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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Breve ensaio sobre a felicidade




Breve ensaio sobre a felicidade



Um dia ouvi dizer que não somos felizes: apenas temos momentos de felicidade e que somos mais ou menos felizes de acordo com a quantidade e a qualidade desses momentos felizes. Parece fazer sentido, mas não é pleno.

Disseram-me também que a felicidade é indiretamente proporcional ao conhecimento geral que temos, como se os imbecis fossem felizes apenas porque parecem ser ignorantes. Seria também quase que afirmar que todos os ricos são ignorantes, porque parecem sempre felizes. Pelo menos fora de casa ou entre amigos. Por esse prisma haveria quem fosse feliz apenas pela capacidade que tem de se “mostrar” feliz, mas neste caso, os mais felizes seriam os palhaços de circo. Não é o que dizem deles.

Algumas religiões dizem que a felicidade está em ir para o paraíso, mas ninguém sabe o que existe por lá e para isso teríamos que morrer primeiro. Não parece uma busca muito eficiente e adequada para buscar a felicidade de que falo: A do aqui e agora. O budismo diz que a felicidade está no nosso interior, e o catolicismo chegou a afirmar que ao nos desprendermos dos bens terrenos seriamos felizes, como se a felicidade estivesse na despreocupação dos que não têm dinheiro para se preocupar. Assim todos os pobres seriam felizes, e não é isso o que vemos. Para extremistas muçulmanos o paraíso os espera com sete virgens. Logo após serem defloradas, deixam de sê-lo e ficarão no paraíso com sete desvirginadas. Então nos perguntamos se extremistas femininas teriam no paraíso sete jovens mancebos virgens, mas se lhes perguntarmos certamente teremos uma resposta bem diferente.  

Prozac é uma das inúmeras substâncias químicas que bloqueiam enzimas em nosso cérebro que produzem sensação de desconforto, ou que produzem as enzimas que nos produzem boas sensações, as que nos trazem felicidade, e o sexo, que nos produz essas mesmas enzimas, é o assunto do momento, é a busca da felicidade do século XXI, uma forma barata de se sentir feliz, sem qualquer tipo de impostos ou taxas, sem pagar entrada. Há quem dance varias vezes por semana, e quem assista a filmes, ou fique sentado o dia inteiro em frente a um computador buscando a sua felicidade. Praia é uma forma de se adquirir felicidade praticamente grátis.

Sigmund Freud não era budista, mas descobriu que nossa felicidade aumenta quando estamos felizes com nós mesmos, e para isso temos que conhecer as razões de nossa identidade e que nos fazem ser como somos. Para isso é necessário quebrar a potência de nosso alter-ego, aquela parte de nossa identidade que nos restringe e censura o nosso ego, aquilo que realmente somos. Não raro o alter-ego é representado pelas ações de nossos pais em nossa formação de adolescentes e adultos.

Há sempre shows, exposições, degustações, festas, para as quais se pode arranjar convite. Há sempre uma nova amizade que surge de repente ou que podemos buscar. Podemos vencer a inércia que nos prende ao nada e voarmos para a felicidade de fazermos alguma coisa que gostaríamos de fazer: pintar, freqüentar uma universidade, ler, aprender, fazer sexo, ir à praia, juntar-se a uma entidade beneficente, defender uma causa, fazer artesanato, comprar frutas no supermercado e fazer compotas para guardar em casa. Aprender a cozinhar.

Se perguntarmos a alguém se é feliz, provavelmente chegaremos à conclusão que 90% da humanidade é feliz, mas quando ouvimos as pessoas em particular, vemos que não é bem assim. Há sempre uma tristeza latente em particularidades não resolvidas, metas não conseguidas, bens não adquiridos ou perdidos. Por vezes falta sexo, em outras o excesso de sexo é o grande problema.

Sabemos que a ambição nos tira todo o tempo que tempos, e que dedicamos a uma causa para a qual a nossa ambição está mais voltada. Por isso acredito que a felicidade está ao alcance de todos nós: Basta refrear um pouco a ambição e pensar em algo para fazer. Todos os dias!

Rui Rodrigues

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