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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Minha última árvore




                                                         Minha última árvore!


Estamos em 2012, e começa a segunda metade do ano. Estamos em Junho. Olhando para os mares, vê-se que barcos japoneses continuam a caçar baleias “para estudos” e certamente não lhes jogarão fora a carne. Aqui, num lugar onde oliveiras não costumam crescer, acabo de plantar uma muda. Já plantei bastantes árvores em minha vida. Já mataram muitas baleias pelos mares deste mundo. Juan Carlos, um desses reizinhos tradicionais que ainda vivem por aí às custas da vaidade de alguns povos, sem o poder de outrora, caçou elefantes, gnus, animais selvagens, gastando o dinheiro de seus “súditos” como se ainda houvesse súditos, num momento em que a Espanha está com 50% de sua juventude desempregada, 24% de desempregados, a Cruz Vermelha Internacional pedindo ajuda para 300.000 que precisam de alimentos. Muitos e muitos espanhóis plantam árvores e não somente oliveiras.

O terreno onde plantei a muda é arenoso, mas sei que a oliveira é resistente, e com terra adequada, com bastante húmus que substitui pela areia como base, vingará. Um vizinho já teve uma. Cortou-a porque não teve paciência e nem sabia que antes dos cinco anos, não produzem fruto. Baleias também têm um período longo para atingir o estágio adulto e depois de fecundadas demoram bastante para parir.

Baleias morrem. Reis morrem. Oliveiras morrem. Tudo passa. Plantadores de árvores também morrerão, e há muito que plantar. Plantaram muitos eucaliptos, mas poucas árvores de fruto. As ruas das cidades quando têm árvores não são de fruto. São para embelezar, porque não conhecem a beleza das árvores de alimentar. Esses não são plantadores de árvores.

Em perigo de extinção, deveriam preservar as baleias que têm expectativa de vida muito menor do que as oliveiras. Estas chegam a viver milênios. Darei um nome a esta minha oliveira. Chamar-se-á Jubarte. Nós, humanos, os caçadores de baleias e os reizinhos duramos menos, mas temos algo que as oliveiras e as baleias não têm: A história. Temos a história para nos contar sobre o que fizemos e o que fazemos. Parece que, em sabendo ler, pudéssemos aprender com as histórias antigas a construir uma história cada vez mais humana e melhor, mas quem faz a história, pescadores de baleias, reizinhos e plantadores de árvores que embelezam, não estão preocupados com a história. Plantadores de árvores de fruto não fazem história. Passam a vida a reclamar.

Diziam antigamente que do caos Deus fez os universos e que estes são a sua grande Obra. Os que não acreditam em Deus, dizem que esta é uma grande Obra. Ambos estamos certos. Esta é uma obra maravilhosa que parece estar retornando ao caos como se fosse um ciclo de um circulo. Ciclo não é, que Einstein, um plantador de idéias, já descobriu que não. Este Universo está fadado a continuar com ou sem plantadores de árvores, com ou sem reizinhos assassinos de vida selvagem, com ou sem pescadores de baleias.
Seguirá sem mim. Já segue sem muitos e todos os que já passaram. A imensa maioria nem faz parte dos livros de história. Por pouco o mundo estará para seguir sem micos-leão dourados, e já ficou sem dodôs, sem preguiças gigantes, sem mamutes e sem tigres dente de sabre. Até os enormes e poderosos dinossauros se foram. Que importaria para os pescadores de baleia, os reizinhos caçadores de vida animal, ou os plantadores de árvores que só embelezam, que a vida se acabe, a cada dia mais uma espécie?

Que lhes importa se um dia esta humanidade acabar por falta de espaço, por falta das espécies que fazem parte de um ambiente sustentável, por falta de árvores que alimentem, e de baleias? Que ordem se permite neste mundo ou que desordem satisfaz aos que fazem a história e constam dos livros por fazarem a história?

Minha esperança é que a oliveira, que pode viver mais de dois mil anos, continue a viver para me contar um dia, se houver oportunidade. Mas isso depende dos senhores que fazem a história. Poderíamos ser nós a fazê-la, mas lhes delegamos a representatividade.

Chamei-a de Jubarte. Poderia chamar-se humanidade com mais razão!

A menos que participemos das decisões na história. Já!

Rui Rodrigues

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