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domingo, 23 de novembro de 2014

Prepare-se para ver um mundo que nunca imaginou.

Prepare-se para ver um mundo que nunca imaginou.



Vivemos num mundo em três dimensões – o espaço - com uma outra, o tempo, incorporada às três primeiras de forma inseparável. Perceber tudo o que se passa á nossa volta é tarefa impossível por que nossa visão e nossos sentidos ainda não o permitem, mas podemos melhorar nossa percepção. Por exemplo, imaginando um mundo em camadas de tempo-espaço [1], de tal forma que possamos perceber que outros eventos estão acontecendo em “camadas” de tempo acima, abaixo, em todas as direções em relação à camada que vemos ao alcance de nossos deficientes olhos. Para se entender melhor: Na nossa camada de tempo para aquele exato instante, estamos felizes, num estádio de futebol assistindo a um grande jogo com nossa família, mulher e dois filhos. Numa camada de tempo-espaço defasada de poucos minutos, antes do inicio do jogo, o técnico olhou atravessado para um dos jogadores. Esta camada não temos como vê-la porque  já passou no tempo e estava em um espaço em que nós não estávamos. O reflexo daquele olhar do técnico sobre o jogador é que ele agora não produz, está abatido. Nosso time perderá quando esperávamos que ganhasse. E na mesma camada de tempo, também sem termos conhecimento porque não estamos no mesmo espaço (visual), a mãe do chefe de família que assistia ao jogo de futebol está sendo levada para o hospital porque passou mal num shopping onde fazia compras. Num espaço ainda mais distante, mas no mesmo tempo, um líder mundial pode iniciar uma guerra limitada a um determinado espaço da sua fronteira.



Vivemos num mundo incontrolável que se move de forma para nós totalmente aleatória e que apenas acompanhamos no alcance de nossa visão ou por notícias instantâneas que recebemos de outras “camadas” de espaço ou tempo. Tentamos nos adaptar ao que chamamos de “circunstâncias”, ou seja, e isto é muito importante, às mudanças que cada camada de espaço-tempo ou tempo-espaço provoca nas camadas que lhe seguem. Tudo parece aleatório, mas interligado a cada segundo ou fração, de forma a dar continuidade a uma “evolução” do espaço-tempo e de tudo que ele contém. Absolutamente tudo, de forma instantânea, como se a falta de um átomo num determinado lugar e tempo, fosse imediatamente compensada numa outra camada de espaço no mesmo tempo repondo-a. Parece complicado? Talvez não... Existe uma forma simplificada de entendimento segundo a qual temos a percepção do todo sem, contudo, entendermos nada dos detalhes. Alguém já disse que uma borboleta batendo as asas em Madrid pode provocar alterações em N, York. Foi dito ao abrigo da Teoria do Caos. Agora parece mais “fácil” entendermos que a falta de um átomo perto do planeta Terra, pode provocar o aparecimento de outro perto da estrela Alfa de Centauro, só para dar um exemplo. [2]



Quando jogamos nessas loterias de números, o que esperamos que aconteça é que acertemos numa série quase interminável de coincidências altamente improváveis, que vão desde a honestidade no sistema de escrutínio dos números, até a guarda do equipamento de escrutínio, o nivelamento do solo na hora do sorteio, a temperatura ambiente que age sobre o coeficiente de dilatação das “bolas” que contêm os números, etc. São fatos que acontecem em seqüência em camadas de tempo-espaço e que têm uma resultante final: uma série de números sorteados. Se pudéssemos estar simultaneamente em todas as camadas de tempo-espaço que diretamente influenciaram o resultado, acertaríamos em cheio todos eles. Não temos tecnologia para isso. Apenas intuição e um pouco de matemática no capítulo “Cálculo das Probabilidades”, uma parte importante da matemática usada em Física Quântica. Vivemos num mundo quântico sob o aspecto físico-matemático, e num mundo de camadas sucessivas, em todas as direções, de espaço-tempo sem nada de quântico, a não ser no nível de partículas. Nossa existência de adaptações ao meio que nos cerca não tem nada de quântica. É real e raras suposições podem ser calculadas por probabilidades matemáticas.

Sim... E daí, supondo que tudo neste texto esteja correto? O que esta linha de pensamento nos oferece ou muda em nossas vidas?


Provavelmente nada mudará. Não consigo imaginar alguém que consiga reunir especialistas munidos de ótimos computadores para fazerem um histórico de todas as ocorrências de combinações de números já escrutinados num tipo de loteria, acompanhar o equipamento, medir todos os operadores que têm contato com ele, calcular a variação térmica do ambiente em que ele se envolveu, e no dia do escrutínio calcular todas as variáveis e acertar os números todos. Até poderia, digamos, mas as apostas já se teriam encerrado pelo menos meio dia antes. Haveria variáveis sem cálculo, determinantes para o resultado. A incerteza persistiria. Por isso não jogo e conheço a matemática das probabilidades, um pouco de física quântica, tenho computador... Mas falta todo o restante e os controladores das loterias encerram as apostas antes que eu possa fazer todos os cálculos com todas as variáveis. E eu sou um só. Sócios provavelmente se constituiriam em outros tipos de variáveis...



