A
Política no Brasil em alguns tons de amarelo, azul e verde.
Ou, “caindo na real”.
Antes de
seguir adiante tenho que esclarecer um ponto muito importante: Prevalece neste
texto a isenção tal como expressa no site [i] da Democracia Participativa
Total.
Nela,
haver ou não partidos políticos não faz a mínima diferença, porque não elegem
ninguém nem têm poder de decisão. Aliás, nenhum político tem, porque todas as decisões
de Estado são votadas publicamente. Nos Estados também. O Brasil seria uma
Confederação com mais liberdade para os Estados. Amamos o Brasil e o povo
brasileiro, nossa nação e estamos certamente preocupados com os rumos de nossa
política interna e externa que se reflete na economia. Como parece cinza, tal
como uma nuvem em vários tons no céu de anil de encantos mil, vejamos o que há
nesses tons [ii]
iluminados por nossa bandeira.
1. O
povo brasileiro
Como podemos
definir o povo brasileiro e que importância isso tem na análise política
econômica de nossa nação? Na verdade nem precisamos definir-nos as
características. Somos um povo humano como outro qualquer. O que nos diferencia
é o nível de cultura médio da população, os índices de pobreza, o nível dos
serviços públicos, o desenvolvimento tecnológico, nossa posição relativa entre
as nações do planeta. Isto inclui mortalidade infantil, produto interno bruto,
IDH, e todos os tipos de análise usuais e disponíveis em Organizações Mundiais
que juntam seus esforços para determinar como vai a vida neste planeta.
Sob este
enfoque, estamos mal. Muito mal. Costumamos dizer que a América do Norte e a
Europa são os locais do globo mais desenvolvidos. Que a Ásia tem bastantes
pontos de desenvolvimento geral comparáveis à Europa e à América do Norte, que
a África é o lugar mais atrasado do planeta. Nosso lugar pelos índices gerais
de análise estaria em algum lugar da Ásia ou da África. Aqui na América do Sul,
a maioria dos países nos dá um caldo em educação, em infraestruturas, e só
perdem em tamanho, na classificação em termos de economia e geralmente no
futebol. Mas onde está o erro se somos um povo trabalhador e empreendedor, não
desistimos nunca, e somos tão ricos no solo, no subsolo, no mar, temos
fábricas, prestamos serviços, somos autossuficientes em petróleo (a menos que
nos tenham enganado), e somos donos das maiores riquezas minerais como minérios
em geral e até em nióbio? Temos os cristais de quartzo mais puros do planeta
para fabricar chips de computador e mesmo assim os importamos? Que nuvem nos
assombra há séculos? Porque não podemos voar pelos céus do desenvolvimento
livres dessas nuvens?
2. O
passado político que criou os hábitos até hoje
Nosso
passado político passou pela submissão a uma metrópole europeia. Todos os
países do mundo já passaram por uma submissão a outros países, toda a África já
passou por isso, grande parte da Ásia, exceto a Rússia e até a China já foi
invadida e dominada pelo Japão. Depois que as naus e caravelas começaram a
traçar os oceanos, vindas todas exclusivamente da Europa, o planeta se tornou
uma sua dependência. Países dependiam dela quer politica quer economicamente.
Portugueses, franceses, holandeses, espanhóis, ingleses, belgas, alemães, todos
eles tiveram colônias na África e/ou na Ásia, e/ou nas Américas. Todos eles fizeram
e comerciaram com escravos, exploraram madeiras, derrubaram florestas,
perseguiram tribos e nações autóctones, bombardearam aldeias e cidades, levaram
ouro, minérios, riquezas. As próprias tribos africanas faziam escravos entre si
que vendiam aos mercadores dos navios. A Inglaterra queria controlar o comércio
do ópio na China e abriram uma guerra contra ela. Foram as duas primeiras
nações do mundo a oficializar o comércio de drogas e a pirataria. Mas como isso
se refletiu na nossa nação, em algumas outras nações também e em algumas outras
não ou nem tanto?
