No
Chopp Grátis escutam-se histórias que se repassam como bastão da corrida de 4 x
100. É uma maratona.Verdade? Mentira? Quem contou? Que importa?
1.
Das concessões do sexo natural com todos os gases
e sons naturais.
Eram duas
e 02:31 da manhã, quando ouviu passar o avião, lá em cima onde não dava a
mínima, mas sentiu-se confortável porque se ouvia, estava vivo, esperando que o
sono se entregasse sem resistência para dormir. Era preciso aprisionar o sono,
porque solto, não serve para nada. Então teclou aproveitando os momentos. A seu
lado, Ingrid acariciava-lhe o pau duro como uma verga de concreto. Ela queria
seu corpo, e sua presença a seu lado, por mais simpática que parecesse, não era
pelo que escrevia, mas pelo que tinha em suas mãos e acariciava suavemente. Seu
prazer, o de Ingrid, era dar prazer a Olav. Tinha paciência e tato. Depois que
Olav estivesse prazeroso, o pau duro pulsando, as bolas duras, então sim, ela
também quereria seu próprio prazer. Apostava também que Olav, entre o escrever
e ela, interromperia o que estava escrevendo e a preferiria. Ambos eram
naturalistas, no sentido de que tudo o que corpos faziam era natural, quer
vindo do corpo quer da mente. Ambos haviam comido batata doce depois de uma
feijoada com arroz de repolho e seus ventrículos bariáticos funcionavam a
contento. Ventrículos são válvulas, bariáticos, que funcionam por diferença de
pressão, em definições pós-modernosas. No romantismo se diria que o par
romântico soltava ventos face á comida. Moralistas diriam que essas coisas nem
se dizem. Os perfeccionistas comedidos talvez até dissessem que em função da
mistura química alimentícia altamente produtora de gases, o casal ventilava por
vias anais. No realismo, assim na lata, que o par peidava por causa da comida
que faz peidar pra caralho e que isso é tão natural que não empata foda. Típico
da provinciana Madame Bovary de um marido e muitos amantes. Alguém disse em
algum lugar, em tempo incerto, que o melhor do casamento é a oportunidade de
ter e conviver com amantes. Sem amantes, o casamento seria insosso. Quem casa
apenas pelo casamento, descasa no ano seguinte ou no máximo aguenta mais um.
Ingrid e Olav sabiam disso, mas mais importante era o prazer entre eles. Por
isso, quando o pau de Olav estava a ponto de arrebentar, e Ingrid percebeu
isso, suavemente colocou sua boca umedecida sobre a chapeleta e começou a
acariciá-lo com a língua enquanto sua mão continuava nas carícias e sua cabeça
ondulava suavemente para cima e para baixo. Olav não agüentava mais. Seus
suspiros passaram a desabafos, e então passou a arfar e a urrar, enquanto a
respiração de Ingrid se acelerava e se tornava mais audível, emitindo ligeiros
gemidos. Estava na hora. Tiraram a roupa rapidamente como que para não perderem
o momento e Ingrid se sentou no pau de Olav, duro como pedra. O primeiro som
que ouviram veio da vulva de Ingrid, pelo ar que o pau de Olav lá comprimia, e
que não tendo escapatória outra, era por ali mesmo que saía. Só se sabe o que
se procura saber, só se vê o que se quer ver, só se escuta o que se quer
escutar, só se sente o que se quer sentir. Nenhum dos dois ligou para a química
de Lavoisier nem de Boyle, e não escutaram os peidos da decomposição dos
produtos do feijão, do repolho e da batata doce que haviam ingerido. Quem
escuta sons desses nessas horas não está a fim de trepar.
2.
Abduzido no rabo do foguete.
Januário
costumava caçar tatus com o cachorro dele, o Zedoido, um vira lata descendente
de uma putaria canina generalizada. Abanava o rabo como todo cachorro que
tivesse rabo sem ser cortado, tinha olhar pidão, sentava para esperar alguma
coisa, deixava cair as orelhas ou as empinava de acordo com seu estado de
espírito. De vez em quando ficava de pau duro, e Januário tinha que lhe gritar
muito sério: Fique quieto seu bestalhão! Tá me estranhando, é? Nesse dia
Januário o Zedoido foram caçar tatu na estrada velha. Os tatus costumavam
atravessar a estrada vicinal, por onde raramente passavam veículos, e os que
mais passavam eram os de traficantes que levavam suas cargas para a cidade.
