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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Experiências - Coisas da corrupção.

Experiências - Coisas da corrupção.


  1. Pela década de 80 peguei o avião de Barranquilla para Houston com minha esposa e meus dois filhos e estávamos certos que, ao chegarmos a Las Vegas, teríamos reservas no Circus-Circus, um cassino onde havia jogos para pais e filhos se divertirem. Quando chegamos lá, não havia nem reservas nem apartamentos vagos. Então me dirigi ao balcão e mostrei uma nota de vinte dólares – apenas 20 dólares – e consegui uma suíte excelente!... Em compensação, quando fui multado na rodovia numero 1 que liga São Francisco a Los Angeles, nem me atrevi a mostrar qualquer nota para o guarda. Com a lei não se brinca em países capitalistas e democráticos, ainda que sejam representados por republicanos.


  1. Em Angola, na década de 90, ao me encaminhar para o aeroporto de Luanda, ao final de minha primeira visita, o diretor financeiro, Dr Rui Lopes, me avisou: Aqui é costume levar um pacote de cigarros, pousá-lo no balcão de atendimento da verificação de passaportes, e esquecê-lo lá... Dizem que evita constrangimentos... Evidentemente que segui o que entendi como “advise” e deixei meu pacote de cigarros no balcão... Depois me arrependi!... Droga!... Se soubesse disso, tinha enfiado um pacote de diamantes na maleta. Nem me revistaram.... E eu sabia que Angola, apoiada por Cuba, era um país comunista! Os tanques e a artilharia cubanos que saíram do porto de Luanda rumo a Cuba, saíram como novos... Quem não gosta de diamantes?Montamos três enormes torres de iluminação por lá. Pedi para revisarem o projeto: As bases das pilastras deveriam ter quatro parafusos e não três, para combater os esforços de impactos de veículos e o vento. 


  1. No projeto El – Cerrejón, na Colômbia, vieram os advogados da companhia e fizeram uma enorme reunião com o staff da empresa. Eles disseram: Estamos recebendo muitas reclamações exageradas, baseadas em que a lei colombiana protegerá as solicitações das empresas nacionais. Por isso, é conveniente que detectem as possíveis reclamações, se reúnam com os solicitantes para revisão dos contratos e dialoguem para obter a reclamação mais justa possível. Caso isso não seja possível, irá para a corte. Algumas sub-contratadas entenderam e reconsideraram o volume “reclamado”. A mim me mandaram uma caixa de uísque escocês do melhor. Impossibilitado de receber por “conflito de interesses”, avisei o staff dos diversos setores do projeto. Decidiu-se que eu deveria aceitar e dividir o uísque entre todos. Tomamos um porre! A empresa que doou o uisque não recebera nenhum favor nosso. Era uma cortesia, e como cada um tem seu preço, o valor era irrelevante para comprar alguém. 



  1. São casos “suaves” de corrupção nos quais estive diretamente envolvido, mas há-os mais graves, sem que tenha tirado proveito. Já pedi demissões de empregos por causa disso. Sempre me garanti como engenheiro ou administrador, ou gerente, ou diretor. Se encontrarem alguém perfeito me mostrem que lhes mostrarei um impostor. Perguntar-me-ão porque conto isto e lhes direi o que segue:



  1. O ser humano é corrupto, em menor ou maior grau, porque se crê impune. Não houvesse a possibilidade de impunidade, e todos seríamos absolutamente honestos por medo das conseqüências. Os jornais estão cheios de notícias de corrupção pelo mundo e principalmente pelo Brasil. A única diferença entre o resto do mundo e o Brasil, é a porcentagem sobre o valor a ser corrompido, e a porcentagem de pessoas que praticam a corrupção em relação ao total da população [1].



  1. Agora imaginemos uma realidade que temos em frente a nossos olhos no Brasil: Uma presidente e seus partidos aliados, nomeiam ministros, presidentes de estatais, compram o senado com o mensalão que lhes permite obter a maioria nas “mudanças” à constituição, impondo sigilo inclusive sobre verbas gastas, e tem no Supremo uma equipe toda nomeada por ela... São capazes de exaurir as riquezas de uma Petrobrás, de uma Caixa econômica Federal, de um BNDES, de qualquer instituição. E ficam sem moral para denunciar os outros, desde o balconista de hotel, ao guardinha, aos empreiteiros, ao ladrão de rua que assalta pessoas e bancos: Soltam todos se forem presos!

  1. Senhoras e senhores este é o Brasil que temos! O Brasil que nos impuseram, e não acredito nas urnas...


® Rui Rodrigues





[1] Aos puristas da língua : Deu “eco” na escrita mas era imprescindível. 

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