Consciência do que somos.
Entre a realidade e o sonho,
vivemos nesta vida em comum com todos os reinos animais a nossa própria vida.
Nossa evolução em parte se
deve a um conceito mágico no qual nos fizeram acreditar: Que somos feitos à
semelhança de Deus. Não conhecemos Deus para fazermos tal afirmativa
inconseqüente, e os livros que dizem sagrados, originados de inspiração divina,
estão cheios de reconhecidas imperfeições que não condizem com a realidade. As
religiões, cuja função para o convívio das sociedades tanto se tem
mostrado benéfica quanto produtora de terríveis conflitos, reforçam este
conceito de semelhança.
Somos na verdade, e simplesmente, organismos vivos quase que perfeitamente adaptados à vida num planeta isolado e restrito. Com as características físicas que possuímos, não sobreviveríamos nem uns escassos segundos em nenhum outro lugar previsível deste imenso universo. Ora, Deus está em toda a parte. Não somos nem um pouco parecidos com Ele. Só precisamos ir a um vaso sanitário quando necessitamos fazer alguma coisa sólida e olhar o que nos sai das vísceras: é mal cheiroso, de aspecto repugnante. Deus não produz coisas assim em sua forma de existir.
Crentes de que somos
importantes, usamos perfumes, roupas trabalhadas por eminentes artesãos do
vestuário. Andamos em veículos em terra, no mar, nos ares, e nos orgulhamos de
uma civilização que construímos à custa de muitas mortes, matanças,
perseguições – muitas de cunho religioso – buscando apressadamente o futuro.
Nem nos damos conta de que o futuro virá quer queiramos ou não. E virá como
vier, não como queremos que venha. Nossa importância pessoal é apenas
1/7.500.000.000, tal é o total da população mundial.
Não somos importantes nem
como líderes de países, porque embora possamos mudar a história por décadas ou
séculos, a humanidade nos muda as nossas próprias mudanças, as mudanças que
fizeram esses líderes, e não nenhuma civilização do passado que hoje ainda
persista. Quando co-existem com a modernidade, constituem hoje países pobres,
ou em vias de desenvolvimento. Vale dizer que de quase nada adiantaram as
mudanças, porque se aproveita apenas o que deva ser aproveitado.
Estou crente que obteríamos um desenvolvimento muito mais sustentável e adaptável a este planeta se as decisões das sociedades partissem da vontade das próprias sociedades e não de lideres isolados. A vontade coletiva não oprimida traduz melhor e com mais realidade os desejos da humanidade. A humanidade quer progredir, evoluir, em causa própria e não em causas particulares das vaidades, obsessões ou ambição de meia dúzia de líderes.
Creio que estamos indo longe
demais em nos julgarmos os reis dos animais, porque em decorrência desse falso
conceito de uma similaridade com o divino, alguns de nós nos achamos os reis de
outras sociedades ás quais oprimimos de uma forma mais violenta ou mais suave,
em nome de progresso e desenvolvimento.
Mas basta voltarmos à
privada, e antes de darmos descarga, olharmos o que fizemos e cheirar... É
nauseabundo, e, ricos ou pobres, soltamos as mesmas cargas para dar descarga e
não deixar a casa com cheiro de carne putrefata. Assim temos uma dimensão mais
real e fiel do que somos. Entre nós e os animais apenas destoamos na
inteligência, que até o sangue e os órgãos são semelhantes, e para procriar,
usam-se os mesmos tipos de órgãos.
Fossemos um pouco mais
humildes, e não nos víssemos tão perto do Criador, talvez tivéssemos mais
dignidade a ponto de percebermos que o caminho para uma sobrevivência numa
sociedade geral humana que cresce de forma incontrolável, só pode ser
conseguida se compartilharmos a cooperação.
Explorados e enganados,
revoltam-se. No passado era relativamente fácil controlá-los, mas esse
crescimento desenfreado os torna tão numerosos que num futuro próximo eles
invadirão os bairros lindos e limpos cercados de jardins, cuidados por poucos
policiais que também são enganados e
explorados. Não haverá Banco seguro, templo seguro, lar seguro.
A menos que mudemos
substancialmente os nossos conceitos. E o tempo urge. Já perdemos milênios de
história da humanidade insistindo em formas de governo que não representam a
humanidade. São apenas formas de transição para uma democracia muito maior,
real, honesta, sustentável. .
Ou isso ou a destruição do
que conhecemos como humanidade.
Rui Rodrigues
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