Todo mundo sabe que a polícia vigia as estradas federais e estaduais por onde
passa dez por cento da droga, e não vigia as estradas vicinais por onde passam
elefantes carregados, helicópteros, aviões, caminhões, e até trens carregados
da tal mercadoria que não paga impostos. Foi então que viram um tatu atravessar
a estrada e no meio da travessia desaparecer por encanto. Zedoido, o cachorro
correu num relâmpago para pegar o tatu e desapareceu no mesmo lugar. Januário
foi olhar e ali mesmo, onde haviam desaparecido o tatu e o cachorro zedoido,
desapareceu também. Desapareceu, é necessário que se esclareça, para quem
estivesse olhando. Teria visto pela ordem, desaparecer o tatu, depois o
cachorro e finalmente Januário. Januário nunca perdeu a visão. Sentiu-se ser
sugado por enorme pressão, e quando já estava a uns vinte metros do piso da
estrada de terra onde pretendia caçar tatus, subiu aos céus sem asas, sem
motor, sem sequer pular, e se viu de repente dentro de uma nave, num compartimento
circular cercado de sete mulheres maravilhosas a pesar de suas cores moventes.
Os órgãos parados eram cor de rosa. Os que se moviam sem função específica,
eram vermelhos. Os que exerciam função eram azuis. Seus cérebros eram
transparentes, e dentro, tudo tinha cores diferentes, havia luzes piscando de
todas as cores, mas o que mais impressionou Januário é que estavam nuas, tinham
dois peitos na frente e dois atrás e três vaginas, sendo uma raspada, outra de
pentelhos aparados e outra cabeluda, e, além disso, tinham duas bundas, uma á
frente e outra atrás. A terceira vagina ficava entre os peitos peitorais, não
nos peitos das costas. Januário ficou com a boca aberta, o olhar perdido no
infinito, desde que entrou no compartimento, até trinta dias depois de ter sido
liberado da abdução. Há coisas que é melhor nem descrever, deixando a
imaginação correr solta, porque nestes casos, tudo o que se puder imaginar,
tudo mesmo, aconteceu. Se não pôde imaginar, fique certo (a) que também
aconteceu. Januário é hoje o próprio êxtase. Ficou com um sentimento de
frustração: Para transar com mulheres dessas, os da raça delas teriam que ter
três picas, coisa que ele gostaria de ter tido, mas não pôde ter. Ou será
que... Foi então que, num esforço supremo de memória se lembrou. Seus dois
dedos do meio das mãos se haviam temporariamente transformado em enormes falos.
Por momentos se havia transformado num ser humano caçador de tatus, num
portentoso trêspicador de fêmeas ansiosas. A sua que era natural, e duas mais, uma
em cada dedo maior de cada mão. De volta á Terra, pensou na criação humana e
como tinha sido deficiente se comparada á dos alienígenas. Foi então que
reparou no tatu que fugia livremente, e em seu cachorro Zedoido de olhar
perdido no tempo e no espaço, um olho para cima e outro mais para baixo,
orelhas descendentes, em completa posição meditativa. Alguma alienígena era
tarada ou não teve outra opção, ou Januário cedeu o lugar, ou era apenas uma
experiência para estudar os resultados.
3.
Eu disse Copacabana!
Januário
ficou cego e até então, depois de abduzido, vivia como pedinte numa rua de Belo
Horizonte, mantendo o olhar perdido no espaço, sempre olhando para cima, e sua
mão direita estava sempre em afagos dentro de suas calças surradas, brilhantes e
puídas. Seu segredo era seu tesouro pessoal intransmissível, por que ninguém
acreditaria. Um analista, vindo de Bagé no Rio Grande do Sul, porém, dizia que
não. Januário não teria sido abduzido: Teria comido todas as mulheres gostosas
da cidade, andava foragido de namorados, noivos e maridos, e vivia em êxtase
lembrando os tempos passados.
Um dia
Januário se mudou para o Rio de Janeiro, porque estava descomposto, com o pau
de fora, num porre fenomenal. Sem visão essas coisas podem acontecer. Um
turista dissera-lhe no ouvido. Vai para o Rio de Janeiro, cara... Para
Copacabana... Com essa vara tu vai se dar bem ás pampa! E lá foi o Januário...
Chegou na rodoviária do Rio pegou o ônibus para Copacabana. A meio do caminho,
escutou o povo dizer: Olha a praia... Olha a praia, e saltou pensando que era
Copacabana. Saltou do ônibus, foi até a calçada na bengala, e sentou-se numa
soleira de edifício. Pelas calças rasgadas o pau dele saltou para fora para
pegar um pouco de sol e ar da praia. Uma senhora passou, e disse-lhe: - Vem
comigo que vou cuidar de você. Levou-o para casa e deu-lhe um banho. No banho
começou a putaria. Toda mulher tem que ser uma dama na sociedade e uma puta na
cama, como disse meu amigo Juca Chaves que dirá que nunca me conheceu. E após o
banho, ela lhe deu de comer e o vestiu com um pijama lavado, passado e
cheiroso. Foi depois que a campainha tocou. A mulher abriu a porta, Januário
ouviu sussurros e beijos, e também a mulher contar a história desde que ela o
vira até lhe vestir o pijama, omitindo obviamente o sexo que haviam feito no
banheiro. E sentiu os passos do homem vindo na sua direção. Então escutou um
berro impressionante: - Eu disse Copacabana, seu filho da puta... COPACABANA
!!!!!!!!!!!
® Rui
Rodrigues.
Amigo vc está se superando a cada conto, parabéns
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