Amor e sexo – E como em rio de piranhas
jacaré nada de costas.
Esta é uma história feita de
histórias de amor e sexo na zona do agrião. Devemos considerar, antes de ler,
que em rio de piranha, jacaré nada de costas. E “zona do agrião” significa que
é algo importante onde se decide a vida. É perto dos rios onde cresce o agrião
que existem piranhas e jacarés. Portanto, cuidado ao ler. Estas pequenas
histórias são fruto de informações recolhidas ao longo da vida e até mesmo de
experiências próprias, mas nada é mentira. Uso a descrição na primeira pessoa
para dar autenticidade.
Leia com moderação!
Eram os idos de 1970. As
beatas infestavam as sacristias e os conceitos de moral eram terríveis. Tudo
falso, mas tinham o seu poder. Recentemente ainda em 1968 as barricadas de Paris
tinham sido levantadas para mudar essa falsa moral. Os alunos das universidades
parisienses queriam, e conseguiram, que moças e rapazes pudessem visitar-se em
seus alojamentos, que os banheiros fossem compartilhados independentemente de gênero.
Alguns anos atrás, um amigo meu tinha sido obrigado a casar com a empregada por
tê-la engravidado. Suspeitava-se que o pai da criança fosse o próprio avô dele,
por ter sido o mais feroz defensor da moral naquela casa. O garoto tinha 14
anos e tiveram que emancipá-lo. Não havia ainda testes de DNA. Já com 25 anos,
eu não queria complicações nem ser responsável por abortos em minhas
companheiras de cama. Quando saía com mulheres casadas, ou aquelas “casuais” de
oportunidade, que queriam uma aventura fora do casamento, nunca me preocupava
com piranhas na zona do agrião e nadava de todos os modos naqueles rios de
corpos sedentos, mas quando se tratava de moças tinha meus cuidados. As
camisinhas de látex davam-me alergia e deixavam-me a cabeça inferior completamente
irritada e vermelha, em fogo... Lurdinha, que entendia das coisas do prazer,
ainda virgem, sempre me dizia sorrindo: - Isto aqui, é só para os trouxas!...(e
apontava para a sua zona pilosa do agrião)... E isto aqui, gostosa como ela só,
é para você... (e me apontava os glúteos fartos, redondos, carnudos).. Na
verdade, sempre tive o cuidado, como bom jacaré, de nadar de costas em rios
infestados de piranhas. Exceto uma vez!
Gilda era uma moça que há
poucos dias tinha feito 19 anos. Tinha um filho e era tarada. Logo nos
primeiros movimentos, levou minha mão para seu sexo e foi ajeitando, ela mesma,
os meus dedos para que entrassem mais. Relaxava... Meus dedos foram entrando
naquele mundo úmido como se fosse meu pênis. Cheguei a sentir um tesão como se
já estivesse dentro dela. Aos poucos a minha mão foi entrando, entrando, até
que estava toda dentro de sua vagina, e se não tivesse achado que poderia
machucá-la, teria subido até o útero. Cheguei a pensar que, depois daquele
ensaio, pouco poderia dar-lhe a mais de prazer, visto que meu membro não tinha
o comprimento da ponta do dedo até o pulso, nem a grossura da mão. Mas
enganei-me. Quando a penetrei, sua vagina contraiu e meu membro entrou por um
tubo perfeito, lubrificado, e viajamos ao céu em teco-teco, bem devagar, até
descermos de pára-quedas e aterrissarmos no paraíso. Quando se pôs de quatro e
baixou um pouco o chassi, adivinhei que me oferecia o outro túnel, aquele que
não era dos trouxas. Ainda fiz algumas viagens por essas águas infestadas de
piranhas, mas como bom jacaré, fui nadando para outras bandas do rio. Voltar a
casar nem pensar...