De 1500
até 1808 quando D, João VI veio para o Brasil, este território foi explorado
como todos os demais países do mundo novo e da África. Podemos dizer que,
exceto pelas leis que protegiam o Reino Europeu, as demais decorriam em função
não de justiça, mas de conveniências de quem as podia ter quer por dinheiro
quer por poder. A partir de 1808, o Reino de Portugal tinha aqui a sua capital
no Rio de Janeiro. Pouco mudou. As riquezas eram tantas que se gastava à
tripa-forra. O mal era de origem. Uma questão de pudor. Era assim já no
continente, mas em outros países como França, Inglaterra, Holanda, não se podia
mostrar ser mais papista que o papa, ter mais influência do que o Rei. Havia
uma hierarquia bem definida, uma questão de princípios que, mesmo destoando dos
de hoje por questões de evolução, também mantinham as mesmas diferenças. Países
anglo-saxões, nórdicos, têm um polimento e uma lisura que os países latinos,
descendentes políticos do caos romano, não conseguem igualar. Isto se estende à
política. Todos têm seus erros, mas nuns os erros são hábitos, noutros apenas
erros eventuais. Somos dos países que criaram hábitos. Enquanto nos demais países
colonizados por outras potências, escravos eram uma sociedade à parte, por aqui
o senhor do engenho se deitava com escravas, as oferecia em troca de favores
aos políticos. A lassidão política gera injustiças.
Em 1822
nos tornamos independentes, mas mantendo laços fraternos. Afinal, o Brasil está
povoado por uma saudável miscigenação entre europeus, povos autóctones e
africanos. A partir desta data, a responsabilidade de mudar tudo o que estava
errado já não era da metrópole. Ficamos assim abertos às influências do mundo
ao nosso redor, ligados por telefone, aviação, marinha, ao continente europeu. Em
1889 resolvemos que não seríamos nem um reinado nem um Império e estabelecemos
a República. Poucos anos depois, soubemos que havia um novo regime político
disponível para todos os governos da Terra: O comunismo. Foi em 1917. E em
1939, na Europa, mais um sistema político surgiu: O Nazismo, fundado por um
partido de trabalhadores alemão. Em todo esse tempo, desde 1808 até 1939,
sempre progredimos razoavelmente, mas sempre na traseira de países que vimos
crescer e dos quais temos que sentir certa inveja, porque tiveram praticamente
o mesmo prazo para se desenvolverem após a independência: EUA, Canadá. Outros
ainda, embora não passassem pelo estágio do colonialismo, vingaram de forma
impressionante, como o Japão, Cingapura, os países nórdicos, e a fabulosa
recuperação da Alemanha mesmo depois de destroçada em duas guerras mundiais. O
que tem impedido o nosso desenvolvimento para que nos tornemos uma nação
equilibrada como estas, ao longo de todo este período de experiências
internacionais?
Não
erraríamos muito se disséssemos que houve uma simbiose, uma conivência entre
o dinheiro fácil auferido por políticos no governo que não viram a necessidade
de desenvolvimento nacional porque podiam importar tudo de fora, e a conformação
popular que para sobreviver se aproveita dos sete pecados capitais desses
políticos e lhes compra benefícios, favores, em troca de propinas. Com esta mentalidade,
qualquer sistema político não vai muito longe na melhora das condições de seus
cidadãos seja comunista, capitalista, de direita ou de esquerda.
Foi assim
que, a partir de 1959, em plena guerra fria, e com a revolução cubana, a ideia
do comunismo, ou algo mais moderado como o socialismo, começaram a tomar vulto
no Brasil. Alguns presidentes chegaram a condecorar Che Guevara e a enaltecer
líderes do comunismo sul-americano, um comunismo “tropical” romanceado com
ideias de pirataria e heroísmos da Cavalaria feudal. No início formaram-se
grupos armados que pensavam que instruindo e motivando as populações, se conseguiria
mudar a mentalidade nacional, a nossa idiossincrasia. Esses grupos recebiam
ajuda de Cuba, que por sua vez a recebia da China e da URSS, e promovia
assaltos a Bancos, raptos. Em 1964 forças políticas se insurgiram e as Forças Armadas
foram o seu braço. Muita gente ainda pensa que a revolução de 1964 foi iniciativa
das forças armadas. Claro que não foi. Foi um trato entre políticos de direita,
empresários (que tinham o dinheiro necessário) e militares. Em 1985 a esquerda
democrática assumiu os destinos do Brasil. A partir de 2002, com a ascensão de
Lula, a esquerda capitalista assentou-se no poder.
3.
A situação política atual e as
eleições de 2014.
Depois dos
rompantes psicológicos de Collor, muito parecidos com os do transtorno bipolar [iii], a população foi para as
ruas pedindo o Impeachment. O senado deu ao povo o que pediu. Collor era
nitidamente de direita moderada, por seus pronunciamentos. Na verdade, como
empresário de família de empresários, era de direita. Se juntarmos tudo o que
dissemos até agora, não teremos de que nos admirar de todos os partidos
políticos de maior relevância no Brasil serem – ou se dizerem – de esquerda. Na
verdade, só no diálogo.
