíza, puxa vida! Fiquei tão louco pra ver você que me esqueci de uns documentos para uma reunião que não posso perder amanhã. Desculpa-me mas vamos ter que voltar. Fica para outro dia. Vou direto para o escritório.

Luíza, já habituada ás trapalhadas de Carlos, reclamou sem incomodar. Carlos deixou-a em casa. Imediatamente ligou para a esposa e disse-lhe:

- Carminha... Estou com um tempo livre! Vamos num Motel? A Esposa  ficou agradavelmente surpresa. Carlos apanhou-a em casa e foram exatamente para o mesmo Motel de onde tinha saído com a amante. Passaram uma noite muito agradável.

No dia seguinte a amiga que vira Carlos com a loura no carro, na fila do Motel, ligou para a esposa dele:

- Carminha! Não ia te contar, mas não agüentei! Vou te dizer a verdade: Ontem eu estava com meu marido na fila de um Motel e vi teu marido com uma loura, no carro dele, na fila, bem na minha frente.

A esposa respondeu-lhe: Que nada!... Agradeço muito o teu empenho, mas era eu, boba!

Um dia, Carlos saiu de casa com a família. A esposa na frente, as crianças atrás com a sogra. Carlos andava sempre com mulheres no carro, onde elas costumavam de vez em quando esquecer algum objeto. Numa conversão à direita, Carlos reparou num par de sapatos no piso do carro, lá atrás. Discretamente, apanhou-os e um por um, jogou-os pela janela. Ele não queria confusões. Quando parou o carro, ouviu uns resmungos lá atrás. Era a sogra!

- Gozado!... Eu tinha tirado os meus sapatos porque estava com os pés inchados e agora não os vejo!... Onde será que foram parar? Alguém os viu?

Sem falar de um amigo, sempre preocupado com as coisas do escritório, que num domingo foi ao shopping com os três filhos e a esposa. Ele ficou no carro com os filhos enquanto a esposa fazia as suas compras. Passado um tempo, a filha abriu a porta do carro e voltou a fechar. Vira a mãe saindo do shopping e abrira a porta para que ela entrasse. Como a mãe deu uma parada, a uns cinco metros do carro, para conversar com uma amiga, a filha voltou a fechar a porta. O amigo arrancou de imediato e começou a conversar sobre as compras que a esposa teria feito, enquanto a mulher dele, desesperada, ficava gritando e acenando lá atrás na calçada!

Zeca, um amigo meu que bebia muito, um dia chegou em casa e custou a achar a chave da porta. Quando a abriu, foi repetindo para si mesmo:

- Esta a minha casa...
- Esta é a minha escada para o meu quarto.
- Este é o meu quarto.
- Aquela ali é a minha cama...
- .. E aquela é a minha mulher...
- .. OOpss.. E aquele ali ao lado dela na cama, sou eu !!!!

Minha prima Angélica é muito distraída e acha que sempre a estão roubando. Um dia entrou num ônibus com um vestido rodado e uma camisa de mangas largas, com um elástico no pulso. Sentiu um cara se encostando nela e pensou que ele estava abusando. Talvez fosse um ladrão. Olhou para o braço que estava segurando aquele tubo onde as pessoas se seguram para se equilibrarem, e não viu o seu relógio. Rapidamente tirou a escova de cabelo da bolsa, e encostando-a na barriga do fulano, disse-lhe:

- Bota o relógio aí na minha bolsa, seu safado!

Quando ela sentiu o peso do relógio caindo na bolsa, saltou logo no próximo ponto. O sujeito não saiu.

Ao pisar na calçada, a manga da camisa que estivera levantada enquanto se segurava no suporte, caiu. O relógio dela estava lá...

Olhou a bolsa: dentro, um relógio masculino.


Rui Rodrigues
  

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