Se atentarmos para o exposto poderemos definir a irreversibilidade técnica da morte [3].  Morte é morte. Podemos num instante não poder garantir se um de nós está ou não realmente morto, mas passados dias o corpo começa a entrar em decomposição. Se tivermos feito anotações e anotado o instante em que seus sinais vitais se anularam, poderemos dizer mais ou menos exatamente, no nível de minutos, a que horas faleceu. Nesse exato instante, a camada de espaço-tempo em que se encontrava o corpo, e que estava em movimento, continuou em seu movimento. Todas as outras camadas seqüentes incluem um corpo morto em grau progressivo de decomposição. Estas camadas de espaço tempo não retornam. Evoluem, como que são “consumidas”, desaparecem de fato, como se fossem umas ondas de “n” funções, “z” variáveis. Há uma teoria – a Teoria dos Universos paralelos – segundo a qual existimos em diversos universos. Se num morremos, em outro continuaremos doentes ou machucados, e, em outros, nem ficamos doentes nem machucados, continuando vivos e saudáveis. Não há nada que comprove esta teoria, linda, interessante e confortável para nossos espíritos que vivem de esperanças á base de endorfinas [4].
A não ser apenas na Física Quântica aplicada a partículas segundo a qual seria possível a existência de “anéis de tempo”, em que os fatos se repetem sucessivamente em todas as camadas de tempo anteriores e posteriores, nada mais é possível movimentar-se para “trás”, para frente ou para qualquer lado em relação ao vetor tempo do espaço. Não há como “evitar” uma batida de automóvel depois que ela aconteceu. Nunca haverá. O tempo é algo irreversível, movimentando-se em camadas em todas as direções, como se fosse um vetor irradiante.



Inconformados ou não com as leis da natureza deste mundo cognitivo em que vivemos, passamos vidas inteiras cercados de perguntas, a maioria sem respostas. Ainda. Estamos fazendo enormes progressos a uma velocidade exponencial fruto da cadeia do conhecimento: A cada nova descoberta novas portas do conhecimento se abrem como se vê em ramos de árvores. Não temos nenhuma certeza de um dia virmos a descobrir o que se passa em outras camadas de espaço-tempo à nossa volta num determinado “tempo” em nossas vidas, e adivinhar o resultado de loterias depende de tantos fatores que lidar com “sorte” – que não existe, mas com a qual lidamos cheios de “esperança” – só é benéfico pelas endorfinas que nos faz jogar em nosso cérebro sonhando com a fortuna que iremos ganhar. A fé é, portanto, apenas um mecanismo que serve para nos fazer produzir endorfinas e dar prazer, ainda que esse prazer possa desviar a nossa atenção das realidades que nos cercam. Podemos morrer num determinado instante, abarrotados das ultimas endorfinas que nos possam fazer sonhar com um céu ao alcance em alguns segundos mais, onde haverá leite e mel, sombra, lagos, férias perenes ao final de uma vida conturbada em luta para sobreviver e se reproduzir.

Para quem não está habituado ou não sabe como viver em auto-suficiência poderá parecer difícil. Para quem tem “os pés no chão” e analisa a maior quantidade de fatores que podem influir em suas vidas e toma as providências que pode, sempre singrará a vida com maior facilidade por ter mais hipóteses de lidar mais adequadamente com o imponderável. Este imponderável é uma resultante do que acontece simultaneamente em outros espaços deste universo. Pessoas “bem sucedidas” geralmente aparentam uma predisposição para a introspecção com boa dose de humor... A introspecção para meditar sobre as probabilidades de comportamento do espaço-tempo com tudo o que ele contém no seu entorno (dela, pessoa) e humor para rir nas desgraças e arranjar forças para continuar com sua introspecção.



Ame, divirta-se bastante e tenha fé... O amor, a diversão e a fé são os maiores agentes de produção de endorfinas! E, se reparar, as endorfinas não se preocupam com o “que”: Que tipo de fé, de amor ou diversão.
Se tiver a curiosidade de se perguntar: E depois da morte? Então, retorne ao inicio deste texto e volte a ler, agora mais devagar.

® Rui Rodrigues






[1] Basta nos preocuparmos preferencialmente com o tempo e depois com o espaço, em vez do contrário.Em "que" estou e não "onde" estou. 
[2] Para entendermos melhor precisaríamos saber o que é “entrelaçamento quântico”.
[3] Até para Jesus Cristo. A prova é que já não está entre nós. O milagre de ter aparecido a apóstolas, é questionável, como tem sido ao longo dos séculos: Eram amigos, tinham interesses em comum, o tema era atraente e convidava para o milagre. Não há notícias de que Jesus ressuscitado, mas nu, tenha passado em casa ou num armazém para apanhar ou comprar uma túnica.  Maria Madalena o teria visto completamente nu, o que não deveria ser novidade para ela. Os textos – incluindo os apócrifos - indicam que havia grande probabilidade de serem casados. E não se sabe “quando” exatamente Jesus morreu, nem se foi “enterrado” vivo, dado como morto, até para despistar as autoridades, vindo a falecer depois. 
[4] Endorfinas, compostos químicos produzidos em nosso cérebro e que nos dão a sensação de prazer. São produzidos através de “estimulações”. A esperança é uma delas, assim como a fé, a segurança. Tudo que nos parece “bom” solta a produção de endorfinas. Quanto maior a estimulação, maior a produção delas.  

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