Arquivo do blog

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Vou-me embora pra Vanuatu



(Que me desculpe Manuel Bandeira... Mas Vanuatu existe e nem é um paraíso. E não resisti a aproveitar seus belos versos sobre Pasárgada que já não existe mais)

Vou-me embora pra Vanuatu
Lá nem precisa conhecer o presidente.
Mas pode ter-se a mulher que se quer
Na cama que se escolher



Vou-me embora pra Vanuatu
Vou-me embora pra Vanuatu
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência não é uma aventura
De tal modo conseqüente
Que Anta a louca de atar
Presidente e falsa demente
Vem a ser contraparente
De barbudo sapo pra nosso azar.



E como farei ginástica
Andarei de bicicleta sem facada
Montarei em anta braba
Subirei no pé de cajarana
Onde a Anta está amarrada!

E quando estiver cansado
Deito na beira da praia
Mando chamar Iemanjá
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Mamãe vinha me contar

Vou-me embora pra Vanuatu
Em Vanuatu tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a roubalheira
Funciona telefone automático
Há segurança à vontade
Tem prostitutas bonitas
Diferentes desta a reinar.


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me acabar
— Lá sou amigo do presidente —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
E se a anta a sumir vier me avisem.
Que logo voltarei de Vanuatu.


® Rui Rodrigues 

PS- Manuel Bandeira morava num apartamento, não me lembro se no sétimo ou oitavo andar, onde hoje existe um edifício "novo" construído em 1976, na esquina da Avenida Antonio Carlos, numero 51. Construí esse edifício pela Montreal Engenharia. Tive oportunidade de visitar o apartamento, com paredes vermelhas antes que o demolissem. Meu contato com Manuel Bandeira foi apenas e infelizmente através de seus versos. Infelizmente por não lhe ter pelo menos apertado a mão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato por seus comentários.