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domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Política no Brasil em alguns tons de amarelo, azul e verde.

A Política no Brasil em alguns tons de amarelo, azul e verde.
Ou, “caindo na real”.


Antes de seguir adiante tenho que esclarecer um ponto muito importante: Prevalece neste texto a isenção tal como expressa no site [i] da Democracia Participativa Total.
Nela, haver ou não partidos políticos não faz a mínima diferença, porque não elegem ninguém nem têm poder de decisão. Aliás, nenhum político tem, porque todas as decisões de Estado são votadas publicamente. Nos Estados também. O Brasil seria uma Confederação com mais liberdade para os Estados. Amamos o Brasil e o povo brasileiro, nossa nação e estamos certamente preocupados com os rumos de nossa política interna e externa que se reflete na economia. Como parece cinza, tal como uma nuvem em vários tons no céu de anil de encantos mil, vejamos o que há nesses tons [ii] iluminados por nossa bandeira.

1.     O povo brasileiro

Como podemos definir o povo brasileiro e que importância isso tem na análise política econômica de nossa nação? Na verdade nem precisamos definir-nos as características. Somos um povo humano como outro qualquer. O que nos diferencia é o nível de cultura médio da população, os índices de pobreza, o nível dos serviços públicos, o desenvolvimento tecnológico, nossa posição relativa entre as nações do planeta. Isto inclui mortalidade infantil, produto interno bruto, IDH, e todos os tipos de análise usuais e disponíveis em Organizações Mundiais que juntam seus esforços para determinar como vai a vida neste planeta.

Sob este enfoque, estamos mal. Muito mal. Costumamos dizer que a América do Norte e a Europa são os locais do globo mais desenvolvidos. Que a Ásia tem bastantes pontos de desenvolvimento geral comparáveis à Europa e à América do Norte, que a África é o lugar mais atrasado do planeta. Nosso lugar pelos índices gerais de análise estaria em algum lugar da Ásia ou da África. Aqui na América do Sul, a maioria dos países nos dá um caldo em educação, em infraestruturas, e só perdem em tamanho, na classificação em termos de economia e geralmente no futebol. Mas onde está o erro se somos um povo trabalhador e empreendedor, não desistimos nunca, e somos tão ricos no solo, no subsolo, no mar, temos fábricas, prestamos serviços, somos autossuficientes em petróleo (a menos que nos tenham enganado), e somos donos das maiores riquezas minerais como minérios em geral e até em nióbio? Temos os cristais de quartzo mais puros do planeta para fabricar chips de computador e mesmo assim os importamos? Que nuvem nos assombra há séculos? Porque não podemos voar pelos céus do desenvolvimento livres dessas nuvens?

2.     O passado político que criou os hábitos até hoje



Nosso passado político passou pela submissão a uma metrópole europeia. Todos os países do mundo já passaram por uma submissão a outros países, toda a África já passou por isso, grande parte da Ásia, exceto a Rússia e até a China já foi invadida e dominada pelo Japão. Depois que as naus e caravelas começaram a traçar os oceanos, vindas todas exclusivamente da Europa, o planeta se tornou uma sua dependência. Países dependiam dela quer politica quer economicamente. Portugueses, franceses, holandeses, espanhóis, ingleses, belgas, alemães, todos eles tiveram colônias na África e/ou na Ásia, e/ou nas Américas. Todos eles fizeram e comerciaram com escravos, exploraram madeiras, derrubaram florestas, perseguiram tribos e nações autóctones, bombardearam aldeias e cidades, levaram ouro, minérios, riquezas. As próprias tribos africanas faziam escravos entre si que vendiam aos mercadores dos navios. A Inglaterra queria controlar o comércio do ópio na China e abriram uma guerra contra ela. Foram as duas primeiras nações do mundo a oficializar o comércio de drogas e a pirataria. Mas como isso se refletiu na nossa nação, em algumas outras nações também e em algumas outras não ou nem tanto?



