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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Golem – Ai meu Deus!

Golem – Ai meu Deus!

 

E pegou Deus um pedaço de barro e dele fez uma imagem. Deus tinha mãos e fazia imagens. Precisava ter olhos e bom gosto. Gostou da imagem e soprou-a. Deus tinha pulmões. E após o sopro, a imagem andou, caminhou, correu, experimentou ser dona de seus atos. Podia agir. Deus lhe deu a vida e a chamou de “homem e mulher”. Deus era um homem ou uma mulher, quem sabe até os dois, e fazia imagens que se reproduziam, porque ao homem lhe deu um par de gônadas e um apêndice, e à mulher uma gruta selada. Deus e criaturas cada um à semelhança do outro, de tal forma que para qualquer leigo, fica difícil garantir quem terá criado quem: Se Deus aos homens e mulheres, se estes a Deus. Porém, sendo Deus por definição único, “incriado”, ou seja, ninguém nem nada o criaram, não precisaria de sexo, quer fosse constituído de um par de gônadas e um apêndice, quer de uma gruta selada. A ser Deus o criador, separou os sexos para que as criaturas se criassem a si mesmas sem necessidade de sua intervenção constante, como fazem as parteiras. Da mesma forma fez os outros seres vivos, porque as criaturas são sabiam produzir vida nova, novas espécies. E toda a vida se reproduz a si mesma. Não tendo mais nada para fazer, descansou desde o sétimo dia da criação até hoje e ninguém sabe onde ele está. Dizem os crentes que está no céu, mas é o céu tão vasto e infinito que a sua localização exata é impossível, ainda mais que apenas conseguimos ver uma parte infinitamente pequena do céu. Disseram então, ao perceber isto, que Deus está em toda parte. Fazendo o quê, se criou um Universo que se basta a si mesmo, criaturas que se bastam a si mesmas? Existem muitas hipóteses, mas nenhuma dita e confirmada por ele, apenas teses humanas, das criaturas a quem deu vida de forma indireta. Deus não era professor: Não ensinou nem Adão, nem Eva nem Lillit a escrever, aritmética, geometria. Nada. Nem a se vestirem. Com um Deus assim, meio ausente, fugiram do paraíso. Não foram expulsos. Deus não ficou zangado com eles, o Adão, a Lillit e a Eva por terem transado. Foi porque fugiram. Sendo a Terra redonda, e sendo Deus um Deus, e estando em toda a parte, poderia ter ido procurá-los e os trazido de volta ao lugar de origem, onde havia barro, mas não. Deixou-os à própria sorte. Arrependido de os ter criado, afogou-os a todos num dilúvio tremendo, e a humanidade hoje pensa duas vezes: Com um Deus desses, não querem nem ouvir falar em pai ou em Deus. E surgiram os ateus. Os ateus e os não ateus uniram-se na ciência. Aprenderam sozinhos a moldar o barro, a matemática, a geometria, a escrita, fizeram foguetes, viajaram por uma lasca de espaço exterior ao próprio planeta e modificaram geneticamente a vida feita por Deus. São pequenos deuses. E lembraram-se da tradição oral que tanto pode ser verdadeira como falsa, soar a verdadeiro ou a falso, mas que serve para a união de pessoas geneticamente parecidas. Para cada grupo de genes, um leque de tradições, e a do Deus que fez imagens de barro respirarem, andarem, caminharem, é tão significativa da mágica de ser Deus, que resolveram fazer golems...

 

Quem sabe, pega um pedaço de  barro, argila, pasta de cimento, massa de moldar, sopra-a e ela se agita, faz o que lhe mandam, tem vida mas não tem alma. É simplesmente um golem sem inteligência, conhecimento, saber.

 

Será que temos um golem na presidência de nossa nação?

 

® Rui Rodrigues

 

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