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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Devaneios besteirólicos chulos.


 No Chopp Grátis escutam-se histórias que se repassam como bastão da corrida de 4 x 100. É uma maratona.Verdade? Mentira? Quem contou? Que importa?

1.  Das concessões do sexo natural com todos os gases e sons naturais.

Eram duas e 02:31 da manhã, quando ouviu passar o avião, lá em cima onde não dava a mínima, mas sentiu-se confortável porque se ouvia, estava vivo, esperando que o sono se entregasse sem resistência para dormir. Era preciso aprisionar o sono, porque solto, não serve para nada. Então teclou aproveitando os momentos. A seu lado, Ingrid acariciava-lhe o pau duro como uma verga de concreto. Ela queria seu corpo, e sua presença a seu lado, por mais simpática que parecesse, não era pelo que escrevia, mas pelo que tinha em suas mãos e acariciava suavemente. Seu prazer, o de Ingrid, era dar prazer a Olav. Tinha paciência e tato. Depois que Olav estivesse prazeroso, o pau duro pulsando, as bolas duras, então sim, ela também quereria seu próprio prazer. Apostava também que Olav, entre o escrever e ela, interromperia o que estava escrevendo e a preferiria. Ambos eram naturalistas, no sentido de que tudo o que corpos faziam era natural, quer vindo do corpo quer da mente. Ambos haviam comido batata doce depois de uma feijoada com arroz de repolho e seus ventrículos bariáticos funcionavam a contento. Ventrículos são válvulas, bariáticos, que funcionam por diferença de pressão, em definições pós-modernosas. No romantismo se diria que o par romântico soltava ventos face á comida. Moralistas diriam que essas coisas nem se dizem. Os perfeccionistas comedidos talvez até dissessem que em função da mistura química alimentícia altamente produtora de gases, o casal ventilava por vias anais. No realismo, assim na lata, que o par peidava por causa da comida que faz peidar pra caralho e que isso é tão natural que não empata foda. Típico da provinciana Madame Bovary de um marido e muitos amantes. Alguém disse em algum lugar, em tempo incerto, que o melhor do casamento é a oportunidade de ter e conviver com amantes. Sem amantes, o casamento seria insosso. Quem casa apenas pelo casamento, descasa no ano seguinte ou no máximo aguenta mais um. Ingrid e Olav sabiam disso, mas mais importante era o prazer entre eles. Por isso, quando o pau de Olav estava a ponto de arrebentar, e Ingrid percebeu isso, suavemente colocou sua boca umedecida sobre a chapeleta e começou a acariciá-lo com a língua enquanto sua mão continuava nas carícias e sua cabeça ondulava suavemente para cima e para baixo. Olav não agüentava mais. Seus suspiros passaram a desabafos, e então passou a arfar e a urrar, enquanto a respiração de Ingrid se acelerava e se tornava mais audível, emitindo ligeiros gemidos. Estava na hora. Tiraram a roupa rapidamente como que para não perderem o momento e Ingrid se sentou no pau de Olav, duro como pedra. O primeiro som que ouviram veio da vulva de Ingrid, pelo ar que o pau de Olav lá comprimia, e que não tendo escapatória outra, era por ali mesmo que saía. Só se sabe o que se procura saber, só se vê o que se quer ver, só se escuta o que se quer escutar, só se sente o que se quer sentir. Nenhum dos dois ligou para a química de Lavoisier nem de Boyle, e não escutaram os peidos da decomposição dos produtos do feijão, do repolho e da batata doce que haviam ingerido. Quem escuta sons desses nessas horas não está a fim de trepar.