De 1500 até 1808 quando D, João VI veio para o Brasil, este território foi explorado como todos os demais países do mundo novo e da África. Podemos dizer que, exceto pelas leis que protegiam o Reino Europeu, as demais decorriam em função não de justiça, mas de conveniências de quem as podia ter quer por dinheiro quer por poder. A partir de 1808, o Reino de Portugal tinha aqui a sua capital no Rio de Janeiro. Pouco mudou. As riquezas eram tantas que se gastava à tripa-forra. O mal era de origem. Uma questão de pudor. Era assim já no continente, mas em outros países como França, Inglaterra, Holanda, não se podia mostrar ser mais papista que o papa, ter mais influência do que o Rei. Havia uma hierarquia bem definida, uma questão de princípios que, mesmo destoando dos de hoje por questões de evolução, também mantinham as mesmas diferenças. Países anglo-saxões, nórdicos, têm um polimento e uma lisura que os países latinos, descendentes políticos do caos romano, não conseguem igualar. Isto se estende à política. Todos têm seus erros, mas nuns os erros são hábitos, noutros apenas erros eventuais. Somos dos países que criaram hábitos. Enquanto nos demais países colonizados por outras potências, escravos eram uma sociedade à parte, por aqui o senhor do engenho se deitava com escravas, as oferecia em troca de favores aos políticos. A lassidão política gera injustiças.



Em 1822 nos tornamos independentes, mas mantendo laços fraternos. Afinal, o Brasil está povoado por uma saudável miscigenação entre europeus, povos autóctones e africanos. A partir desta data, a responsabilidade de mudar tudo o que estava errado já não era da metrópole. Ficamos assim abertos às influências do mundo ao nosso redor, ligados por telefone, aviação, marinha, ao continente europeu. Em 1889 resolvemos que não seríamos nem um reinado nem um Império e estabelecemos a República. Poucos anos depois, soubemos que havia um novo regime político disponível para todos os governos da Terra: O comunismo. Foi em 1917. E em 1939, na Europa, mais um sistema político surgiu: O Nazismo, fundado por um partido de trabalhadores alemão. Em todo esse tempo, desde 1808 até 1939, sempre progredimos razoavelmente, mas sempre na traseira de países que vimos crescer e dos quais temos que sentir certa inveja, porque tiveram praticamente o mesmo prazo para se desenvolverem após a independência: EUA, Canadá. Outros ainda, embora não passassem pelo estágio do colonialismo, vingaram de forma impressionante, como o Japão, Cingapura, os países nórdicos, e a fabulosa recuperação da Alemanha mesmo depois de destroçada em duas guerras mundiais. O que tem impedido o nosso desenvolvimento para que nos tornemos uma nação equilibrada como estas, ao longo de todo este período de experiências internacionais?

Não erraríamos muito se disséssemos que houve uma simbiose, uma conivência entre o dinheiro fácil auferido por políticos no governo que não viram a necessidade de desenvolvimento nacional porque podiam importar tudo de fora, e a conformação popular que para sobreviver se aproveita dos sete pecados capitais desses políticos e lhes compra benefícios, favores, em troca de propinas. Com esta mentalidade, qualquer sistema político não vai muito longe na melhora das condições de seus cidadãos seja comunista, capitalista, de direita ou de esquerda.



Foi assim que, a partir de 1959, em plena guerra fria, e com a revolução cubana, a ideia do comunismo, ou algo mais moderado como o socialismo, começaram a tomar vulto no Brasil. Alguns presidentes chegaram a condecorar Che Guevara e a enaltecer líderes do comunismo sul-americano, um comunismo “tropical” romanceado com ideias de pirataria e heroísmos da Cavalaria feudal. No início formaram-se grupos armados que pensavam que instruindo e motivando as populações, se conseguiria mudar a mentalidade nacional, a nossa idiossincrasia. Esses grupos recebiam ajuda de Cuba, que por sua vez a recebia da China e da URSS, e promovia assaltos a Bancos, raptos. Em 1964 forças políticas se insurgiram e as Forças Armadas foram o seu braço. Muita gente ainda pensa que a revolução de 1964 foi iniciativa das forças armadas. Claro que não foi. Foi um trato entre políticos de direita, empresários (que tinham o dinheiro necessário) e militares. Em 1985 a esquerda democrática assumiu os destinos do Brasil. A partir de 2002, com a ascensão de Lula, a esquerda capitalista assentou-se no poder.

3.     A situação política atual e as eleições de 2014.

Depois dos rompantes psicológicos de Collor, muito parecidos com os do transtorno bipolar [iii], a população foi para as ruas pedindo o Impeachment. O senado deu ao povo o que pediu. Collor era nitidamente de direita moderada, por seus pronunciamentos. Na verdade, como empresário de família de empresários, era de direita. Se juntarmos tudo o que dissemos até agora, não teremos de que nos admirar de todos os partidos políticos de maior relevância no Brasil serem – ou se dizerem – de esquerda. Na verdade, só no diálogo.  



