No
sábado, dia 20 de junho, e depois de uma semana inteira dando uma geral
caprichada na casa, recebi a visita de minha neta, minha filha e a mãe. Uma
família novamente reunida. Tinham chegado na sexta-feira. Estas visitas são o
que há de melhor na vida de qualquer ser humano. Fomos à praia, quase sete
quilômetros de praia só pra nós, porque sempre está vazia, e andamos pelas
dunas, de frente para sete ilhas. Normalmente a praia tem poluição zero, uma
das dez únicas do Brasil, mas ou os ventos e a agitação marítima conseqüente,
ou algum navio mal educado que passa em frente, deixam esteiras de lixo. Desta
vez havia algum, e no meio dele, minha filha descobriu um sapato de senhora,
“Made in Brazil”, apenas o arcabouço, o esqueleto. Sempre que parece
interessante, costumo aproveitar uma ou outra peça, como um pedaço de raiz dura
da qual fiz uma bengala preta com cabeça de cavalo dentuço e “olhudo” com crina
de barbante, bem resistente, e um baiacu seco que pintei e ao qual dei vida com
pele colorida imitando o original, olhão amarelo e uma dentadura branca
reluzente de fazer inveja a qualquer protético. O que fazer com o sapato de
salto alto?
Lembrei-me
da sensualidade de um sapato de mulher, e dos tempos antigos em que se tomava
champanhe bebendo direto de um sapato feminino, novo, a estrear, tanto quando a
própria mulher. Nada como uma aventura amorosa de compartilhamento total de
corpos, intenções... Um suporte para garrafa de vinho ou de champanhe seria
perfeito, não fosse o caso de, pela altura do salto, o sapato ficar bambo. Mas
isso se resolve. Fiz um corte numa rolha de cortiça pura, e retirei o pequeno
cilindro que encaixei com cola na ponta do salto. Não sendo bastante, colarei 4
pequenos cilindros de bambu japonês que tenho aqui em casa, dois de cada lado
da “sola” do sapato. O esqueleto do sapato é do tipo “peça inteira”, de algum
produto sólido e duro que se assemelha a plástico, e tem sulcos na parte
inferior onde posso encaixar os pedaços de bambu.
E deve ser vermelho para dar sensualidade ao vinho da garrafa, mas nada muito “esnobe”, para que mantenha sua característica de peça única, artesanal, feito em casa. Terá uma porção de bolinhas coloridas ao melhor estilo Minnie, sem perder a classe.
Figura
1- Eis o sapato tal como encontrado.
(Exceto pela rodela de rolha de cortiça sob o salto para dar estabilidade, e uma limpeza geral)
(Exceto pela rodela de rolha de cortiça sob o salto para dar estabilidade, e uma limpeza geral)
Figura 2- Começando a pintura
Figura 4- Pronto... Trabalho acabadado, simples e eficiente.Pode ventar à vontade que o vento não a derruba.
® Rui Rodrigues
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