Quando namorei a Eugênia, em
1966, ela fazia de tudo. Eu também fazia de tudo. Não era raro que ela, com
aquelas belas pernas, de frente para o espelho, pintando-se, já vestida, voltasse
a despir-se para reiniciar a sessão de prazer como se nem tivesse começado. Um
dia, pela primeira vez, lambuzou-se na minha glande. Divertiu-se como se fosse
um gostoso sorvete. Lambeu-o de cima para baixo, dos lados, e por qualquer
processo descobriu que sentia prazer em engoli-lo até o talo, todo, até tocar a
sua glote. Tinha a garganta profunda. Sentia prazer nisso, e em dar-me prazer. Um
dia, depois que me separei, voltei a encontrá-la por puro acaso. Resolvemos
“voltar” a algo interrompido na juventude. Ficava em casa lendo, e todas as
segundas feiras voltava ao Rio para as suas atividades. Isto durou mais ou
menos uns três meses. Não cozinhava, não lavava, não fazia nada. Desaprendera
toda a arte de agradar e ser agradada. Queria boa vida. Eu também. Por isso um
dia partiu deixando até algumas roupas usadas. Não gostou de ouvir algumas
verdades. Esta zona do agrião é perigosa, quando se lida com o presente em
simultâneo com lembranças do passado. São grandes as decepções, e como bons
jacarés, devemos estar sempre atentos às armadilhas que nos aprontam e por
vezes começamos a aceitar, na zona do agrião.
Quando parei para abastecer
o carro num posto da Shell, atendeu-me uma bela mulher, loura, olhos azuis. O
lugar dela não era ali. Saltava aos olhos. Era muito evidente. No momento
conversava com meu engenheiro de obra sobre assunto importante, e ela me chamou
tanto a atenção, que não pude deixar de lançar-lhes uns olhares interessados.
Quando ela acabou e foi olhar o valor marcado na bomba, meu engenheiro
chamou-me a atenção:
- Você viu a moça? Estava
com o pescoço com a pele toda arrepiada. Essa mulher está interessada em você!
Quando ela voltou com a
informação de quanto era o valor a pagar, olhei-a nos olhos e no pescoço. Era
verdade. Estava com a pele como o amigo dissera, e perguntei a que horas sairia.
Seria às quatro e meia. Perguntei se poderia apanhá-la na saída. Disse que sim.
Levei-a para meu
apartamento. Como toda a nudez deve ser devidamente apreciada, fomos tomar um
banho quente porque era inverno. Ela primeiro. Esperou-me na cama. Deitei-me a seu lado e vi sua pele rosada, em
vários tons, mais rosados nos peitos, as pontas levantadas, indicando desejo.
Era uma mulher perfeita. Seus lábios estavam entreabertos, esperando tudo. Sua
aliança no dedo indicava que era casada. Não a tirara. Sinal de que não
pretendia uma conquista, mas sim um bom momento. Beijei-lhe os lábios, sua boca
com bom hálito. Nunca tinha deitado com nenhuma mulher que me despertasse tanto
desejo, nem procurei saber porquê. Talvez devesse.
Quando Leila saiu de meu
apartamento, seis horas depois, eu estava exausto. Pela primeira vez na minha
vida, tinha penetrado aquela mulher por seis vezes em seis horas. Leila era
única. Não quis que a levasse em casa. Entendi. Deixei-a num ponto de táxi. Não
quis que lhe pagasse a viagem. Também entendi.Passei a noite pensando que
logo pela manhã passaria no posto de gasolina para encontrá-la novamente. Mas
nesse dia, a piranha era eu, e ela o jacaré que em zona do agrião toma cuidado
e nada de costas. Fui ao posto pelo entardecer.
Já não trabalhava lá. Nunca
mais vi a Leila. Se a tivesse encontrado novamente, a borboleta do caos, cujo
vôo pode mudar o rumo das coisas no planeta, teria mudado minha vida e não sei
o que poderia ter acontecido. Mas o que aconteceu ficou-me gravado na memória.
Inesquecível.
Obrigado, Leila, onde quer que esteja agora.
Obrigado, Leila, onde quer que esteja agora.
Rui Rodrigues