Mas como dizer que são de esquerda, se as empresas no Brasil fazem o que querem, incluindo deficiência em serviços, sem fiscalização do Estado, de tal modo que se alguém quiser reclamar terá que dirigir suas reclamações a juízes do próprio Estado? Até o governo de Collor e uma meia dúzia de anos mais, o Estado exercia a fiscalização, aplicava multas, fechava empresas. Agora é o cidadão que tem que se incomodar indo a repartições várias vezes por mês para deixar entregue a um juiz de pequenas causas as suas reclamações. Isso demora, nem sempre é resolvido, e no caso de planos de saúde pode determinar a vida ou a morte. Casos atrás de casos de corrupção em todos os partidos se acumulam sem solução nas páginas dos jornais. Os juros bancários são os mais altos do planeta, insuportáveis por uma população majoritariamente ignorante de matemática financeira. Verbas dos Estados e do governo central são destinadas a obras que ficam paradas. Como sabemos, a culpa de estarem paradas irá recair sobre o governo, e isso é dinheiro “em caixa”, porque as empresas ganharão correções financeiras mesmo sem gastarem um centavo. Estamos pagando juros por obras paradas. A maioria da população não se dá conta disto. Ninguém aparece para agilizar as obras. As obras do PAC são um exemplo. Nossas forças armadas estão sucateadas, e á frente do ministério da defesa estão generais que não deveriam estar por terem passado da idade, mas que foram mantidos porque pertencerem à filosofia do partido no poder, o PT.



Estradas estão esburacadas, os portos funcionam a meio vapor, safras já foram parcialmente perdidas. Os serviços de saúde têm muitas deficiências. O ensino não melhorou, creches fazem falta. Os transportes públicos são antigos, transitam fora dos horários, os preços não justificam o preço, ônibus são queimados todos os dias, composições de trens são depredadas por população revoltada. E isto começa a agradar à população em geral, que se revolta contra um governo como cavalo xucro se volta contra o cavaleiro.  Não é de se esperar uma ajuda moral do empresariado para uma aproximação à direita porque não lhe parece necessária: Podem fazer o que quiserem, emitirem o tipo de contrato de serviços que quiserem sem serem molestados pelo governo. O povo continua sendo o escravo que paga não só o que consome para se alimentar, como ainda para ser transportado, morar, e sustentar os gastos da corrupção e do governo. Os critérios para aferição de inflação, de produtividade, de educação e outros, são constantemente adaptados para não mostrarem a realidade. Estamos deixando de investir na produção. Nossa indústria não se atualiza, não se desenvolve. Importamos tudo, até o que poderíamos fabricar aqui. Em poucos anos mais, deixaremos de ser a sexta economia do mundo e logo deixaremos de ser a décima, a vigésima, até que tudo mude novamente. Mas com o declínio de nossa economia, menos impostos serão recolhidos. Os programas do governo encolherão. Precisamente numa fase da economia mundial em que todos os países parecem voltar a crescer. Enquanto isso, o Nordeste continua seco, sem água, morre de sede meu gado, meu alazão. 



A esquerda ficará no governo enquanto houver capital, ainda imbuída de características de heroísmo, cavalaria feudal e pirataria. Aliados ao dinheiro “colonial”, fácil, da arrecadação de impostos, os atos de governo deixam de ser relevantes. A palavra, para um povo carente de educação e cultura, consola, dá esperanças... O capital mantem no poder o comunismo verbalizado para "inglês ver". Nossa política é corrupta desde nascença, e isto tem que mudar.  

Qual a porcentagem média de pobres entre 1822 e hoje? O que mudou e o que mudará?


® Rui Rodrigues















[ii] Não publicarei estatísticas, embora este texto seja nelas baseado, por se tratar de uma impressão geral. Para matemáticos eles têm um significado. Para o povo comum, a importância é relativa. O texto é para todos.
[iii] Era voz corrente que ele agia como se cheirasse pó (cocaína)... Ficou conhecido como Fernandinho do Pó e cumprida a pena de afastamento, voltou à política. Seu voto ainda conta no plenário onde a vida nacional se resolve. 

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