Mas como
dizer que são de esquerda, se as empresas no Brasil fazem o que querem,
incluindo deficiência em serviços, sem fiscalização do Estado, de tal modo que
se alguém quiser reclamar terá que dirigir suas reclamações a juízes do próprio
Estado? Até o governo de Collor e uma meia dúzia de anos mais, o Estado exercia
a fiscalização, aplicava multas, fechava empresas. Agora é o cidadão que tem
que se incomodar indo a repartições várias vezes por mês para deixar entregue a
um juiz de pequenas causas as suas reclamações. Isso demora, nem sempre é
resolvido, e no caso de planos de saúde pode determinar a vida ou a morte. Casos
atrás de casos de corrupção em todos os partidos se acumulam sem solução nas
páginas dos jornais. Os juros bancários são os mais altos do planeta, insuportáveis
por uma população majoritariamente ignorante de matemática financeira. Verbas dos
Estados e do governo central são destinadas a obras que ficam paradas. Como
sabemos, a culpa de estarem paradas irá recair sobre o governo, e isso é
dinheiro “em caixa”, porque as empresas ganharão correções financeiras mesmo
sem gastarem um centavo. Estamos pagando juros por obras paradas. A maioria da
população não se dá conta disto. Ninguém aparece para agilizar as obras. As obras
do PAC são um exemplo. Nossas forças armadas estão sucateadas, e á frente do
ministério da defesa estão generais que não deveriam estar por terem passado da
idade, mas que foram mantidos porque pertencerem à filosofia do partido no
poder, o PT.
Estradas
estão esburacadas, os portos funcionam a meio vapor, safras já foram
parcialmente perdidas. Os serviços de saúde têm muitas deficiências. O ensino
não melhorou, creches fazem falta. Os transportes públicos são antigos, transitam
fora dos horários, os preços não justificam o preço, ônibus são queimados todos
os dias, composições de trens são depredadas por população revoltada. E isto
começa a agradar à população em geral, que se revolta contra um governo como
cavalo xucro se volta contra o cavaleiro. Não é de se esperar uma ajuda moral do
empresariado para uma aproximação à direita porque não lhe parece necessária:
Podem fazer o que quiserem, emitirem o tipo de contrato de serviços que
quiserem sem serem molestados pelo governo. O povo continua sendo o escravo que
paga não só o que consome para se alimentar, como ainda para ser transportado,
morar, e sustentar os gastos da corrupção e do governo. Os critérios para
aferição de inflação, de produtividade, de educação e outros, são
constantemente adaptados para não mostrarem a realidade. Estamos deixando de
investir na produção. Nossa indústria não se atualiza, não se desenvolve.
Importamos tudo, até o que poderíamos fabricar aqui. Em poucos anos mais,
deixaremos de ser a sexta economia do mundo e logo deixaremos de ser a décima,
a vigésima, até que tudo mude novamente. Mas com o declínio de nossa economia,
menos impostos serão recolhidos. Os programas do governo encolherão. Precisamente
numa fase da economia mundial em que todos os países parecem voltar a crescer. Enquanto isso, o Nordeste continua seco, sem água, morre de sede meu gado, meu alazão.
A esquerda
ficará no governo enquanto houver capital, ainda imbuída de características de
heroísmo, cavalaria feudal e pirataria. Aliados ao dinheiro “colonial”, fácil, da
arrecadação de impostos, os atos de governo deixam de ser relevantes. A palavra,
para um povo carente de educação e cultura, consola, dá esperanças... O capital mantem no poder o comunismo verbalizado para "inglês ver". Nossa política é corrupta desde nascença, e isto tem que mudar.
Qual a
porcentagem média de pobres entre 1822 e hoje? O que mudou e o que mudará?
® Rui
Rodrigues
[ii] Não
publicarei estatísticas, embora este texto seja nelas baseado, por se tratar de
uma impressão geral. Para matemáticos eles têm um significado. Para o povo
comum, a importância é relativa. O texto é para todos.
[iii]
Era voz corrente que ele agia como se cheirasse pó (cocaína)... Ficou conhecido
como Fernandinho do Pó e cumprida a pena de afastamento, voltou à política. Seu
voto ainda conta no plenário onde a vida nacional se resolve.
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