2.  Abduzido no rabo do foguete.    

Januário costumava caçar tatus com o cachorro dele, o Zedoido, um vira lata descendente de uma putaria canina generalizada. Abanava o rabo como todo cachorro que tivesse rabo sem ser cortado, tinha olhar pidão, sentava para esperar alguma coisa, deixava cair as orelhas ou as empinava de acordo com seu estado de espírito. De vez em quando ficava de pau duro, e Januário tinha que lhe gritar muito sério: Fique quieto seu bestalhão! Tá me estranhando, é? Nesse dia Januário o Zedoido foram caçar tatu na estrada velha. Os tatus costumavam atravessar a estrada vicinal, por onde raramente passavam veículos, e os que mais passavam eram os de traficantes que levavam suas cargas para a cidade. Todo mundo sabe que a polícia vigia as estradas federais e estaduais por onde passa dez por cento da droga, e não vigia as estradas vicinais por onde passam elefantes carregados, helicópteros, aviões, caminhões, e até trens carregados da tal mercadoria que não paga impostos. Foi então que viram um tatu atravessar a estrada e no meio da travessia desaparecer por encanto. Zedoido, o cachorro correu num relâmpago para pegar o tatu e desapareceu no mesmo lugar. Januário foi olhar e ali mesmo, onde haviam desaparecido o tatu e o cachorro zedoido, desapareceu também. Desapareceu, é necessário que se esclareça, para quem estivesse olhando. Teria visto pela ordem, desaparecer o tatu, depois o cachorro e finalmente Januário. Januário nunca perdeu a visão. Sentiu-se ser sugado por enorme pressão, e quando já estava a uns vinte metros do piso da estrada de terra onde pretendia caçar tatus, subiu aos céus sem asas, sem motor, sem sequer pular, e se viu de repente dentro de uma nave, num compartimento circular cercado de sete mulheres maravilhosas a pesar de suas cores moventes. Os órgãos parados eram cor de rosa. Os que se moviam sem função específica, eram vermelhos. Os que exerciam função eram azuis. Seus cérebros eram transparentes, e dentro, tudo tinha cores diferentes, havia luzes piscando de todas as cores, mas o que mais impressionou Januário é que estavam nuas, tinham dois peitos na frente e dois atrás e três vaginas, sendo uma raspada, outra de pentelhos aparados e outra cabeluda, e, além disso, tinham duas bundas, uma á frente e outra atrás. A terceira vagina ficava entre os peitos peitorais, não nos peitos das costas. Januário ficou com a boca aberta, o olhar perdido no infinito, desde que entrou no compartimento, até trinta dias depois de ter sido liberado da abdução. Há coisas que é melhor nem descrever, deixando a imaginação correr solta, porque nestes casos, tudo o que se puder imaginar, tudo mesmo, aconteceu. Se não pôde imaginar, fique certo (a) que também aconteceu. Januário é hoje o próprio êxtase. Ficou com um sentimento de frustração: Para transar com mulheres dessas, os da raça delas teriam que ter três picas, coisa que ele gostaria de ter tido, mas não pôde ter. Ou será que... Foi então que, num esforço supremo de memória se lembrou. Seus dois dedos do meio das mãos se haviam temporariamente transformado em enormes falos. Por momentos se havia transformado num ser humano caçador de tatus, num portentoso trêspicador de fêmeas ansiosas. A sua que era natural, e duas mais, uma em cada dedo maior de cada mão. De volta á Terra, pensou na criação humana e como tinha sido deficiente se comparada á dos alienígenas. Foi então que reparou no tatu que fugia livremente, e em seu cachorro Zedoido de olhar perdido no tempo e no espaço, um olho para cima e outro mais para baixo, orelhas descendentes, em completa posição meditativa. Alguma alienígena era tarada ou não teve outra opção, ou Januário cedeu o lugar, ou era apenas uma experiência para estudar os resultados.



3.  Eu disse Copacabana!



Januário ficou cego e até então, depois de abduzido, vivia como pedinte numa rua de Belo Horizonte, mantendo o olhar perdido no espaço, sempre olhando para cima, e sua mão direita estava sempre em afagos dentro de suas calças surradas, brilhantes e puídas. Seu segredo era seu tesouro pessoal intransmissível, por que ninguém acreditaria. Um analista, vindo de Bagé no Rio Grande do Sul, porém, dizia que não. Januário não teria sido abduzido: Teria comido todas as mulheres gostosas da cidade, andava foragido de namorados, noivos e maridos, e vivia em êxtase lembrando os tempos passados.
Um dia Januário se mudou para o Rio de Janeiro, porque estava descomposto, com o pau de fora, num porre fenomenal. Sem visão essas coisas podem acontecer. Um turista dissera-lhe no ouvido. Vai para o Rio de Janeiro, cara... Para Copacabana... Com essa vara tu vai se dar bem ás pampa! E lá foi o Januário... Chegou na rodoviária do Rio pegou o ônibus para Copacabana. A meio do caminho, escutou o povo dizer: Olha a praia... Olha a praia, e saltou pensando que era Copacabana. Saltou do ônibus, foi até a calçada na bengala, e sentou-se numa soleira de edifício. Pelas calças rasgadas o pau dele saltou para fora para pegar um pouco de sol e ar da praia. Uma senhora passou, e disse-lhe: - Vem comigo que vou cuidar de você. Levou-o para casa e deu-lhe um banho. No banho começou a putaria. Toda mulher tem que ser uma dama na sociedade e uma puta na cama, como disse meu amigo Juca Chaves que dirá que nunca me conheceu. E após o banho, ela lhe deu de comer e o vestiu com um pijama lavado, passado e cheiroso. Foi depois que a campainha tocou. A mulher abriu a porta, Januário ouviu sussurros e beijos, e também a mulher contar a história desde que ela o vira até lhe vestir o pijama, omitindo obviamente o sexo que haviam feito no banheiro. E sentiu os passos do homem vindo na sua direção. Então escutou um berro impressionante: - Eu disse Copacabana, seu filho da puta... COPACABANA !!!!!!!!!!!  




® Rui Rodrigues.      

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